Como o fim da parceria pode corromper legado de RBR-Renault
Equipe austríaca e fabricante francesa alcançaram números impressionantes, mas desgastes recentes podem prejudicar a imagem
O fim da parceria Red Bull-Renault na F1 deixa em risco que uma combinação extremamente bem sucedida tenha um legado corrompido.
O chefe da Red Bull, Christian Horner, poderia se referir a um número de conquistas quando, no anúncio da mudança para os motores Honda em 2019, mencionou ter vivido “alguns incríveis momentos” com a Renault.
Um primeiro ano com a Cosworth (como herança por assumir as operações da Jaguar) e uma única temporada com a Ferrari teve, em seguida, 11 temporadas com a Renault, uma parceria que começou graças a Adrian Newey, que estava de olho nos benefícios do motor da fabricante francesa.
Desde então, a Renault ajudou a Red Bull a conquistar 57 vitórias, número maior do que Ferrari e McLaren conseguiram desde que a marca de bebidas energéticas iniciou suas operações na F1, em 2005, além de 113 pódios.
A potência da parceria é mais bem destacada ao ver os quatro títulos consecutivos de pilotos e construtores entre 2010 e 2013, que estatisticamente será lembrada como uma das maiores da história.
Red Bull e Renault possuem mais vitórias juntas do que McLaren-Honda e Lotus-Ford, com números quase idênticos a Williams-Renault. Contudo, sua união não será lembrada assim graças à tensão que dominou os últimos anos de existência.
É indiscutível que a Renault teve seu papel na sequência de extremo sucesso de Sebastian Vettel, especialmente ao dominar o conceito do difusor soprado em 2011 – mesmo que tenha sido beneficiada por um período de congelamento no desenvolvimento dos motores.
Contudo, a mudança aos V6 turbo híbridos alteraram a balança em favor da Mercedes, e a Renault caiu para um distante terceiro lugar com sua nova unidade de potência.
A Red Bull conseguiu vencer três GPs em 2014, todos com Daniel Ricciardo, mas a saída de Vettel para a Ferrari e um problemático redesenho do motor Renault fez com que a equipe ficasse sem vitórias em 2015, o que levou a uma crise pública e com consequências tangíveis.
A Red Bull considerou o fim imediato de seu contrato com a Renault e iniciou sondagens com Mercedes e Honda, o que não chegou a lugar algum na época.
Um novo acordo foi negociado entre Red Bull e Renault para 2016, mas veio com um preço: a Red Bull rompeu com a parceira Infiniti para fechar com a Tag Heuer, e usaria o nome da marca de relógios de luxo para o motor – isso foi parte do desejo da Red Bull em não dar à aliança Renault-Nissan, o que inclui a Infiniti, atividades de marketing.
A relação melhorou em 2016, e com as vitórias de Max Verstappen na Espanha e de Daniel Ricciardo na Malásia, a parceria foi estendida até o fim de 2018, ao lado de sua equipe júnior, a Toro Rosso.
Ao fim de 2017, Red Bull e Renault venceram outras três corridas diante da superioridade de Mercedes e Ferrari, mas a disputa política continuou com as cutucadas recorrentes da Red Bull na performance da Renault, sendo que a fabricante francesa também questionava a forma com que a cliente lidava com a comunicação.
A primeira perda foi a Toro Rosso, que mudou para os motores Honda para 2018 como parte de uma negociação complexa que envolveu a McLaren, que até então tinha exclusividade com os motores japoneses.
Red Bull e Renault chegaram a cogitar a extensão da parceria mais uma vez até o fim de 2020, e, apesar de haver uma ameaça maior ao fim de 2017, a Renault se mostrou disposta a continuar neste ano.
Mesmo assim, a relação permaneceu polêmica, com discordâncias públicas sobre o prazo para a decisão de 2019 e a Renault alegando que a Red Bull não extraía o máximo de sua melhora no motor devido ao acordo independente de combustível que possui.
Isso aconteceu enquanto a Red Bull usava a Toro Rosso para avaliar a Honda como uma opção viável, e uma decisão era esperada para a corrida de casa da Red Bull, a Áustria. Mas a oficialização foi acelerada e anunciada antes da corrida no quintal da Renault, na França.
Isso coloca uma pá de cal na aliança Red Bull-Renault, sendo que isso será visto predominantemente como um capítulo final em uma saga extensa e, às vezes, tóxica.
Isso ofusca o enorme sucesso que as duas partes alcançaram juntas, apesar de que, com o tempo, a parceria possa receber o respeito que as conquistas merecem.
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