ANÁLISE: Entenda tudo que levou à punição a Hamilton no GP da Itália
Motorsport.com destrincha todos os aspectos da penalidade imposta ao piloto da Mercedes em Monza
O GP da Itália de Fórmula 1 foi uma das melhores corridas do ano, com Pierre Gasly conquistando uma surpreendente vitória para AlphaTauri à frente de Carlos Sainz, da McLaren. Entretanto, o momento decisivo que desencadeou a surpresa em Monza veio quando o líder Lewis Hamilton recebeu uma penalidade stop and go de 10 segundos por fazer uma parada para troca de pneus quando o pit lane estava fechado.
Essa violação é considerada séria e tirou Hamilton da disputa por uma vitória que parecia bem encaminhada para o piloto da Mercedes. Por isso, o Motorsport.com examina o pano de fundo do incidente que mudou a corrida.
Por que o pit lane foi fechado?
Kevin Magnussen, da Haas, teve que parar seu carro em função de problemas no motor após 17 voltas. O piloto encostou a máquina na saída da curva Parabolica, imediatamente anterior à reta de Monza. A entrada do pit lane era logo à frente.
Depois de Magnussen encostar a Haas próxima às barreiras do lado direito da pista, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) sentiu que a melhor opção era empurrar o carro de volta para os boxes.
Com os fiscais de pista potencialmente expostos durante o processo de recolher a Haas, o diretor de provas da F1, Michael Mais, decidiu que a melhor opção era fechar o pit lane e introduzir o safety car.
Mas por que o carro de Magnussen não foi puxado para trás das barreiras?
Safety Car
Photo by: Charles Coates / Motorsport Images
Quando Magnussen parou, ele estacionou o carro deliberadamente perto de uma abertura no guard rail, à direita. Parecia lógico que o carro fosse simplesmente puxado pelo buraco enquanto bandeiras amarelas tremulassem apenas naquele local.
No entanto, Masi explicou que a abertura do guard rail não era realmente grande o suficiente para os carros passarem. Segundo ele, o vão está lá apenas para permitir o acesso fácil à pista em caso de acidentes.
"Algumas das aberturas são para veículos, outras são apenas postos de controle. O carro não passaria naquela área. Portanto, a única solução segura para remover [o carro de Magnussen] era empurrá-lo para o pit lane porque não havia outra abertura acessível”, afirmou Masi.
Que aviso Hamilton e Mercedes receberam?
Quando o pit lane foi fechado e o safety car acionado, Hamilton já estava bem perto da área da Parabolica. Quando ele passou pela curva, duas luzes vermelhas indicando o fechamento do pit lane piscaram do lado esquerdo da pista. Segundo a direção de prova, aqueles são os postos de sinalização regulares. A localização dos faróis é destacada para equipes antes dos eventos, então Mercedes e Hamilton deveriam estar cientes de sua localização.
"O mapa que indica tudo isso é distribuído a todas as equipes nas anotações do evento e faz parte do diagrama do pit lane. Também está nas anotações do diretor de prova, que são usados nos encontros com os pilotos”, explicou Masi.
Além disso, existem dois outros sistemas de alerta para ajudar as equipes em tais circunstâncias. O software que as equipes usam para monitorar as mudanças de pista mostra a área do pit lane em vermelho e há uma notificação nas páginas oficiais de cronometragem.
Como Hamilton e Mercedes não perceberam tudo isso?
O fechamento do pit lane nessas circunstâncias é uma prática bastante comum. A última vez que ocorreu de tal forma foi no GP do Brasil de 2016. Hamilton admitiu que não viu os sinais de pit fechado pois seu foco estava no lado direito da pista, onde estava o carro da Haas.
Mapa de entrada do pit lane em Monza
Photo by: FIA
A Mercedes, na fração de segundo em que teve que reagir ao safety car, também não notou as mudanças no sistema de software e nem na cronometragem. Como disse o chefe da equipe, Toto Wolff: "Vimos naquele último minuto. Um dos estrategistas gritou no rádio enquanto estávamos (Hamilton) entrando no pit lane. Houve confusão, porque você se prepara para o pit stop para ficar bom.”
“Todos no pit lane, inclusive eu, estávamos olhando para isso e ninguém olha a página da cronometragem. Não pudemos ver os sinais e esta é apenas uma sequência de eventos que ferraram a corrida de Lewis. Não estou feliz, mas você tem que aguentar.”
Hamilton recebeu permissão para falar com comissários durante a bandeira vermelha?
Inicialmente, o piloto teve a forte impressão de que não recebera nenhum sinal informando que o pit lane estava fechado. Por isso, quando a corrida foi interrompida para reparos na pista após o acidente de Charles Leclerc, da Ferrari, Hamilton foi ao encontro dos comissários.
Estes mostraram ao piloto que os dois painéis de sinalização à esquerda da Parabolica indicavam o fechamento do pit lane quando Hamilton passou pelo setor. O hexacampeão aceitou a decisão e voltou para o grid.
Entretanto, a ida do piloto até a sala dos comissários foi vista com desconfiança por muitos. De todo modo, a FIA esclareceu que sempre está aberta a discussões se houver algum tipo de dúvida relativa às decisões dos comissários.
Masi explicou: "Não há nada que impeça isso e, felizmente, não temos muitas bandeiras vermelhas. Os comissários, como todos, têm uma política de portas abertas. Se alguém tem uma pergunta, pode perguntar."
A penalidade stop and go de 10 segundos a Hamilton foi muito dura?
A punição imposta ao piloto é a penalidade mais extrema que pode ser aplicada a um competidor durante uma corrida. Não à toa, Hamilton caiu da liderança para o último lugar após fazer seu pit stop forçado.
Lewis Hamilton, Mercedes-AMG F1, stop and go
Photo by: Steven Tee / Motorsport Images
Embora alguns tenham sugerido que tal penalidade extrema pode não ter sido justificada, considerando que Hamilton não ‘lucrou’ tanto com a parada, o severo grau da punição é obrigatório de acordo com as regras.
O artigo 28.14 do Regulamento Desportivo diz: "Uma penalidade nos termos do Artigo 38.3 (d) (stop and go de 10 segundos) será imposta a qualquer piloto que, na opinião dos comissários, entrou no pit lane enquanto este estava fechado”. Masi comentou: "A parte simples é que não há flexibilidade nisso. Os comissários tinham uma penalidade obrigatória que eles deveriam aplicar."
Tal penalidade foi incluída nas regras após o GP do Brasil de 2016, quando Daniel Ricciardo fez uma parada durante regime de fechamento de pit lane e recebeu uma punição ‘leve’ de acréscimo de 5 segundos no tempo de prova.
Na ocasião, algumas equipes argumentaram que a sanção foi muito branda. E os times são regularmente consultados pela FIA sobre se concordam ou não com a escala das penalidades aplicadas a certas infrações.
“Todas as punições obrigatórias (do regulamento desportivo atual) foram debatidas uma a uma com os diretores esportivos das equipes no ano passado. Houve concordância unânime. Todas as equipes estão familiarizadas com as penalidades”, completou Masi.
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