A favor dos cockpits fechados, Wurz relembra acidente
Há dez anos, austríaco escapava de grave batida em Paul Ricard no qual saiu ileso. Ao Motorsport.com, o piloto que é o atual presidente da GPDA falou sobre a questão da segurança na F1
Alexander Wurz teve sorte ao escapar sem qualquer ferimento de acidente em Paul Ricard, na França em 2005, quando o pneu traseiro de sua McLaren MP4-20 explodiu na primeira chicane do circuito.
Sem tempo de reação, Wurz se chocou contra as barreiras, antes de rodar na área de escape e bater em outra parede. Surpreendentemente ele não se feriu.
"Aparentemente foi a maior velocidade de impacto - mais de 300 km/h - em que um piloto saísse ileso", disse Wurz ao Motorsport.com.
Nas últimas semanas muito se falou sobre pneus na Fórmula 1, na esteira das críticas que a Pirelli recebeu no GP da Bélgica. Mas Wurz está consciente de que as falhas dos pneus não são um fenômeno novo e foi uma das razões de seu acidente.
"Me lembro daquele momento, em que participava de testes, no ponto alto da guerra de pneus da categoria. Eu tinha de 10 a 15 sets de pneus para escolher para o Canadá e acabei pegando aquele que estourou."
"Sabia que poderia bater o recorde da pista naquela volta, depois de ter feito isso pela manhã, mas estava lento. Quando passei pela linha de chegada/largada é que comecei a acelerar forte.
"Naquela época, os pneus podiam andar somente em uma direção. Por alguma razão, o pessoal de marketing da Michelin decidiu mudar a posição dos logos e a especificação dos pneus foi produzida de acordo com esse direcionamento."
"Mas o adesivo que indicava a posição caiu antes que fosse montado, por isso ele acabou sendo colocado do lado errado do carro. Assim que recebeu toda carga de velocidade, o pneu entrou em colapso."
"Não tive chances de reagir e as coisas aconteceram de forma muito rápida. Depois do primeiro impacto, tentei frear, mas até então o carro não tinha reação na frente, de modo que os freios não funcionaram."
"Então estava rodando em direção ao muro, mas sem freio e estava preocupado com minhas pernas, que estavam expostas, além de não querer bater minha cabeça. Por sorte, estava bem."
"O carro foi destruído e não pôde ser reparado. Então meu teste tinha terminado. Fui para casa e fiquei praticando kite surf no dia seguinte."
Esforço sem parar
Wurz hoje é o presidente da Grand Prix Drivers Association (GPDA) e está envolvido na promoção e melhora da segurança na Fórmula 1 e em outras categorias de alto nível no mundo.
Ele está ciente de que o perigo nunca será removido das competições, mas diz que é importante que o esporte evolua:
"Batidas acontecem e o esporte a motor é perigoso", explicou. "Acho que todos que aceitam entrar num carro sabem disso. Caso não, é melhor parar de correr."
"Mas, como na indústria aeroespacial, temos que reduzir a probabilidade de falhas. É por isso que você precisa de gestão de crises adequadas à evolução dos projetos."
Mantendo carros rápidos
Wurz está confiante de que a FIA fará tudo o que for possível para melhorar a segurança, mesmo que seja difícil deixar todos os pilotos felizes.
"Não dá para ficar feliz com tudo, mas estamos satisfeitos com o que está acontecendo", disse.
"Pedimos urgência às pessoas que estão envolvidas nisso e que usem todo seu conhecimento."
"Os fãs não deveriam pensar que os pilotos são covardes por quererem carros mais seguros. Não é o caso, mas ser rápido está no DNA da Fórmula 1 e você tem que resolver esse tipo de problema, em que não seja necessário diminuirmos a velocidade dos carros para a melhoria da segurança."
Cockpits Fechados
A morte de Justin Wilson rendeu discussões sobre o uso de cockpits fechados, com a FIA tentando produzir testes já com o novo conceito. A opinião divide o paddock da Fórmula 1, mas Wurz não fica em cima do muro:
"Sou fã da ideia de cockpits fechados, mas tenho que confiar na experiência de quem pesquisa sobre isso."
"Espero que os tradicionalistas, que são comuns no automobilismo, aceitem que o esporte evolui e que já percorremos um longo caminho para fazer os carros mais seguros do mundo."
"Mas ainda podemos fazer melhor, o que é bom para o esporte e bom para a indústria automotora. E se tivermos cockpits fechados, tenho certeza de que manteremos os carros da F1 os mais legais e mais sexys do mundo".
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