Análise
Fórmula 1 GP de Las Vegas

ANÁLISE: Será que o GP de Las Vegas pode estar à altura do hype criado pela F1?

Nesta semana, a F1 volta aos EUA pela terceira vez em 2023 para a corrida mais aguardada dos últimos anos... pelo menos nas expectativas da categoria

Las Vegas GP rendering

Neste fim de semana, a Fórmula 1 realiza o tão antecipado GP de Las Vegas em sua primeira passagem pela "cidade do pecado" em mais de 40 anos. Mas será que o espetáculo pelas ruas e luzes da icônica Strip cumprirão o hype esperado?

Capitalizando em cima de Drive to Survive, que trouxe uma grande demografia nova para a categoria, a Liberty Media fez de tudo para explorar essa nova popularidade da F1 nos EUA, aumentando sua presença para além do GP em Austin.

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O primeiro passo foi a corrida em Miami, o exemplo perfeito do tipo de "cidade-destino" que a F1 queria agregar ao calendário.

Enquanto o espetáculo da corrida em Miami Gardens foi esquecível, a de 2023 foi um pouco melhor, acompanhando o glamour que havia fora das pistas para entreter as celebridades e VIPs. Correr ao redor do estádio do Miami Dolphins foi um dos passos da Liberty Media para a "conquista" dos EUA, mas a ida para Las Vegas representa outro patamar.

Vegas era um sonho da Liberty, levando a dona da F1 a uma decisão quase sem precedentes: ser a própria promotora da corrida, comprando um espaço de terra perto da Strip para construir uma infraestrutura permanente de pit e paddock.

Segundo estimativas, a F1 gastou quase 500 milhões de dólares (R$2,45 bilhões) no evento, que está garantido no calendário até pelo menos 2032, mostrando o quanto que a Liberty acredita na prova a longo prazo.

O hype que vem sendo criado supera facilmente o de Miami, e certamente há algumas justificativas. A F1 conseguiu montar seu circuito de 6,2km com uma inclusão de um trecho de quase 2km da Strip, com a anuência do governo local para fechar a área para a prova.

Las Vegas GP rendering

Photo by: Las Vegas GP

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Apesar do traçado não ser dos mais inspiradores, sem 'pirar o cabeção' de fãs, a visão dos 20 carros da F1 correndo em frente aos hotéis e cassinos mais badalados do mundo como o Bellagio, o MGM Grand e a nova MSG Sphere (conhecida pelo público como palco da residência do U2 em Las Vegas) durante a noite certamente trará imagens das mais belas.

É certamente uma grande melhora em relação ao GP do Caesars Palace, última passagem da F1 pela cidade nos anos 1980. E, independente do que rolar na corrida, só de fazer isso acontecer já mostra o poder da categoria em 2023.

O próprio condado está aproveitando o sucesso do evento bilionário para justificar o investimento de verba pública de 40 milhões de dólares no recapeamento da Strip e o apelo aos moradores locais, que ficaram "presos" nessas disrupções ao longo dos meses. Mas o "Superbowl da F1" vem com um preço para os fãs. Um bem caro.

Quando as vendas abriram, os ingressos gerais custavam 500 dólares (R$2,45 mil - incluindo comida e bebidas), enquanto ingressos de arquibancada para o domingo variavam entre 1.155 e 1.760 dólares (R$5,67 e R$8,65 mil), com os do fim de semana próximos de 3 mil (R$14,75 mil). E, para além disso, os fãs ainda precisaram garantir a hospedagem para a etapa.

O ingresso mais barato custa 165 dólares (R$811 reais). Mas ele vale para a cerimônia de abertura na quarta-feira, que terá várias apresentações, mas nenhum carro na pista.

Isso mostra que o evento propriamente dito, na capital do entretenimento dos EUA, não mira a base tradicional de fãs da F1 que assistem pela TV, uma nova direção que já estava clara pelos preços exagerados de Miami.

Falando sobre TV, ironicamente, a largada às 22h e classificação à 0h, horário local, por mais que seja palatável para os mercados europeu e asiático, será complicado para a própria população americana, especialmente a que vive na costa leste, três horas à frente.

Mas para os americanos que querem vivenciar a F1 ao vivo, é mais barato viajar para a Europa do que sentar no frio, com temperaturas de 8ºC ou menos esperadas nesse período do ano.

Com a corrida de Vegas acontecendo uma semana mais tarde em 2024, é de se perguntar quantas das pessoas que estarão presentes na etapa deste ano voltarão na próxima edição com os preços atuais? Mas olha: talvez elas voltem, se verem um espetáculo incrível, já que preços inflacionados geram expectativas inflacionadas.

Quando falamos de ação na pista, o frio pode não ser exclusivamente algo negativo. Se há uma coisa que a temporada de 2023 pode usar, é um pouco de caos para aumentar os riscos.

Las Vegas GP rendering

Photo by: Las Vegas GP

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Felizmente, a novela dos limites de pista não deve ganhar um novo capítulo neste fim de semana, já que estamos falando de um circuito de rua. Se um piloto escapar, ou bate no muro ou entra no lobby de algum cassino. Mas o aquecimento de pneus nestas condições deve ser um desafio.

Se for uma corrida normal, a Red Bull deve dominar. O frio, combinado com os fatores desconhecidos como estado do asfalto, criará outras dores de cabeça para as equipes que podem mexer com a ordem, assim como vimos em Singapura. Além disso, não há nenhuma corrida suporte, ou seja, os níveis de aderência serão baixos, com uma grande evolução ao longo dos dias.

A F1 certamente se beneficiaria de uma ação no retorno à Vegas, com o domínio absoluto de Verstappen em 2023 levando à uma queda no interesse e interrupção no aumento de audiência televisiva. Então garantir um crescimento sustentável nos EUA será visto como um desafio.

Por isso é compreensível que a F1 que os envolvidos não queiram deixar pedra sobre pedra para divulgar Vegas para além do que fizeram com Miami. Mas, quanto mais hype você cria em cima de um evento, maiores são as chances das expectativas não serem cumpridas.

Pelo menos Miami trouxe a miragem de uma batalha pelo título, mas com ambos os campeonatos já resolvidos há tempos, será preciso bem mais do que imagens bonitas e infraestrutura de primeiro mundo para justificar o buzz.

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Photo by: Las Vegas GP

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Filip Cleeren
Fórmula 1
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