Das 500 Milhas de Indianápolis a Miami (e além): a história da F1 nos Estados Unidos
Não é de hoje que a categoria tenta se consolidar nos Estados Unidos, mas parece que a Liberty Media finalmente conseguiu romper a barreira
Neste fim de semana, a Fórmula 1 inicia mais um capítulo de sua longa história com os Estados Unidos, com a primeira edição do GP de Miami.
Por isso, o Motorsport.com montou um especial contando a história completa da principal categoria do automobilismo mundial com o país, algo que data desde os primórdios do campeonato, em 1950, em uma trajetória repleta de altos e baixos, tentativas e erros.
500 Milhas de Indianápolis de 1950
Photo by: IndyCar Series
CAPÍTULO 1 – Quando as 500 Milhas eram parte do calendário da F1...
Quando a F1 foi criada oficialmente, com sua primeira temporada em 1950, o calendário não era 100% europeu: em meio a GPs em Silverstone, Mônaco, Spa-Francorchamps, Monza e mais, a categoria previa uma passagem pelos EUA na prova mais importante do país: as 500 Milhas de Indianápolis.
A prova no mítico oval de Indianápolis ficou no calendário por 11 temporadas, entre 1950 e 1960. Mas as equipes europeias ignoravam sua existência. Nesse período, tivemos apenas uma única participação de alguém do “campeonato regular”: Alberto Ascari em 1952 com a Ferrari, mas sem sucesso.
Mesmo assim, a F1 tentou expandir sua presença em solo americano. Com isso, em 1959, tivemos a primeira edição do GP dos Estados Unidos, disputado em Sebring, vencido por Bruce McLaren.
Apesar de um moderado sucesso, a F1 nunca mais voltou a Sebring e, após uma passagem única por Riverside, na Califórnia, a categoria retornou à Costa Leste. Pelos 20 anos seguintes, o circuito de Watkins Glen, em Nova York, passaria a ser a sede do GP dos EUA e palco de grandes vitórias de lendas como Jim Clark, Graham Hill, Emerson Fittipaldi, Niki Lauda e mais.
Circuito de rua de Phoenix
Photo by: Sutton Images
CAPÍTULO 2 – Anos 1980: Quando a F1 tentou entrar com tudo nos EUA (e falhou)
Foram duas décadas de certo conformismo com a situação da categoria nos Estados Unidos, enquanto o esporte se consolidava em outros mercados importantes do continente americano como Brasil, Argentina, Canadá e México.
Mas nos anos 1980 a F1, já nas mãos de Bernie Ecclestone, passou a olhar aos EUA com outros olhos, iniciando um período frenético de tentativa e erro. Esse processo começou de forma menor ainda no fim dos anos 70, com a chegada do GP do Oeste dos Estados Unidos, em Long Beach, que marcou presença no calendário da F1 por oito anos.
Já outras provas desse período tiveram uma vida útil bem menor por vários motivos, que iam desde a falta de interesse do público até um questionamento geral sobre a escolha de sedes e de circuitos, como Detroit (1982-1988), Phoenix (1989-1991), Las Vegas (1981-1982) e Dallas (1984).
Destes, um destaque negativo fica para Vegas, um circuito muito diferente do que a F1 terá a partir de 2023, montada dentro do estacionamento do Caesars Palace, um dos principais cassinos da cidade. Até hoje é considerada uma das piores pistas que a F1 já correu.
A F1 chegou ao ponto de ter três corridas nos EUA em um mesmo ano, em 1982, com Long Beach, Detroit e Las Vegas.
Vitória de Nelson Piquet no GP do Oeste dos Estados Unidos de 1980
Photo by: Rainer W. Schlegelmilch / Motorsport Images
CAPÍTULO 3 – Os ‘primeiros’ de Piquet em solo americano
Se a F1 não teve muito sucesso em solo americano nesse período, o mesmo não pode ser dito dos brasileiros, em especial Nelson Piquet, que deve lembrar muito bem das corridas nos EUA, duas em especial.
