Análise: por que a F1 não pode perder a Toro Rosso?
De acordo com Valentin Khorounzhiy, possibilidade de Red Bull e a equipe satélite de deixarem a F1 pode ter graves consequências na renovação de pilotos da categoria
Com a interminável crise de motores da Fórmula 1, a categoria enfrenta uma séria ameaça de ver a equipe austríaca fazer as malas e abandonar as competições. O consenso entre os fãs do esporte é que a Red Bull deveria ter se antecipado ao cenário atual e ter buscado outras soluções.
As dúvidas sobre a conduta da equipe são muitas. Será que a Red Bull tratou os seus parceiros de forma justa? Será que deu à Renault crédito o bastante ou demandou demais da Mercedes e Ferrari? São questões são relevantes para a discussão, mas completamente menores diante do fato de que a F1 pode ficar com menos quatros carros no grid em 2016.
E, talvez, a consequência mais grave de uma potencial saída da companhia seria a perda da Toro Rosso, um time que tem sido um revelador de bons pilotos no sempre complicado mercado da F1.
Promessas
Há massivas categorias de acesso à F1 que produzem potenciais futuras estrelas a cada ano, e é crucial para o esporte que de alguma forma haja espaço para elas na categoria. Geralmente, o papel de desenvolvedor de pilotos é feito pelas equipes pequenas, mas o fato de que as equipes novas não conseguem ser competitivas, combinado com a crise financeira que atinge as médias, torna o cenário atual para um novato muito desafiador.
Chegamos a uma situação em que pilotos como Robin Frijns e James Calado não tem uma chance real na Fórmula 1, apesar do excelente desempenho na FR3.5 e na GP2, respectivamente. Além do caso de Stoffel Vandoorne, que dominou a GP2 em 2015, mas não terá um caminho fácil para chegar à F1 em 2016.
Contratar novatos, sem dúvida nenhuma, é um risco. Você não espera ver equipes como Sauber, Force India e Lotus fazerem isso, a menos que seja estritamente necessário.
Ferrari e Mercedes, na outra ponta, teoricamente podem assinar com os melhores pilotos juniores do mercado. Mas geralmente não o fazem, com medo de sacrificar importantes pontos na briga pelo mundial de construtores.
A Toro Rosso desempenha exatamente este papel para a Red Bull. É capaz de testar os novatos com potencial para que tenham a possibilidade de subir, no futuro, para o time mãe.
Team |
GPs de |
Temporada como novato (>50% dos GPs) |
Numero de pilotos |
Lotus (Renault) |
4 | 4 | 12 |
McLaren | 2 | 2 | 9 |
Ferrari | 0 | 0 | 7 |
Williams | 5 | 5 | 10 |
Mercedes (Honda, Brawn) |
0 | 0 | 5 |
Red Bull | 0 | 0 | 6 |
Sauber (BMW) |
5 | 4 | 12 |
Force India (Midland, Spyker) |
1 | 1 | 8 |
Toro Rosso | 8 | 10 | 11 |
Manor (Virgin, Marussia) |
6 | 6 | 8 |
Nos 10 anos em que está na F1, a Toro Rosso foi o time que proporcionou o GP de estreia de 8 pilotos - e 10 correram a sua primeira temporada completa com a equipe. Nenhuma outra organização sustenta tais números, de providenciar uma base para talentos futuros na F1.
Mas mesmo que muitas questões possam ser levantadas sobre o tratamento da Toro Rosso aos seus pilotos, com a dispensa de Sébastien Buemi e Jaime Alguersuari no final de dezembro como um caso clássico, é notável que a os serviços do time são indispensáveis à F1 atual.
O tetracampeão Sebastian Vettel fez a sua temporada de estreia pela Toro Rosso. Daniel Ricciardo provou as suas habilidades debaixo das asas do time. E atualmente tem dois pilotos espetaculares mostrando do que são capazes: Max Verstappen e Carlos Sainz Jr..
Talvez todos estes quatro não tivessem encontrado espaço na F1 sem a Toro Rosso.
Estagnação no topo
Apesar de ter os serviços da Toro Rosso à sua disposição, é inquestionável que a Red Bull segurou a dupla Webber/Vettel por muito tempo - foram cinco temporadas, entre 2009 e 2013.
No entanto, o seu modo de agir tem mudado nos últimos anos, com a contratação de Ricciardo ao invés de outro piloto mais experiente, como Kimi Raikkonen, quando Webber se retirou. E depois, como a contratação de Daniil Kvyat para a vaga de Vettel, quando o alemão foi para a Ferrari.
Derrocada
Se a Red Bull e Toro Rosso realmente deixarem a F1, o grid teria apenas 18 carros e quatro pilotos super competitivos estariam sem vaga. Mesmo que o quarteto não esteja procurando outras vagas neste momento, essa incerteza deixa o mercado de transferências de pilotos sob extrema precaução.
Em outras palavras, todas as portas de entrada na F1, salvo a Manor, estariam fechadas.
É claro que a solução poderia ser o terceiro carro - fato que já conta com o apoio da Mercedes -, mas isso manteria o cenário descrito acima em termos de oportunidades para novatos. A F1 provavelmente teria de decretar uma nova regra, de que os pilotos desses carros tenham um certo número máximo de GPs disputados.
Mas isso tudo seria justo? A perda de quatro carros, movidos por uma organização com estrutura e capaz de chegar ao sucesso seria boa para a F1? E os novos talentos, como ficam?
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