Como a F1 mergulha no desconhecido com maratona inédita
Pela primeira vez na história, F1 realizará eventos em três fins de semanas consecutivos, na França, Áustria e Inglaterra, o que representa um desafio inédito às equipes.
Mas, enquanto que as pessoas em casa terão muitos motivos para se empolgar, aqueles que fazem o espetáculo funcionar tiveram de passar por muita preparação extra, além de um certo temor pelo desafio que possuem pela frente.
Construir e desmontar garagens e motorhomes três vezes em sequência, garantindo que os carros estão preparados com o cuidado de sempre, e mover o equipamento por 2500 km na estrada nas próximas duas semanas colocará uma incrível tensão em todos os envolvidos.
As equipes não estão encarando o desafio de forma leve, mas, independentemente do cuidado que tem sido colocado, a possibilidade de fadiga talvez seja a maior preocupação.
“Somos muito bons em nos programar, e somos muito bons em entender nossos bens e organizar nosso tempo, mas é o desconhecido que aparece nessas situações que podem ser o elemento mais difícil de lidar”, disse o gerente da Haas, Peter Crolla, ao Motorsport.com.
“Minha maior preocupação é o fator humano disso tudo”, acrescentou o gerente da Toro Rosso, Graham Watson.
“Obviamente já fizemos corridas em dois fins de semanas seguidos, e fins de semanas seguidos emendados com um teste, mas essa é a primeira vez em que de fato nos prepararemos para três corridas seguidas. Mentalmente e fisicamente é realmente cansativo. Mais do que as pessoas percebem.”
Como as equipes da F1 ainda não estão em um estágio em que fazem revezamento do pessoal na pista para aliviar a tensão, há pouca escolha a não ser colocar os atuais membros nas demandas de três semanas em viagem.
Mas as equipes estarão empregando pessoal extra – como motoristas de suporte – para ajudar a dividir a carga de uma viagem na estrada particularmente pesada.
Os caminhões que carregarão os carros, motorhomes e equipamentos terão de completar um trecho de 1000 km entre Paul Ricard e o Red Bull Ring, e depois fazer tudo novamente pelos 1500 km de viagem até Silverstone.
A Toro Rosso também tentou garantir que seus membros que viajam tenham mais tempo de descanso entre as corridas para ajudar a recarregar as baterias.
Para permitir que isso aconteça, ela deu mais responsabilidade aos preparativos das corridas ao pessoal da fábrica.
Uma mudança adicional nos trabalhos foi o fato de que o GP da França foi adiado em 1h para evitar que coincida com a Copa do Mundo (sendo às 16h10 locais), o que significa que o trabalho será ainda mais longo à noite.
“Esse foi outro... eu não diria grande momento quando saiu o cronograma do Liberty. Não ajuda ter Paul Ricard como uma corrida mais tarde”, admite Watson.
“Obviamente, é preciso empacotar as coisas, e a equipe vai sair da pista incrivelmente tarde. Então, a primeira coisa que estaremos todos fazendo na segunda-feira é pegar um voo fretado para a Áustria.”
“Mas ter um par de mãos extra e caras contratados obviamente ajudará a situação.”
“Penso como Franz [Tost, chefe da equipe] me disse: temos apenas de garantir que estejamos juntos dos outros. Se houver obstáculos que estiver cancelando trens ou algo assim, que façamos parte do grupo e não fiquemos parados sozinhos em outro lugar.”
A possibilidade de trabalhar até tarde da noite pode fazer com que equipes comecem a pegar atalhos para fazer as coisas de forma diferente em um dos fins de semana – como começar a empacotar as coisas mais cedo. Porém, é algo que a Haas não fará.
“Estamos lá para dar um show”, disse Crolla. “Você está lá para cuidar de seus convidados e demonstrar essa imagem. Para mim, começar a empacotar na tarde do domingo, antes ou durante a corrida, não é a forma com que queremos traçar nossa imagem. Então, não faremos isso.”
“Nós começamos a empacotar quando a corrida acabou. E isso para mim é quase que um pré-requisito básico de como você roda um fim de semana de corrida.”
Além do desafio de manter o pessoal na melhor forma possível, muito do planejamento extra tem de ir a fim de garantir que os carros estejam em condições impecáveis – já que o uso em três fins de semana seguidos proporciona dores de cabeça extras.
“Com os eventos em três semanas seguidas, simplesmente temos de ser mais organizados. Então, temos de garantir que não deixemos nada de lado”, diz Watson.
“Um carro de F1 tem uma vida em cada componente, e algumas dessas peças não podem fazer três GPs consecutivos.”
“Eles precisam ser retirados do carro e descartados, então tivemos de trabalhar para garantir que tenhamos componentes para a troca sem ter de esperar que o carro vá a Faenza, seja trabalhado e volte a nós na pista.”
Contudo, até os melhores planos às vezes dão errado, e circunstâncias imprevistas – como grandes acidentes que possam prejudicar peças de reposição – podem se provar particularmente problemáticas.
Crolla disse: “Nosso pior cenário indo a três provas seguidas seria ter acidentes. Em um mundo ideal, todas as equipes passarão pelas três corridas com muitos poucos problemas, mas acho que é improvável que seja esse o caso.”
“Então, você tem de tentar minimizar a exposição ao risco. Mas, igualmente, você não quer construir um estoque excessivo para ter lidar com uma situação em potencial que pode surgir com as três corridas em fins de semanas seguidos.”
“Você simplesmente precisa tentar ir com um equilíbrio sensível de componentes e reagir se você tiver problemas. Sempre há formas de lidar com imprevistos. Isso é parte do que fazemos.”
Haverá um desconto para as equipes britânicas, já que a corrida final da sequência acontece em Silverstone.
Crolla acrescenta: “A terceira corrida sempre será aquela em que seu estoque pode ser curto, e sempre é a que seu nível de energia estará mais baixo.”
“Então, estar no Reino Unido para a última corrida certamente será benéfico à maioria das equipes no paddock, porque será a poucas horas de distância da base.”
“Não acho que será uma vantagem competitiva. Acho que será uma vantagem operacional a eles uma terceira corrida por lá. Isso ajudará na preparação, no nível de fadiga de sua força de trabalho.”
“Alguns dos caras estarão indo para casa e vendo a família, dormindo na própria cama. E esses pequenos confortos podem dar às pessoas um pouco daquele descanso final que eles precisam.”
Entrevistas por Erwin Jaeggi
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