Entrevista

Drugovich rebate críticos, detalha planos na F1 e fala do futuro

"Se eu pudesse dizer o que eu realmente quero... Brincadeira! Cada um tem o direito de pensar o que quiser, mas ninguém estava lá", desabafou o brasileiro

Felipe Drugovich, Reserve Driver, Aston Martin F1 Team

Felipe Drugovich, piloto reserva da Aston Martin na Fórmula 1, concedeu ao Motorsport.com uma entrevista exclusiva na qual falou sobre seu cronograma para o restante de 2024, as oportunidades que enxerga para o futuro de sua carreira e a incerteza sobre qual será seu próximo passo no automobilismo.

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O brasileiro, que também compete na European Le Mans Series (ELMS), revelou que o fim deste ano será decisivo em várias frentes, mantendo-se atento a possíveis portas abertas na F1, IndyCar, Fórmula E e no WEC (Campeonato Mundial de Endurance).

Com contrato válido com a Aston Martin para ser reserva em 2025, Drugovich destaca os próximos dois meses como cruciais para definir seu futuro no automobilismo, analisando opções em diversas categorias, mas sem descartar a chance de lutar por uma vaga como titular na categoria máxima.

O cronograma de 2024 e os próximos desafios

Pergunta: Felipe, qual o seu cronograma daqui até o final do ano?

Felipe Drugovich: Ainda farei alguns treinos livres, os treinos livres 1 do final de semana com a Aston Martin. Ainda não anunciamos quais são, mas acho que é bem óbvio quais são, não vou dizer aqui palavras muito claras. Então acho que tem esses dois treinos livres com a Aston Martin, tem a última corrida do ELMS que vai ser a última etapa em Portimão daqui duas semanas, e por enquanto são essas atividades até o final do ano. Vamos ver se vai surgir mais alguma coisa. Acho que sempre surge algum treino ou outro, mas por enquanto esses são os objetivos até o final do ano. Esse ano eu andei um pouco de F1, algumas semanas atrás fazendo o teste Pirelli com os pneus de 2026, os primeiros protótipos. Ainda não está confirmado qual vai ser o composto, qual será realmente o pneu, mas foram os primeiros testes e foram muito bem, então curti pra caramba.

Meses decisivos para a carreira

Pergunta: Você acredita que esses próximos meses vão ser os mais cruciais da sua carreira? Porque está muito claro que você tem alguns caminhos que pode seguir, mas você acha que muito do que será da sua carreira até o final dela vai depender dos próximos meses e das decisões que serão tomadas?

Felipe Drugovich: Eu acho que sim, são meses muito importantes agora, mas talvez não os mais importantes da minha vida. Acho que os mais importantes foram os meses em que tive meus resultados, onde mostrei o que eu podia fazer. Esses meses com certeza vão direcionar minha carreira. Se vai ser Fórmula 1, Indy, Fórmula E ou WEC, vou tomar uma decisão que me permita fazer um campeonato inteiro, isso seria o ideal. O sonho da Fórmula 1 não está completamente fora, mas preciso de uma direção clara, onde eu possa brigar por um campeonato. Como piloto, isso é muito importante. Então, acredito que sim, esses dois meses são muito importantes. Este ano está diferente de 2023, quando chegamos em setembro, outubro e tudo já estava fechado. Agora, ainda há muitas coisas em aberto.

Pergunta: Tudo fechado... Felipe, perdoe a interrupção, mas tudo fechado com relação às outras categorias, fora a Fórmula 1?

Felipe Drugovich: Outras categorias, sim. A gente ficou esperando a Fórmula 1 nessa época. Não podíamos confirmar com outras categorias e as equipes falavam: "vamos ter que fechar com outro piloto porque você não pode confirmar". Eu estava esperando pela Fórmula 1 e não podia fazer nada. Se puder esperar, ótimo; se não, tudo bem. Mas isso nos deixou sem muitas oportunidades. A gente achou a oportunidade no ELMS, que era bom porque não tinha muitos conflitos de calendário com a F1. Agora, precisamos dar um passo a mais, buscar um campeonato forte onde eu possa me mostrar. Ainda estou com a Aston Martin, então vamos ver o que surge. Estou buscando ter um campeonato inteiro no próximo ano.

