F1- Alpine sabe que vitória ainda não foi o bastante para consolidar desempenho
Apesar da vitória e da ótima estratégia para garantir o resultado, a Alpine sabe que ainda tem muito trabalho pela frente para conquistas vitórias 'sozinha'
Vez ou outra a Fórmula 1 contempla seus fãs com corridas inesperadas, em que os principais pilotos passam por problemas e o alinhamento dos planetas leva à vitórias igualmente inesperadas. Em 2020, o inesperado aconteceu duas vezes: a primeira com a vitória de Pierre Gasly e AlphaTauri em Monza e depois no GP do Sakhir com Sergio Pérez e Racing Point.
Na Hungria, no último final de semana, foi a vez de Esteban Ocon e a Alpine atingirem o inesperado após o caos da curva 1. Foi a primeira vitória do time desde 2013, época em que se chamava Lotus.
A sorte fez a sua parte, mas a equipe e o piloto tiveram que fazer uma corrida impecável para tirar o máximo da oportunidade. E Fernando Alonso, colega de equipe de Ocon, também fez a sua parte.
Ocon largou em oitavo e Alonso em nono. A Alpine estava bem colocada em relação aos rivais. O time não precisava de uma chuva ao seu favor. Na Hungria, nas condições em que se encontravam, a equipe tinha muito a ganhar igual tinha muito a perder.
"Eu não sei se foi tinha sido algo bom", disse o diretor executivo da Alpine Marcin Budkowski após a bandeira vermelha. Se você larga no top 10 em Budapeste, você tem quase certeza que vai pontuar. Se chove, você pode terminar no pódio ou na brita. Alguns terminaram nela.
"Dessa vez, não foi a gente. Mas também dessa vez a gente teve a oportunidade. Foi uma corrida de oportunidades. Nas corridas anteriores elas não apareceram para nós. Na Hungria, sim".
Ocon saiu do caos da primeira curva em segundo, enquanto Alonso teve menos sorte e ficou em sétimo após ser passado por cinco carros que vieram atrás dele. No pit wall da Alpine, a equipe tentou entender o que havia acontecido.
Esteban Ocon, Alpine A521, Sebastian Vettel, Aston Martin AMR21
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
De todas as estratégias planejadas pela Alpine depois da classificação, defender um segundo lugar provavelmente não estava na lista, mas Budkowski disse que não havia muito o que repensar.
"Honestamente, não teve muita mudança. Nós sabíamos que a relargada seria com pneus intermediários e depois botaríamos os pneus que quisessemos. Entretanto, acreditávamos que provavelmente seria uma corrida de uma parada. Nós deixamos de lado os pneus macios, que era o mais fraco aqui."
"E então o sol veio quando já os nossos pneus já estavam escolhidos. A pista começou a secar bem rápido. Nós já estávamos comprometidos com os intermediários, todos estavam, mas durante a volta de formação os pilotos reportaram que a pista estava seca, então o estrategista disse para a gente trocar para os pneus slicks."
"Era uma decisão difícil. Você está em P2 e vai relargar na primeira fila. É melhor tomar a largada?"
Enquanto os carros completavam a volta de formação, a decisão foi de trocar os pneus dos dois carros. A Mercedes não escolheu trocar e Hamilton seguiu para o grid, e como o o segundo lugar era de Ocon, ele foi o primeiro a entrar nos boxes.
Alpine tinha que ter certeza que estava fazendo a coisa certa, a equipe não sabia que todos seguiriam Ocon.
"Exatamente", disse Budkowski. "Mas foi a decisão correta. Todo mundo, tirando Lewis, fez isso. Foi um pouco surreal ver o Lewis sozinho na relargada. Mas nesse momento a gente sabia que seria uma boa corrida para nós."
E foi mesmo. Quando Hamilton entrou nos pits no fim da primeira volta e trocou para os pneus slicks, Ocon tomou a liderança da corrida. Sua única preocupação era manter Vettel atrás dele, mas a equipe sabia que Hamilton ainda era uma ameça.
Alonso estava em quarto quando Hamilton o alcançou faltando 20 voltas para o final. O instinto de piloto do espanhol era de defender a própria posição, mas ele sabia também que havia algo maior para o colega de equipe na liderança.
Alonso fez um trabalho incrível de segurar Lewis Hamilton nas voltas finais, com uma aula de direção defensiva. Porém, era inevitável que ele perderia a posição, algo que aconteceu restando cinco voltar para o final.
Foi somente com três voltas para o fim que a Alpine a estratégia da Alpine mostrou que Ocon de fato ficaria na frente, com a vitória pronta para ser conquistada. Ocon cruzou a linha de chegada na frente de Vettel depois de uma pilotagem perfeita.
Foi um dia magnífico para a Alpine, mas a equipe está ciente que ainda há muito trabalho para se fazer antes de disputar vitórias contando somente com seu mérito no futuro.
Esteban Ocon, Alpine F1, 1st position, celebrates on the podium
Photo by: Andy Hone / Motorsport Images
"Perdemos alguns momentos assim antes, eles foram dolorosos", contou Budkowski. "Porque as vezes você vê que poderia ganhar uma corrida, terminado no pódio, e a gente não. E hoje conseguimos. Teve um elemento de sorte, mas não foi tudo. Você pode ter a sorte na largada, mas ainda tem que mostrar o resultado."
"Como um time, temos que parabenizar o trabalho de todos, mas esses fatos são momentos decisivos em um time. Entretanto, não vamos nos empolgar muito. A gente não tem um carro para vencer em corridas normais."
"E esse é nosso objetivo, construir um carro assim, então queremos beber o champagne toda corrida, não só quando acontece algo que nos favorece. É super importante para o time, não me interprete errado. O objetivo é construir um carro rápido."
Essa é a esperança do time para 2022, pelo menos. Enquanto isso, como outros times estão caçando a Mercedes e a Red Bull, a Alpine pode extrair o máximo do que tem e aproveitar as oportunidade.
"Foi a execução perfeita das chamadas estratégicas, os pits foram precisos, a execução foi perfeita", disse Budkowski. "Esse ano não começou fácil. Nós agora conseguimos essa vitório. Estou imensamente orgulhoso do trabalho de todos aqui, foi de verdade uma vitória do time."
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