Análise: o que a primeira semana de testes da F1 em Barcelona nos mostrou?
Após o final da primeira semana de testes da Fórmula 1, separamos alguns indicativos que chamaram a atenção no paddock sobre a performance das equipes
Após o final da primeira semana de testes da Fórmula 1 em Barcelona, é hora de fazer uma primeira avaliação dos dados saídos dos três primeiros dias de carro na pista. Obviamente, ainda é muito cedo para tirar conclusões já que apenas no GP da Austrália que veremos a realidade da temporada. Mas o que vimos essa semana já podem dar algumas indicações sobre o que esperar da F1 em 2020...
No paddock de Barcelona, o grande tópico foi o novo Sistema de Direção da Mercedes, chamado de Direção de Eixo Duplo. O dispositivo, que permite aos pilotos ajustarem o ângulo dos pneus dianteiros através do volante do carro, foi à pista pela primeira vez na quinta-feira e dominou as discussões, com equipes questionando a legalidade e a segurança da inovação (veja abaixo vídeo completo explicando a polêmica novidade). Mas a FIA não demorou muito para se manifestar, garantindo que o DED havia sido aprovado e havia sido projetado dentro dos limites do regulamento técnico.
A conversa sobre o DED aparentemente não afetou muito a Mercedes, que acabou sobrando em Barcelona em dois quesitos essenciais quando falamos de testes de pré-temporada: voltas rápidas e voltas completadas. Veja na tabela abaixo os números de cada um dos 21 pilotos que foram à pista essa semana:
Posição | Piloto | Equipe | Melhor Volta | Dia da Volta | Composto | Voltas Completadas |
1 | Valtteri Bottas | Mercedes | 1min15s732 | Dia 3 | C5 | 221 |
2 | Lewis Hamilton | Mercedes | 1min16s516 | Dia 3 | C5 | 273 |
3 | Kimi Raikkonen | Alfa Romeo | 1min17s091 | Dia 2 | C5 | 134 |
4 | Esteban Ocon | Renault | 1min17s102 | Dia 3 | C4 | 190 |
5 | Lance Stroll | Racing Point | 1min17s338 | Dia 3 | C4 | 168 |
6 | Sergio Pérez | Racing Point | 1min17s347 | Dia 2 | C3 | 203 |
7 | Daniil Kvyat | AlphaTauri | 1min17s427 | Dia 3 | C4 | 178 |
8 | Antonio Giovinazzi | Alfa Romeo | 1min17s469 | Dia 3 | C5 | 231 |
9 | Max Verstappen | Red Bull | 1min17s516 | Dia 1 | C3 | 254 |
10 | Daniel Ricciardo | Renault | 1min17s574 | Dia 3 | C4 | 190 |
11 | Pierre Gasly | AlphaTauri | 1min17s783 | Dia 3 | C4 | 206 |
12 | Carlos Sainz Jr. | McLaren | 1min17s842 | Dia 1 | C3 | 237 |
13 | Alexander Albon | Red Bull | 1min17s912 | Dia 2 | C2 | 217 |
14 | Sebastian Vettel | Ferrari | 1min18s154 | Dia 2 | C4 | 173 |
15 | George Russell | Williams | 1min18s168 | Dia 1 | C3 | 189 |
16 | Charles Leclerc | Ferrari | 1min18s289 | Dia 1 | C3 | 181 |
17 | Romain Grosjean | Haas | 1min18s380 | Dia 3 | C3 | 206 |
18 | Nicholas Latifi | Williams | 1min18s382 | Dia 1 | C3 | 135 |
19 | Robert Kubica | Alfa Romeo | 1mn18s386 | Dia 1 | C3 | 59 |
20 | Lando Norris | McLaren | 1min18s454 | Dia 3 | C3 | 186 |
21 | Kevin Magnussen | Haas | 1min18s466 | Dia 1 | C3 | 110 |
Mesmo com toda a polêmica envolvendo seu novo sistema de direção, a Mercedes passou a impressão de manter sua invencibilidade em 2020. Líder da primeira semana, Valtteri Bottas fez um tempo apenas 0s3 acima da sua pole position em Barcelona no ano passado, usando o composto mais macio da Pirelli.
Os tempos caíram drasticamente em comparação com a pré-temporada de 2019. No ano passado, Sebastian Vettel fechou os oito dias de teste com o melhor tempo, 1min16s221. Bottas foi o único a abaixar esse tempo, por enquanto, mas já conseguiu por cerca de meio segundo. Porém, é muito provável que os tempos caiam ainda mais na próxima semana.
