Vitória de Derani prova que há vida para o Brasil fora da F1
Êxito de Pipo Derani no mundo do Endurance abre possibilidade para jovens pilotos brasileiros buscarem mesmo caminho, mostrando que é possível construir uma carreira de sucesso sem passar pela Fórmula 1
“Creio que a Tequila Patrón ESM encontrou uma estrela… ...Pipo Derani, guardem este nome. Vocês ainda vão ouvir muito sobre ele.”
As palavras acima foram ditas nos instantes finais da edição 2016 das 24 Horas de Daytona – na transmissão norte-americana – vencida pelo carro #2, da equipe Tequila Patrón ESM, que tinha como pilotos Scott Sharp, Ed Brown, Johannes Van Overbeek e Pipo Derani. O brasileiro, que atuou com a segurança e a precisão de um veterano logo na estreia em Daytona, foi quem guiou o Ligier JS P2 Honda no trecho final da prova, tendo a honra de receber a bandeira quadriculada.
O resultado obtido por Derani é o prêmio de um trabalho que vem sendo realizado com afinco pelo brasileiro, que após participar das duas últimas etapas da European Le Mans Series em 2014 e subir ao pódio na primeira participação, conseguiu uma vaga na G-Drive para disputar a temporada 2015 do Mundial de Endurance na classe LMP2. O trio de Derani, que tinha Ricardo González e Gustavo Yacamán, terminou o ano em terceiro lugar na divisão.
O desempenho em 2015 credenciou Derani, que tem apenas 22 anos, a um lugar na Tequila Patrón ESM para a temporada 2016 do WEC, também na classe LMP2. Antes da abertura do campeonato, no entanto, vieram a vitória e os elogios à performance do piloto em Daytona.
Apesar de não ser o primeiro brasileiro a se aventurar com sucesso no mundo do Endurance, vale destacar algumas diferenças da empreitada de Derani quando comparada às dos demais brasileiros que optaram pelo caminho das corridas de longa duração.
Outros pilotos já tiveram muito sucesso no Endurance, a começar por Raul Boesel, campeão do Mundial de Protótipos em 1987, com a Jaguar. Os exemplos mais recentes são Christian Fittipaldi, atual bicampeão do WeatherTech United SportsCar, e Lucas di Grassi, mais do que consolidado na Audi, equipe que disputa a divisão principal do WEC, a LMP1.
O que diferencia Derani deles, então? Tanto Boesel quanto Fittipaldi e di Grassi se aventuraram pela Fórmula 1 – os dois primeiros também andaram na Indy – antes de se dedicarem às corridas de longa duração. O piloto da Tequila Patrón ESM até pilotou monopostos, chegando a disputar a Fórmula 3 Europeia, mas migrou para o Endurance. Quando entrevistado pelo Motorsport.com Brasil, Derani se mostrou feliz com a mudança, dizendo ter encontrado uma “casa” nas corridas de longa duração.
Aos 22 anos, o piloto tem uma longa carreira pela frente e demonstra potencial para se tornar um dos grandes nomes do Endurance. O sucesso de Derani prova que há vida além da F1 e que não é necessário passar pela categoria para ser um piloto realizado – pensamento dominante por aqui, devido aos êxitos de outrora – e pode servir de exemplo para jovens que ainda buscam um lugar ao sol.
O automobilismo é um esporte caro e a F1, cada vez mais custosa e ávida por pilotos pagantes, demanda um grande esforço financeiro. Muitos ficam pelo caminho devido a este fator e acabam retornando ao Brasil para correr em categorias nacionais ou desistem da carreira. A escolha de Derani – além de ter sido a salvação da carreira de piloto, como ele mesmo disse quando entrevistado pelo Motorsport.com Brasil – pode abrir um novo leque de oportunidades aos jovens pilotos brasileiros que sonham em brilhar nas pistas.
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