ANÁLISE F1: Como Hamilton está ajudando a moldar carro da Ferrari de 2026
Depois de um início de temporada difícil com a equipe, heptacampeão espera trabalhar com a Scuderia para produzir um carro que seja mais adequado ao seu estilo de pilotagem


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Em Silverstone, a Fórmula 1 chegou à metade da temporada, um momento ideal para fazer um balanço inicial entre presente e futuro, tendo em vista uma das maiores revoluções técnicas da história do esporte. Duas dimensões que inevitavelmente se entrelaçam: o presente e o futuro parecem distantes, mas estão ligados por um fio de continuidade, experiência e desenvolvimento.
Na Ferrari, essa ligação toma forma na necessidade de desbloquear uma temporada que até agora ficou aquém das expectativas iniciais e no conhecimento de que o trabalho realizado hoje e nos próximos meses estabelecerá as bases para o carro de 2026. É claro que o desenvolvimento não está em um estágio avançado, mas é uma fase delicada, na qual as escolhas básicas de design são definidas.
Como em toda nova aventura, na metade do caminho chega a hora de fazer um balanço não apenas para melhorar a situação imediata, mas para começar a moldar o futuro não apenas tecnicamente, mas também como um método de trabalho. Cada piloto traz consigo uma riqueza de experiência que pode se tornar um recurso valioso, especialmente se vier de uma equipe que está no topo há anos.

Lewis Hamilton, Ferrari
Foto de: Simon Galloway / LAT Images via Getty Images
Resolvendo inconsistências do carro atual
O 2025 de Hamilton tem sido inconsistente até agora, em parte devido a uma conexão com o carro que nunca aconteceu de fato, com raras exceções. E é justamente a partir dessas limitações, tanto técnicas quanto em termos de sentimento, que o sete vezes campeão mundial está tentando construir uma contribuição para a Ferrari de 2026, falando abertamente sobre o desejo de infundir o próprio "DNA" no projeto.
Algumas das questões críticas decorrem de características estruturais do monoposto, as quais devem ser identificadas para encontrar desempenho. Outras estão mais relacionados a detalhes que surgem na fase de adaptação a um novo contexto. É um processo comum, como aconteceu com Carlos Sainz na Williams e Nico Hulkenberg na Sauber, que pediram modificações na direção hidráulica e no acelerador.
Justamente a direção hidráulica é um dos aspectos em que Hamilton se concentrou desde os primeiros testes. Além do que surgiu após Silverstone, que também poderia ser um problema ligado à necessidade de redesenhar a direção hidráulica após a mudança no layout da suspensão, o britânico solicitou intervenções específicas, ditadas por necessidades pessoais e de adaptação que só surgem com o trabalho na pista.
É importante distinguir entre problemas estruturais, que afetam ambos os pilotos, e necessidades subjetivas, relacionadas ao sentimento individual. O ajuste da direção, em particular, é um aspecto muito pessoal: cada piloto tem suas preferências, que tendem a surgir especialmente quando se troca de equipe e se experimenta forças laterais na pista.

O volante da Ferrari
Foto de: Ferrari
Esses detalhes se somam às dificuldades inerentes ao SF-25, um carro que muitas vezes é difícil de equilibrar. É por isso que Leclerc recorreu a soluções extremas em termos de configuração, especialmente na forma como explora a parte dianteira e como consegue compensar a traseira. Hamilton tentou diferentes direções para se adaptar, algumas mais eficazes, outras menos e começou a convergir para algumas das escolhas do monegasco.
"Charles e a equipe encontraram uma maneira de fazer o carro funcionar. Tentei todas as outras direções que, em teoria, deveriam funcionar, mas por algum motivo não funcionaram. Então, pouco a pouco, fui me aproximando cada vez mais da maneira como Charles ajusta o carro", disse Hamilton. Variar em direção a algo que funciona também significa ter áreas mais claras para trabalhar no futuro.
"A semana passada [na Áustria] foi a que eu mais me aproximei e nosso ritmo de corrida também foi o mais próximo, mas ainda é difícil. É um equilíbrio complicado e a pilotagem não é confortável", acrescentou. As mudanças, no entanto, estão aumentando a velocidade na classificação, onde ele reduziu a diferença para o companheiro de equipe, enquanto no ritmo de corrida, quando a aderência dos pneus diminui, surgem mais dificuldades.
No entanto, ainda há problemas críticos que não podem ser resolvidos apenas com a configuração, como a sensação nas curvas rápidas, onde Hamilton teve dificuldades o ano todo. Uma instabilidade com a qual é preciso saber conviver e que, para o britânico, surge especialmente em curvas rápidas com um raio pequeno, onde é preciso confiança e trabalho no volante. Não é por acaso que Hamilton citou a estabilidade como um dos aspectos a serem melhorados, tanto agora quanto no futuro.