Conversas em outras categorias

Pergunta: Felipe, até pra gente entender, você mencionou que no fim do ano passado portas de outras categorias acabaram se fechando por conta das negociações com a Fórmula 1. Na época, você estava negociando com Williams e Sauber, certo?

Felipe Drugovich: Tivemos conversas, sim, mais avançadas com a Sauber do que com a Williams, ao contrário do que a mídia brasileira disse. Diziam que eu já estava fechado com a Williams, mas isso estava longe da realidade. Não sei de onde tiraram essas informações. Cheguei perto de ter uma vaga para este ano, mas outros cinco pilotos também vão dizer o mesmo, então é difícil.

Pergunta: Você falou que tem contrato com a Aston Martin. Esse contrato é válido para o ano que vem ou termina esse ano?

Felipe Drugovich: Válido para o ano que vem.

Pergunta: Então você continua, em tese, como piloto reserva da Aston Martin para 2025?

Felipe Drugovich: Dependendo do que acontecer no ano que vem, mas, teoricamente, sim, se eu quiser continuar.

Avaliando o futuro: Indy, WEC ou Fórmula E?

Pergunta: Dentre as categorias que você tem observado, já testou o carro da Fórmula E, compete na European Le Mans Series e agora testou o carro da Indy. Para onde você acha que está mais inclinado a seguir?

Felipe Drugovich: Acho que depende muito da oportunidade que aparecer. Faria qualquer campeonato feliz, desde que eu possa brigar pelo título. Tem que ser uma equipe que me dê essa chance, que tenha histórico, embora o histórico seja relativo. Na Fórmula 2, por exemplo, a MP Motorsport não tinha histórico de ganhar, mas sabíamos que havia uma oportunidade. Meu objetivo para o próximo ano é estar em uma equipe que me permita lutar pelas primeiras posições.

Críticas e escolhas

Pergunta: Muitos dizem que você poderia ter se vinculado a outras equipes ao invés da Aston Martin. Como você e seu time reagem a essas críticas?

Felipe Drugovich: Se eu pudesse dizer o que eu realmente quero... Brincadeira! Cada um tem o direito de pensar o que quiser, mas ninguém estava lá vendo as oportunidades como estavam no momento. A Aston Martin me deu 10 dias de teste no ano passado, algo que nenhuma outra equipe ofereceria. Fui provavelmente o piloto que mais testou um F1 no ano passado. Toda vez que entro num carro de F1, me sinto pronto. Então, acho que sim, foi a melhor opção para mim. Ainda não rolou uma vaga como titular, mas essa oportunidade de testar e aprender foi uma coisa que vou levar para a vida toda.

A busca por uma vaga como titular

Pergunta: Sendo sincero, Felipe, você ainda vê a possibilidade de virar titular da Fórmula 1 um dia?

Felipe Drugovich: Sim, acredito que sim. Se eu não acreditasse, não faria sentido estar ali. Sei que é difícil, e quanto mais o tempo passa, mais difícil fica, mas ainda vejo essa oportunidade. Mostrei o que sou capaz e sei que posso estar pronto para uma chance.

O teste na Indy

Pergunta: Como foi esse teste com o carro da Ganassi?

Felipe Drugovich: O estilo de guiada é bem diferente, eu fiquei surpreso com a velocidade, mas ao mesmo tempo foi muito diferente do que eu achava que ia ser. Eu imaginava que ia ser muito parecido com um carro da F2 e até o estilo de guiada não é tão diferente, mas a sensação que o carro te passa é extremamente diferente de qualquer coisa que eu já guiei. Foi uma experiência muito boa pra mim, em termos de tempos fui bem, andei bem, demonstrei o que eu podia fazer e também é um dos testes que a equipe usa, por mais que seja um teste com um piloto novato na categoria, eles usam pra fazer testes no carro mesmo, porque mesmo lá os testes são muito limitados então a gente testou muitas coisas para a equipe em termos de setup e eles gostaram muito do feedback então estou muito feliz com o resultado dos testes.

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