Veja imagens da semana em Barcelona:
Uma das principais rivais da Mercedes, a Red Bull fez uma semana mais conservadora, apostando mais em adquirir quilometragem com o novo carro ao invés de buscar voltas rápidas. Não é a toa que o melhor tempo de Max Verstappen, o mais rápido dos dois pilotos da equipe, foi quase dois segundo acima da volta de Bottas.
Por outro lado, a performance da Ferrari fez acender a luz de atenção dentro do box da equipe. Mesmo antes do final da semana em Barcelona, o chefe da equipe, Mattia Binotto, já havia falado à imprensa que o SF1000 estava mais lento que Mercedes e Red Bull. Soma-se isso aos tempos relativamente baixo dos dois pilotos, além do problema com o motor que Vettel teve na sexta-feira.
Mas os grandes destaques ficam para as equipes do pelotão do meio, que indicam não apenas terem melhorado, mas que estão mais colados que nos anos anteriores. Apenas 1s3 separam o melhor tempo de Kimi Raikkonen, em terceiro, do melhor tempo de Kevin Magnussen, em 21º. Com essa proximidade, fica difícil de fazer uma previsão sobre quem poderá se sobressair na disputa do cobiçado título de "melhor do resto".
Entre as surpresas dessa primeira semana, a Racing Point pode ser considerada a maior delas. Após apostar em um carro muito parecido com a Mercedes de 2019, inclusive ganhando o apelido de "Mercedes Rosa", a equipe de Lawrence Stroll mostrou uma forte performance, fechando a semana com seus dois pilotos em quinto e sexto, respectivamente.
A Alfa Romeo também teve uma primeira semana interessante, sendo a terceira equipe com o maior número de voltas completadas, atrás apenas da Mercedes e da Red Bull (veja tabela abaixo), e com Kimi Raikkonen tendo fechado o segundo dia de testes na liderança com uma volta que lhe garantiu o terceiro lugar geral da semana.
Posição | Equipe | Voltas Completadas |
1 | Mercedes | 494 |
2 | Red Bull | 471 |
3 | Alfa Romeo | 424 |
4 | McLaren | 423 |
5 | AlphaTauri | 384 |
6 | Renault | 380 |
7 | Racing Point | 371 |
8 | Ferrari | 354 |
9 | Williams | 324 |
10 | Haas | 316 |
Outra equipe que deve ter comemorado bastante a primeira semana é a Williams. Em 2019, a equipe perdeu os primeiros dois dias e meio de testes porque o carro não havia ficado pronto. Era um sinal daquela que se tornou a pior temporada da equipe em sua história na F1, com apenas um ponto conquistado.
Já em 2020, a situação foi muito diferente, com o carro sendo o primeiro a ir para a pista no primeiro dia, além de tempos que deixaram os pilotos da Williams no meio do pelotão. Mas, para uma equipe em momento de recuperação, os objetivos de Claire Williams são, de certo modo, ambiciosos. Lutar por uma vaga no Q2 é algo que pode sim ser atingido pela equipe, mas buscar uma posição de pontos em todas as corridas já é bem mais complicado, ainda mais com a aproximação de todas as equipes do pelotão do meio.
Indo mais especificamente para os motores, a Mercedes manteve seu papel como uma equipe que busca quilometragem nos testes de pré-temporada. A montadora alemã fechou a primeira semana com 5525 quilômetros corridos, entre a equipe oficial e as clientes, o que equivale a pouco mais de 18 GPs corridos em três dias.
Na sequência vem a Ferrari, com 5083 km, Honda com 3980 km e Renault fechando a tabela com 3738 km. Mas é preciso lembrar que enquanto Ferrari e Mercedes fornecem motores para outras duas equipes além de suas próprias, as unidades de Honda e Renault estão presentes em apenas duas equipes.
As atividades de pista serão retomadas na próxima quarta-feira, dia 26, e vão até sexta, 28. Além do programa já esperado pelas equipes, com testes de novas peças e aerodinâmica, simulações de corrida, além de voltas rápidas, já está confirmado também que a Pirelli testará com as equipes um novo protótipo de pneus específico para o GP da Holanda. O anúncio foi feito na sexta-feira pela empresa italiana, que justificou o desenvolvimento do novo modelo de pneu devido à curva inclinada existente no Circuito de Zandvoort.
VÍDEO: Entenda tudo sobre o polêmico volante da Mercedes 2020
PODCAST #030 - A expectativa para a pré-temporada 2020 da F1
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