ANÁLISE: Quais serão os próximos passos de Sebastian Vettel e Ferrari?
A saída de Vettel da Ferrari levanta muitas dúvidas sobre os próximos passos de ambos na F1
As duas maiores questões levantadas pelo desenvolvimento sensacional dos últimos dias são: Vettel irá para outra equipe na Fórmula 1? E quem será seu substituto em uma das vagas mais cobiçadas no esporte?
A dinâmica em Maranello mudou drasticamente ao longo de 2019 quando Charles Leclerc se mostrou ainda mais competitivo do que qualquer um poderia esperar.
A Ferrari e o mundo sempre souberam que ele era bom, mas desde o início ele estava indo melhor que Vettel constantemente nas classificações e nas corridas, e cometeu menos erros críticos. E fez tudo isso com um estilo e modo que fez todos gostarem dele.
Ao assinar um acordo de cinco anos com o monegasco, a Ferrari deixou claro que vê em Leclerc seu futuro.
Com o contrato atual de Vettel chegando ao final em 2020, sempre houve um debate intrigante entre a equipe e o tetracampeão, com a situação ficando ainda mais complexa com a paralisação do esporte.
A Ferrari tinha que decidir - considerando que a primeira opção era realmente renovar com Vettel - por quanto tempo eles queriam mantê-lo, enquanto continuavam procurando por jovens pilotos promissores que, como Leclerc, representam o futuro.
Com vários contratos chegando ao fim esse ano, a Ferrari tinha um objetivo claro em mente: não chegar no meio do ano em uma situação onde a maioria dos candidatos que desejavam já estivessem comprometidos com outras equipes a longo prazo.
Sebastian Vettel, Ferrari
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
Em uma entrevista com jornalistas há um mês, Vettel havia sugerido que o assunto poderia ser resolvido antes do início da temporada.
"Obviamente depende de onde teremos a primeira corrida", disse. "E há uma chance de termos que resolver isso antes mesmo da prova, porque, no momento, parece que não teremos corridas antes de junho, julho".
"Então acho que estamos esperando. Mas, como disse antes, a minha prioridade, em um primeiro momento, é garantir que estamos lidando com a situação de modo certo, e com isso, a discussão foi colocada em segundo plano. E acredito que isso esteja acontecendo por aí também".
Quando perguntado sobre a possibilidade dele estar correndo na nova era da F1, em 2022, ele disse que sua intenção é estar presente.
"Acho que, não importa qual será o acordo, acho que estarei confortável na equipe que estiver. Então, em termos de duração, não sei. Normalmente, todos os contratos que assinei no passado eram de três anos".
"Eu sei que sou um dos pilotos mais experientes na F1, mas não sou o mais velho e não acho que há um limite de idade para isso. Então, como disse, vou me decidir com base no que estiver mais confortável"
Foi apurado que Vettel recebeu uma oferta de um ano, com a opção de renovação por mais um ano, e que ele preferia um comprometimento a longo prazo com a equipe.
Como foi noticiado, ele também recebeu uma oferta de salário menor do que estava acostumado - com algumas fontes afirmando que isso significava ter um "status igual" a seu companheiro de equipe, mais jovem e com menos experiência.
Essas negociações são sempre complexas quando envolvem os grandes nomes de uma era, e do lado do piloto, a satisfação é uma combinação de salário oferecido e uma sensação de que você é visto como parte essencial da equação - e o primeiro é, obviamente, um fator derivado do segundo.
Charles Leclerc, Ferrari, and Sebastian Vettel, Ferrari
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
No comunicado oficial divulgado pela Ferrari hoje, Vettel negou que o dinheiro foi o motivo, mas ele está intrinsecamente ligado ao ponto-chave.
"A equipe e eu percebemos que não existe mais um desejo comum de continuarmos juntos além desta temporada", disse. "A questão financeira não pesou nessa decisão conjunta. Esse não é o modo que eu tomo certas decisões na vida, e nunca será".
A frustração para ambas as partes é que a temporada não começou. Nesse momento, já deveriam ter acontecido seis corridas, com uma visão clara começando a surgir sobre a posição competitiva das equipes, após a controvérsia do motor ilegal do ano passado. Mas, principalmente, como que ficaria o duelo entre Vettel e Leclerc. Claramente o tetracampeão tinha a esperança de desafiar seu companheiro de equipe, para colocar as decepções de 2019 para trás.
Sobre seu futuro, vamos ter que esperar para ver se ele aceita que a temporada de 2020 será sua última ou se ele já está buscando outras opções pelo grid.
Vettel é um homem de família, e completará 33 anos em julho. Assim como os demais, ele se acostumou a um tipo de vida diferente da que ele estava acostumado desde que começou sua carreira no kart.