Lewis Hamilton, Ferrari
Foto de: Sam Bagnall / Motorsport Images via Getty Images
"Charles tem trabalhado com um carro um pouco mais inclinado e essa abordagem tem funcionado bem. Lewis também se moveu recentemente nessa direção e está conseguindo fazer isso funcionar. Acho que é uma consequência dos regulamentos atuais, vemos instabilidade na entrada das curvas. Esses carros são nervosos, e os pilotos precisam, pelo menos em parte, saber conviver com isso', disse Jerome D'Ambrosio, vice-chefe da Ferrari.
Há problemas específicos relacionados ao projeto que também limitam Leclerc, como dificuldades na parte dianteira em seções lentas. Quanto mais longa for a curva e quanto maior for a varredura exigida, mais o SF-25 tende a sair de dianteira, Em curvas mais fechadas, alguns desses problemas ficam mascarados, como foi visto na Áustria. Isso torna difícil encontrar um compromisso de equilíbrio ideal.
Encontrando uma 'janela de operação' maior
Alguns aspectos podem ser aprimorados no curto prazo, outros levam tempo, também com vistas a 2026, em que a meta não é necessariamente seguir uma direção específica, mas ter mais margem operacional. Por exemplo, desde o início do ano, Hamilton tem destacado pontos críticos nos freios e no freio motor, que foi considerado muito agressivo. Na Mercedes, por outro lado, ele era mais suave: uma diferença que não pode ser compensada com um simples ajuste no volante, especialmente para um piloto que gosta de levar o freio para as curvas.
No desenvolvimento de um novo monoposto, os engenheiros sempre buscam o desempenho no nível do projeto, a fim de atingir as metas estabelecidas de carga e resistência. É também por isso que os carros não são criados em torno de um piloto, cuja contribuição está mais relacionada a áreas em que eles gostariam de ter mais espaço de manobra, temas que, a partir de sua experiência, tornam-se indicadores e pistas para o futuro.

Lewis Hamilton, Ferrari
Foto de: Andy Hone/ LAT Images via Getty Images
E é aqui que Hamilton está tentando dar o "seu" DNA à Ferrari de 2026, não apenas em um nível técnico, mas também em termos de trabalho. É preciso levar em conta que, devido ao cronograma apertado, os pilotos de fábrica costumam testar o monoposto do ano seguinte bem tarde no simulador, a menos que se trate de uma mudança radical nos regulamentos. Nesses casos, o feedback pode vir mais cedo, só que mais em tópicos gerais do que em detalhes.
"Nós ouvimos as indicações dos pilotos. Não de um piloto, mas de ambos. Na verdade, é curioso porque, durante as reuniões da fábrica, muitas vezes os pilotos chegam a solicitações muito semelhantes, digamos, em um nível conceitual, sobre o que precisam do carro", disse D'Ambrosio durante o fim de semana em Silverstone.
"Tentamos levar isso em conta. Obviamente, há uma parte do desenvolvimento que é simplesmente trazer um pacote que maximize o downforce e o desempenho, mas também há muitas coisas que podem ser feitas para dar aos pilotos as ferramentas e as condições certas para trabalhar e garantir que eles possam pilotar o carro, adaptando-o o máximo possível ao seu estilo", explica.
"Há duas fases, mas não acho que elas estejam completamente desconectadas. Em geral, há um equilíbrio geral no carro que gera desempenho. E depois há uma segunda fase composta de detalhes, sobre o que o piloto pode precisar, e nessa fase você tem absolutamente que ouvi-lo", finaliza.
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