Nesta semana, foi anunciada a saída de Reginaldo Leme do Grupo Globo após mais de 40 anos, deixando órfãos aqueles que cresceram acompanhando a Fórmula 1 e outras categorias com os comentários de um dos profissionais mais respeitados do mundo.
Nesta sexta-feira, em São Paulo, a Porsche Cup realizou treinos em Interlagos com a presença de Cacá Bueno, que também compete pela categoria no campeonato de endurance. Filho de Galvão Bueno, grande parceiro de 'Regi', Cacá comentou a saída do jornalista da emissora.
“Não é desmerecer nenhum talento, nem a capacidade dos jovens que estão comentando, que têm capacidades técnicas incríveis”, disse o piloto da Stock Car. “O Max Wilson fez comentários no SporTV, hoje temos o Felipe Giaffone e o Luciano Burti, todos ex-pilotos, com opiniões ou análises técnicas até mais precisas tecnicamente. Mas o Reginaldo é sinônimo de credibilidade dentro do comentário do automobilismo.
"Ele é uma figura emblemática e importantíssima para o nosso meio, representa a história da F1, sabe contar os bastidores, tem entrada nas grandes notícias, é muito cuidadoso. É de uma geração de jornalistas mais antigos que admiro, com uma responsabilidade com a notícia muito grande.”
“Do que o Reginaldo fala, a gente não duvida. Essa credibilidade, o automobilismo perde. Acho que temos perdido em quase todos os aspectos. Eu não sou jornalista, mas quase em todos os aspectos jornalísticos, quando lemos uma notícia sobre tudo, de automobilismo, de cultura, de política, de esportes, o Reginaldo era aquele cara que você tinha a confiança no que ele estava falando.”
“Eu sinto muito, acho que as corridas de F1 não serão mais as mesmas sem a opinião do Regi, sem a pincelada histórica da notícia dele.”
Cacá também tomou cuidado, ao elogiar Reginaldo, para não criticar a Rede Globo.
“Sabemos que o tempo passa e cada um tem seus motivos. Não entro no mérito da Globo, o porquê que fez isso, cada um tem seus motivos. Como piloto e praticante do automobilismo, eu sinto muito, de que tenha chegado esse tempo, que o Regi não vá mais estar lá comentando uma corrida de Stock Car ou de F1, com todo o acesso aos bastidores e o carinho que os bastidores têm com ele em todos os autódromos do mundo.”
Relembre bordões e frases 'imortais' de Galvão Bueno e cia
Clássico bordão do icônico narrador em referência ao tricampeão da Fórmula 1
No GP do Japão de 1991, em que conquistou seu terceiro título, o brasileiro entregou a vitória para seu companheiro austríaco Gerhard Berger, para loucura de Galvão
No GP da Hungria de 1986, a memorável ultrapassagem de Piquet sobre Senna, por fora, foi narrada de forma eufórica por Galvão
Verbalizada no GP da Europa de 1993, a cornetada foi para Michael Andretti, então companheiro de Senna. Enquanto o brasileiro brilhou, o norte-americano abandonou outra vez, dando sequência à má fase na F1. Andretti nem terminou a temporada
Narração épica da primeira vitória de Rubens Barrichello na F1, a primeira do Brasil em sete anos. Foi no GP da Alemanha de 2000. "Isso, Rubinho! Solta o cinto e levanta do carro! Ergue o seu punho, viva seu momento! Faça rolar suas lágrimas, porque elas são de alegria, mas são também de uma carreira muito sofrida, de muita gente que não acredita, de gente que tem o mau hábito de não respeitar o talento dos outros. Chega o momento de Rubens Barrichello. A vitória é sua, Rubinho!"
"É inacreditável. Olha, é inacreditável. Não há nenhuma necessidade de a Ferrari fazer isso". Foi assim que Cléber Machado definiu o fim do GP da Áustria de 2002. Um ano depois de a escuderia pedir para Barrichello entregar uma vitória ao alemão Michael Schumacher, que brigava pelo título em 2001, nova ordem obrigou o brasileiro a abdicar do triunfo de forma lamentável em 2002, quando Schumacher liderava com folga. Triste e inesquecível
O ocorrido na Áustria não apagou a marca registrada em homenagem a Rubinho, responsável pela última vitória brasileira na F1, na Itália, em 2009
No GP da Hungria de 2010, Schumacher tentou evitar ultrapassagem do brasileiro espremendo-o no muro. Mas Rubinho levou a melhor na batalha entre ex-companheiros de Ferrari. "O muro acabou na hora certa, gente, ele ia bater no muro. E olha que o Schumacher jogou ele na parede, amigo", definiu Galvão
Schumacher quebrou no GP do Japão de 1991. Galvão narrou: "Schumacher ficou para trás. Olha lá o Schumacher, a corrida acabando para ele. Fizeram [Benetton] a opção deles. Não quiseram mais o Piquet e o Moreno. Olha, com Schumacher e com Brundle, eles vão gastar dinheiro, viu? Eles vão gastar dinheiro na próxima temporada, porque o que eles [pilotos] batem não é fácil, e o que eles estouram de motor..."
Mais um clássico de Galvão, desta vez para Massa, último piloto brasileiro na F1
"Hamilton é campeão mundial. Na última curva". Triste e memorável narração no GP do Brasil de 2008, no qual Massa foi campeão por alguns segundos, até que o britânico ultrapassou Timo Glock para conquistar seu 1º título, ainda com a McLaren
Mesmo quem não gosta de F1 já deve ter ouvido este clássico
Bordão do narrador para situações de chuva forte
Mais um bordão de Galvão para situações de chuva na F1
Max Verstappen venceu o GP da Áustria de forma impressionante neste ano. Depois ultrapassar a Ferrari do alemão Sebastian Vettel, o holandês fez um "gol da Holanda", como definiu Luis Roberto
Bordão elogioso de Sérgio Maurício (à direita), mais um narrador de automobilismo do Grupo Globo
Marca registrada do narrador da Fox Sports, que sempre emprega o bordão para decretar o vencedor das corridas
"Passa Tony, passa Tony, passa Tony, passa Tony, passa Tony. Não perde mais, Tony Kanaan!" Na versão feliz do 'hoje não, hoje sim', Téo José viu Max Papis ter pane seca para delegar ao brasileiro Tony Kanaan sua primeira vitória na Indy, na US 500 de 1999
"Sabe por quê? Vai dar bandeira amarela, e o Emerson está na frente. Ganhou o Brasil! Ganhou o Brasil! Espetacular! Uma vitória que vai ficar para a história de todos nós!". Foi assim que o saudoso narrador definiu a primeira vitória de Emerson Fittipaldi nas 500 Milhas de Indianápolis, em 1989
O ex-narrador de Speed e Fox Sports tem um jeito característico após o comando de ligar os motores nas provas da NASCAR. Além dele, ficou famoso também o "Bandeira verde!", anunciando o início de cada prova da maior categoria do automobilismo norte-americano.