Talvez ele não esteja mais tão decidido a fazer o tipo de comprometimento necessário para se manter no topo do esporte.
Ele já deu pistas sobre isso no comunicado de hoje: "O que vem acontecendo nos últimos meses nos levaram a refletir sobre quais são nossas verdadeiras prioridades na vida. É necessário usar a imaginação e adotar uma nova abordagem para uma situação que mudou. Eu mesmo vou usar o tempo para refletir sobre o que realmente importa sobre meu futuro".
Então, o que acontece se ele quiser correr em 2021? O problema é que há muita incerteza sobre o futuro do esporte e seu lado financeiro. Nenhuma equipe assinou ainda o novo Pacto de Concórdia, então é difícil para qualquer uma se comprometer a longo prazo, especialmente em termos de um mega salário.
Vettel teria um grande apelo para a Mercedes, e é fácil especular sobre uma troca simples com Hamilton. Mas o hexacampeão já deixou claro diversas vezes que ele está comprometido com sua casa atual, buscando até um papel de embaixador a longo prazo, como foi com Stirling Moss.
Porém, terminar a carreira na Ferrari é tentador para todos, e sabemos que ambas as partes já estiveram em contato.
Valtteri Bottas, Mercedes AMG W10, leads Sebastian Vettel, Ferrari SF90
Photo by: Simon Galloway / Motorsport Images
O que pode pesar para Hamilton é que o futuro da Mercedes ainda é meio nebuloso, ainda mais sobre a posição de Toto Wolff, que deixou uma saída futura como possibilidade há um ou dois anos. O relacionamento entre Lewis e Toto é parte fundamental da equação, e estamos interessados em saber o que vai acontecer.
Um retorno de Vettel à Red Bull tem uma cara legal, e sem dúvidas deixaria a Honda feliz. Mas entrar em uma equipe que está construída ao redor de Max Verstappen pode não ser a melhor saída para Vettel. E a equipe também está satisfeita com Alex Albon, que é rápido, barato e sem comprometimentos, e que teve um final de 2019 bom.
A McLaren também foi mencionada, e o nome de Vettel tem certo apelo para Andreas Seidl, que já trabalhou com ele na época de BMW Sauber. Um acordo também colocaria Vettel mais próximo da Mercedes, devido ao acordo de fornecimento de motores com a McLaren.
Porém, é difícil acreditar que a equipe que está lutando duramente pela redução do orçamento teria verba para pagar o tipo de salário de Vettel. Há também uma dúvida sobre Vettel estar disposto a aceitar um "projeto" como o de seu amigo Kimi Raikkonen na Alfa Romeo, correndo um ou dois anos em uma equipe do meio do grid, buscando um Top 6 nas corridas.
A lista da Ferrari tem, realisticamente, três nomes: Antonio Giovinazzi, Carlos Sainz e Daniel Ricciardo.
O primeiro é um pupilo da Ferrari e o piloto reserva da equipe, e seria lógico ver ele seguindo a rota de Leclerc, saindo da Alfa. Ele teve um início difícil em 2019, mas entregou boas performances no final do ano.
Porém, sua relativa falta de experiência pesa contra ele, apesar do fato de Leclerc ter feito a mudança com apenas um ano no grid.
Ao longo das férias, ele se esforçou para melhorar, e tinha a esperança de ir melhor que Raikkonen em 2020 - mas a falta de corridas significa que ele não teve a chance fundamental de ganhar quilometragem e mostrar o que poderia fazer contra Kimi. O lado positivo é que ele está ali, e não vai a lugar nenhum.
Ricciardo e Sainz são candidatos ideais para a Ferrari - simplesmente parece encaixar.
Mencionado a mais tempo nessa disputa pela vaga, o australiano é mais velho, tem mais experiência e já venceu corridas. Enquanto isso, Sainz tem um bom 2019 a seu favor, e está ficando melhor com o tempo.
Ambos trazem características similares, como velocidade e um talento completo. Eles também seriam bons companheiros de equipe, que podem se ligar a Leclerc para sobreviver no ambiente hostil da Ferrari.
Ricciardo tem também um ponto positivo em seu currículo: ter mostrado em 2014 que era capaz de correr ao lado e vencer Vettel.
Os dois tem trajetórias similares, com seus caminhos se cruzando diversas vezes. Se Sainz sair da McLaren, Ricciardo - que quase assinou com a equipe anteriormente - seria um candidato ideal para a vaga em Woking.
Uma coisa é certa - podemos não ter muita ação de pista na F1 no momento, mas há muita coisa acontecendo nos bastidores. E vocês podem ter certeza que um certo Fernando Alonso vai deixar claro seu interesse em ocupar essa vaga na Ferrari...
Fernando Alonso
Photo by: Steven Tee / Motorsport Images
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