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OPINIÃO: Inconsistência da MotoGP faz Márquez virar monstro

Ações arriscadas e deliberadas marcaram atuação do espanhol no GP da Argentina do último domingo

Marc Marquez, Repsol Honda Team, Valentino Rossi, Yamaha Factory Racing crashes
Marc Marquez, Repsol Honda Team re starting the bike on the grid
Jack Miller, Pramac Racing
Start delayed
Valentino Rossi, Yamaha Factory Racing, race re start
Marc Marquez, Repsol Honda Team, Cal Crutchlow, Team LCR Honda, clearing grid
Marc Marquez, Repsol Honda Team
Marc Marquez, Repsol Honda Team
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Marc Marquez, Repsol Honda Team
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Marc Marquez, Repsol Honda Team, Valentino Rossi, Yamaha Factory Racing crashes

A cada final de semana surpreendendo mais, a MotoGP nos ofereceu na Argentina uma prova agitada e polêmica como poucas vezes se viu desde a criação do Mundial de Motovelocidade. Mas pior do que qualquer atitude dos pilotos, o principal problema foi a inconsistência da direção de provas frente às condições da corrida.

Vamos começar do início: em uma pista que secava, 23 dos 24 pilotos do grid “boicotaram” a largada da prova em Termas de Rio Hondo, foram para os boxes trocar de pneus e levaram o GP a uma situação bastante controversa e inédita. Afinal, o pole position Jack Miller – que como no treino foi o único a apostar nos pneus slicks mesmo com a pista molhada – sairia prejudicado com um novo procedimento de largada.

A situação era tão injusta que os comissários da FIM se viram na obrigação de fazer algo ao alcance para manter de alguma forma a vantagem do australiano, mas evitar a largada estilo motocross ocorrida na Alemanha em 2014, mesmo que isso significasse reescrever o regulamento em 15 minutos.

A verdade é que após aquele dia as regras dizem que “se dois ou mais pilotos tiverem que largar do fim do grid (como os 23 pilotos teriam, neste caso), terão de fazer isso respeitando a ordem na qual se classificaram”. Pensando nisso, os oficiais empurraram bizarramente o resto dos pilotos cinco filas para trás.

A cena dantesca (veja em fotos ao lado) deu uma frente de não mais que 0s5 ao pobre Miller, que havia apostado na estratégia correta, mas não usufruiu de sua merecida vantagem. Uma volta e cinco curvas depois da largada ele já não era mais o líder da prova. Enfim, não é preciso dizer que o regulamento de largadas vai precisar ser severamente revisado após o último final de semana para evitar gambiarras como esta.

Mas, mais do que qualquer procedimento de largada, Marc Márquez escancarou ainda mais a falta de critério dos comissários.

Voltamos ao GP de San Marino de 2012. Por quê? Porque esta foi a última corrida na qual um piloto deixou seu motor apagar antes de uma largada. Na ocasião, Karel Abraham sinalizou com os braços e a largada foi abortada (de acordo com a seção 2.13. do regulamento esportivo). À época ainda não existia o procedimento de largada rápida, o que significou o retorno dos times ao grid e cerca de dez minutos até o novo procedimento, quando o tcheco deixou seu motor morrer de novo. Desta vez, o piloto foi empurrado até o box e largou de lá, enquanto na pista a saída ocorreu normalmente.

Na Argentina em 2018, Márquez deixou seu motor morrer, e em vez de sinalizar, resolveu tentar fazer sua moto pegar no tranco com todos os concorrentes alinhados, atrasando a largada. Mas não foi só isso: em uma clara leitura labial se vê que Márquez foi orientado por um fiscal da IRTA (por sinal, o mesmo que tirou Abraham do grid em 2012) a ir ao pit lane. Mas o espanhol o ignorou, deu meia volta e retornou a seu posto no grid.

Além de andar no sentido contrário da pista, Márquez passou por cima de uma ordem e tomou a liberdade de adiar a largada frente ao resto. Tamanha infração e desrespeito já mereceria uma punição exemplar por se tratar de um momento de risco como é uma largada. Márquez teve sorte de não ser desclassificado e tomar só um ride-through. Sua ação foi antidesportiva frente a todo o resto do grid.

Mas, muito mais rápido que todos os pilotos durante o final de semana em Termas, o espanhol sabia que o tempo era seu inimigo após cair para 19º devido à punição, e se utilizou de uma agressividade muito maior do que a que lhe é habitual para se recuperar. Depois de não ser punido como deveria no início, não poderia haver outro resultado.

Em sua primeira ultrapassagem, sobre Aleix Espargaró, ele literalmente jogou sua moto em um espaço que não existia após a Aprilia número 41 fechar a tangência da curva 13 e tirou o compatriota da pista. Marc recebeu uma penalização que o obrigava a abrir mão de uma posição na pista, mas se recuperou e seguiu com seu forte ritmo. O piloto era entre 1s e 2s mais veloz do que os concorrentes que o rodeavam.

Mas as coisas acabaram mal de novo quando Márquez, no fim da prova, resolveu passar Valentino Rossi pelo sexto lugar em uma manobra similar, mais uma vez chegando muito mais veloz que o concorrente à mesma curva 13. Desta vez, ele provocou a queda do italiano – piloto com o qual tem uma história bem controversa.

Sobre o acidente, é importante que se diga: Márquez era muito mais veloz que Rossi, e poderia tê-lo passado duas curvas mais tarde, mas escolheu arriscar ali. Por quê? Pelo mesmo motivo que o fez desrespeitar a largada e jogar Espargaró fora da pista: a falta de uma punição exemplar.

Marc tomou três punições na mesma corrida. No futebol, por exemplo, dois amarelos no mesmo jogo vale uma expulsão ao jogador. Márquez recebeu três, com o primeiro sendo praticamente um carrinho por trás.

Apesar de sair sem pontos da Argentina após ter 30 segundos acrescidos em seu tempo de corrida, Márquez merece uma sanção mais exemplar, para que não faça novamente a a prova suja que fez Termas de Rio Hondo no último domingo. E uma penalização que não seja largar de último ou largar dos boxes. Falta de respeito pelos concorrentes e pela direção de provas é motivo para gancho, ainda mais sendo um piloto reincidente como é Márquez desde a Moto2.

A FIM, que estragou o campeonato de 2015 após não ser exemplar e desclassificar Valentino Rossi do GP da Malásia após o toque voluntário que fez Marc Márquez cair, tem uma oportunidade de agir certo desta vez. Na ocasião, teríamos uma decisão na pista de verdade em Valência, não a farsa a que assistimos.

Voltando a fazer o paralelo com o futebol, a MotoGP tem o hábito de deixar o lance seguir – o que muitas vezes faz as corridas ganharem brilho. Mas, desta vez, os oficiais têm de parar a partida e passar punir de uma vez por todas para não perder o controle dos rumos do jogo. Controle que foi perdido na Argentina. E assim, sem controle, corremos o risco de ver o mundial criando monstros.

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