F1: Entenda 'dilema do downforce' apresentado pela chuva prevista para o GP da Bélgica

A corrida sprint do GP da Bélgica de Fórmula 1 foi amplamente afetada pelos diferentes níveis de downforce utilizados pelas duas equipes que largaram na ponta. A abordagem de menor arrasto da Red Bull com Max Verstappen provou ser a configuração mais bem-sucedida. No entanto, a possível chuva no domingo pode ser um dilema para as escuderias.

A McLaren, com downforce um pouco maior, o que levou a uma diferença de 0,47 segundo entre o pole position Oscar Piastri e Verstappen na classificação, estava em desvantagem na largada, quando o pelotão estava mais apertado; isso permitiu que Verstappen, com a asa diferente, conseguisse um vácuo poderoso na reta Kemmel para disputar a liderança.

Quando Verstappen chegou à liderança, cabia a ele mantê-la. Evitar uma ultrapassagem de Piastri na curva 5, Les Combes, foi fundamental para isso - embora o RB21 "escorregadio" pudesse anular parte do esforço de DRS de Piastri por conta própria.

Verstappen também precisou ser perfeito com o uso da bateria para neutralizar o uso de Piastri, já que o piloto da McLaren esperava encontrar uma maneira de passar. No fim das contas, o holandês administrou a liderança com maestria para conquistar a vitória.

Embora a otimização de baixo arrasto para a corrida sprint tenha sido a estratégia certa, a corrida de domingo pode ser um pouco diferente. Há dois aspectos a serem considerados: primeiro, a degradação dos pneus e, segundo, o início da chuva.

Piastri descreveu a dificuldade de decidir as próximas etapas de configuração em seus comentários após a corrida. "Se estiver molhado, naturalmente você quer um pouco mais de downforce", disse o australiano, "mas se não estiver molhado, não quero repetir a corrida sprint que acabamos de fazer".

Manter a configuração ou se arriscar? Vamos apresentar os dois casos.

Spa não é conhecido por ser um circuito que consome pneus, mas a natureza limítrofe esperada entre uma corrida de uma e duas paradas no circuito belga pode muito bem colocar algum ônus no gerenciamento dos pneus.

Para isso, um pouco mais de downforce traseiro extra atenuará o efeito de deslize, o que exacerbará o desgaste dos pneus. É claro que é importante não colocar 'muita asa traseira' na configuração do carro, simplesmente porque qualquer piloto seria um alvo fácil na reta final.

Oscar Piastri, McLaren

Foto de: Erik Junius

As equipes têm simuladores de piloto em circuito e programas de simulação de corrida virtual onde podem mexer nas configurações de carga e determinar qual oferece o melhor equilíbrio. Caso a corrida seja no seco, os engenheiros de simulação analisarão a degradação esperada ao longo de uma sessão e determinarão como o nível da asa afeta os dados de tempo de volta ao longo de uma sessão - e isso oferecerá o ponto de partida para os ajustes pós-sprint.

O fator mais importante, no entanto, é a chuva. Espera-se precipitação no domingo, embora não seja totalmente garantido. De qualquer forma, a chuva exige uma configuração de maior downforce para aliviar parte da dificuldade de pilotar em condições de baixa aderência em velocidades reduzidas e para garantir que os pneus mantenham a temperatura.

A aposta em uma configuração para pista molhada custará um tempo considerável nos treinos classificatórios, um efeito que pode se tornar uma bola de neve se a chuva for menor do que o esperado no domingo.

Na verdade, as equipes terão que fazer uma aposta aqui. Os dois extremos são correr com um carro de baixo arrasto para obter o melhor resultado possível nos treinos classificatórios e torcer para que não chova, ou apostar em chuva forte e ir com tudo para o domingo com alta downforce.

Mas há muito espaço para explorar entre essas duas configurações, e as equipes simplesmente não saberão a resposta certa até a tarde de domingo na Bélgica. É provável que a maioria tenha que ajustar um pouco mais de downforce, mesmo que seja apenas para fins de gerenciamento de pneus, mas então se torna uma questão de quanta velocidade máxima as equipes estão dispostas a sacrificar além disso.

Max Verstappen, Red Bull Racing, Helmut Marko, Red Bull Racing

Foto de: Red Bull Content Pool

Verstappen afirmou que a Red Bull certamente precisaria analisar sua configuração, pois foi prejudicada por sua configuração de baixo downforce nas condições chuvosas de Silverstone há três semanas - e o consultor da Red Bull, Helmut Marko, pareceu confirmar isso.

"Vamos dar mais uma olhada na previsão do tempo", disse Marko à Sky Germany. "No momento, há 80% de chance de chuva e, como sabemos em Silverstone, você não ganha nada no molhado com uma configuração de baixo downforce".

"Por isso, acho que vamos mudar para uma configuração de downforce mais alta, mesmo que isso signifique que não vamos largar na frente. Mas, na chuva, isso ajudará na corrida. Depende da configuração que os outros usarem, se alguém apostar. Mas, sim, pode ser a segunda ou terceira fila [no grid]. Vai ser interessante".

Essa é a natureza inconstante da F1 - se alguém fizer a aposta e acertar, será elogiado nas próximas semanas. Mas, se errarem, serão questionados por que não escolheram coroa em uma decisão que equivale a um cara ou coroa.

Fred Sabino, da BAND, comenta ida da F1 à GLOBO, KIMI NA ALPINE (?), Max, BORTOLETO, Drugo e McLAREN

Ouça: Podcast Motorsport.com 344, com Fred Sabino, editor de F1 da Band

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