A primeira vitória de Piquet veio em Long Beach, 1980. Piquet deu show já na classificação, fazendo a pole com quase 1s de vantagem para René Arnoux. Na corrida, não deu chances, vencendo com quase 50s de diferença para Riccardo Patrese.
No ano seguinte, Las Vegas trouxe outro tipo de felicidade. Após o GP do Canadá, Piquet chegou à última corrida do ano um ponto atrás de Carlos Reutemann. O argentino chegou a fazer a pole com o brasileiro em quarto, mas tudo mudou no domingo. Reutemann terminou a prova em oitavo, fora da zona de pontos, enquanto Piquet foi o quinto, conquistando dois pontos para virar o jogo e conquistar seu primeiro título na F1.
Largada do GP dos Estados Unidos de 2005
Photo by: Steve Swope / Motorsport Images
CAPÍTULO 4 – O Fiasco de Indianápolis e a busca por Nova York
O GP dos Estados Unidos voltou brevemente ao calendário da F1 entre 89 e 91, quando Phoenix passou a receber o Mundial, mas logo o país passou por mais um período sem corridas.
Na celebração dos 50 anos da F1, a categoria anunciou o retorno do GP em uma das pistas mais importantes do país: Indianápolis. Era também um aceno ao passado, devido às 500 Milhas.
Indianápolis recebeu a F1 por oito anos, mas apesar das arquibancadas (relativamente) cheias, o GP não caiu no gosto do público devido ao uso do circuito misto em vez do mítico oval.
Por isso, Indianápolis é mais lembrado como palco de um dos maiores fiascos da categoria. Em 2005, apenas seis dos 20 carros disputaram a corrida. Os outros 14 se retiraram após a volta de apresentação devido a problemas sofridos com os pneus Michelin.
Sob duras vaias dos fãs, apenas as duplas de Ferrari, Jordan e Minardi, que usavam pneus Bridgestone, disputaram a prova, vencida por Michael Schumacher. O fiasco foi tamanho que a F1 não renovou o contrato com Indianápolis após seu término em 2007.
Bernie seguiu em busca de um palco americano para a F1 e, em 2010, retomou um antigo sonho seu: Nova York. A principal cidade dos EUA já deveria ter entrado no calendário de 1983, mas a prova acabou cancelada, com o mesmo acontecendo em 1984 e 1985.
Em 2011, ele anunciou a realização do GP da América para 2013, no Circuito de Rua de Port Imperial, em West New York, no estado de Nova Jersey, próximo ao rio Hudson. Apesar do contrato de dez anos e o avanço dos planos, inclusive com demonstrações feitas pelas equipes, a prova nunca saiu do papel.
GP dos Estados Unidos de 2021
Photo by: Steven Tee / Motorsport Images
CAPÍTULO 5 – Austin, Miami e Las Vegas: o projeto consolidado da Liberty Media
Se Nova York não deu certo, a F1 encontrou em Austin uma nova casa para o GP dos EUA, no Circuito das Américas. Elogiado pelos pilotos, a pista se tornou um destaque do calendário com o passar dos anos, devido ao tamanho da festa feita para o esporte.
Com a chegada da Liberty Media em 2017, o GP tornou-se ainda mais importante para o esporte e o ponto inicial do projeto do grupo para colocar de vez a F1 no mercado americano.
Em 2021, o retorno da etapa de Austin após o cancelamento em 2020 por conta da pandemia marcou a primeira edição com casa cheia, mostrando a nova força da F1 no país, graças aos esforços da Liberty, que inclui nisso o sucesso da série Drive to Survive.
Com a estreia de Miami e Las Vegas já confirmada para 2023, a Fórmula 1 parece finalmente ter obtido sucesso no projeto iniciado há tantas décadas, tendo uma posição consolidada no mercado americano. Isso se reflete ainda em outras áreas, como a presença de uma equipe americana (Haas), o incentivo para ter um piloto americano no grid, além de um possível novo acordo televisivo no país, que promete movimentar uma grande soma de dinheiro nos bastidores.
TELEMETRIA: Qual equipe é favorita para o GP de Miami da F1?
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PODCAST - "Mini-Mônaco" e pista incomum que "perdoa erros": a Miami que a F1 verá
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