Análise

Análise: por que a F1 não pode perder a Toro Rosso?

De acordo com Valentin Khorounzhiy, possibilidade de Red Bull e a equipe satélite de deixarem a F1 pode ter graves consequências na renovação de pilotos da categoria

Carlos Sainz Jr, Scuderia Toro Rosso STR10
Daniil Kvyat, Red Bull Racing RB11 e Daniel Ricciardo, Red Bull Racing RB11
Daniil Kvyat e Daniel Ricciardo, Red Bull Racing
Daniil Kvyat e Daniel Ricciardo, Red Bull Racing
Daniel Ricciardo, Scuderia Toro Rosso STR8, lidera Jean-Eric Vergne, Scuderia Toro Rosso STR8
Daniel Ricciardo, Scuderia Toro Rosso, e Mark Webber, a Red Bull Racing
Jean-Eric Vergne, Scuderia Toro Rosso STR8 à frente do companheiro de equipe Daniel Ricciardo, Scuderia Toro Rosso STR8
segundo colocado James Calado
2015 champion Stoffel Vandoorne, ART Grand Prix
2015 champion Stoffel Vandoorne, ART Grand Prix
Carlos Sainz Jr., Scuderia Toro Rosso
Carlos Sainz Jr., Scuderia Toro Rosso STR10
#1 Toyota Racing Toyota TS040 Hybrid: Sébastien Buemi
Jaime Alguersuari, Virgin Racing Formula E Team
Daniel Ricciardo, Red Bull Racing
Daniil Kvyat, Red Bull Racing RB11
Daniel Ricciardo, Red Bull Racing
Daniil Kvyat, Red Bull Racing

Com a interminável crise de motores da Fórmula 1, a categoria enfrenta uma séria ameaça de ver a equipe austríaca fazer as malas e abandonar as competições. O consenso entre os fãs do esporte é que a Red Bull deveria ter se antecipado ao cenário atual e ter buscado outras soluções.

As dúvidas sobre a conduta da equipe são muitas. Será que a Red Bull tratou os seus parceiros de forma justa? Será que deu à Renault crédito o bastante ou demandou demais da Mercedes e Ferrari? São questões são relevantes para a discussão, mas completamente menores diante do fato de que a F1 pode ficar com menos quatros carros no grid em 2016.

E, talvez, a consequência mais grave de uma potencial saída da companhia seria a perda da Toro Rosso, um time que tem sido um revelador de bons pilotos no sempre complicado mercado da F1.

Promessas

Há massivas categorias de acesso à F1 que produzem potenciais futuras estrelas a cada ano, e é crucial para o esporte que de alguma forma haja espaço para elas na categoria. Geralmente, o papel de desenvolvedor de pilotos é feito pelas equipes pequenas, mas o fato de que as equipes novas não conseguem ser competitivas, combinado com a crise financeira que atinge as médias, torna o cenário atual para um novato muito desafiador.

Chegamos a uma situação em que pilotos como Robin Frijns e James Calado não tem uma chance real na Fórmula 1, apesar do excelente desempenho na FR3.5 e na GP2, respectivamente. Além do caso de Stoffel Vandoorne, que dominou a GP2 em 2015, mas não terá um caminho fácil para chegar à F1 em 2016.

Contratar novatos, sem dúvida nenhuma, é um risco. Você não espera ver equipes como Sauber, Force India e Lotus fazerem isso, a menos que seja estritamente necessário.

Ferrari e Mercedes, na outra ponta, teoricamente podem assinar com os melhores pilotos juniores do mercado. Mas geralmente não o fazem, com medo de sacrificar importantes pontos na briga pelo mundial de construtores.

A Toro Rosso desempenha exatamente este papel para a Red Bull. É capaz de testar os novatos com potencial para que tenham a possibilidade de subir, no futuro, para o time mãe.

Tabela de novatos e mudanças de pilotos (2006-2015)

Team

GPs de
estreia

Temporada como novato (>50% dos GPs)

Numero de pilotos

Lotus (Renault)
4 4 12
 McLaren 2 2 9
Ferrari 0 0 7
 Williams 5 5 10
Mercedes (Honda, Brawn)
0 0 5
 Red Bull 0 0 6
 Sauber (BMW)
5 4 12
Force India (Midland, Spyker)
1 1 8
 Toro Rosso 8 10 11
 Manor (Virgin, Marussia)
6 6 8

Nos 10 anos em que está na F1, a Toro Rosso foi o time que proporcionou o GP de estreia de 8 pilotos - e 10 correram a sua primeira temporada completa com a equipe. Nenhuma outra organização sustenta tais números, de providenciar uma base para talentos futuros na F1.

Mas mesmo que muitas questões possam ser levantadas sobre o tratamento da Toro Rosso aos seus pilotos, com a dispensa de Sébastien Buemi e Jaime Alguersuari no final de dezembro como um caso clássico, é notável que a os serviços do time são indispensáveis à F1 atual.

O tetracampeão Sebastian Vettel fez a sua temporada de estreia pela Toro Rosso. Daniel Ricciardo provou as suas habilidades debaixo das asas do time. E atualmente tem dois pilotos espetaculares mostrando do que são capazes: Max Verstappen e Carlos Sainz Jr..

Talvez todos estes quatro não tivessem encontrado espaço na F1 sem a Toro Rosso.

Estagnação no topo

Apesar de ter os serviços da Toro Rosso à sua disposição, é inquestionável que a Red Bull segurou a dupla Webber/Vettel por muito tempo - foram cinco temporadas, entre 2009 e 2013.

No entanto, o seu modo de agir tem mudado nos últimos anos, com a contratação de Ricciardo ao invés de outro piloto mais experiente, como Kimi Raikkonen, quando Webber se retirou. E depois, como a contratação de Daniil Kvyat para a vaga de Vettel, quando o alemão foi para a Ferrari.

Derrocada

Se a Red Bull e Toro Rosso realmente deixarem a F1, o grid teria apenas 18 carros e quatro pilotos super competitivos estariam sem vaga. Mesmo que o quarteto não esteja procurando outras vagas neste momento, essa incerteza deixa o mercado de transferências de pilotos sob extrema precaução.

Em outras palavras, todas as portas de entrada na F1, salvo a Manor, estariam fechadas.

É claro que a solução poderia ser o terceiro carro - fato que já conta com o apoio da Mercedes -, mas isso manteria o cenário descrito acima em termos de oportunidades para novatos. A F1 provavelmente teria de decretar uma nova regra, de que os pilotos desses carros tenham um certo número máximo de GPs disputados.

Mas isso tudo seria justo? A perda de quatro carros, movidos por uma organização com estrutura e capaz de chegar ao sucesso seria boa para a F1? E os novos talentos, como ficam?

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