A Fórmula 1 revisou o desenho das asas que terão um papel fundamental para os conceitos dos carros da temporada 2021, quando a categoria passará por profundas modificações em busca de aumentar a competitividade e atrair mais fãs.
No último mês, um modelo em escala de 50% de um carro de F1 foi testado no túnel de vento, apresentando resultados encorajadores à equipe técnica que lidera as propostas para a temporada em que tudo mudará.
No desenho revelado, o bico do carro se acopla diretamente à aba principal da asa dianteira e os cinco elementos horizontais atuais foram reduzidos para apenas três, com extremidades mais largas e simples.
A asa traseira também mudou nas extremidades e na fixação da estrutura, que ficará mais abaixo do que as usadas atualmente.
Lembre como foi o teste do último mês:
Agora, a F1 revelou em seu site oficial que o carro, batizado de Lima, tem sido redesenhado para apresentar “um design mais elegante e ter asas dianteiras e traseiras mais dramáticas”. A publicação não traz novas imagens, mas alguns times mostraram suas versões do projeto nesta segunda-feira.
O chefe do departamento técnico da FIA, Pat Symonds e coordenador de assuntos técnicos, Nicolas Tombazis focaram em refinar a asa dianteira, que terá um “desenho de apelo curvilíneo futurista ao invés de ser reto”. Além disso, as duas amplas extremidades das asas dianteiras apontaram para cima “drasticamente” a partir de agora.
De acordo com a F1, a asa traseira também será mais larga e as extremidades serão levemente curvadas para dentro, por questões estéticas.
Outras modificações incluem abaixar a ponta do nariz do carro em “cerca de 25mm”, redesenhar o assoalho, o que deixará o chassi um pouco mais alto e dará aos pilotos um pouco mais de espaço com um apoio de cabeça mais alto e uma entrada de ar maior”.
Nossa análise exclusiva do modelo 2021:
Os testes no túnel de vento com o carro “Lima” irão continuar até que as regras para 2021 sejam publicadas no próximo mês. Isto incluirá a avaliação de se as asas dianteiras poderão ser mais estreitas sem prejudicar os esforços de reduzir a turbulência que elas criam.
Apesar de dar um visual distinto aos carros ser um dos objetivos para 2021 em diante, permitir que eles disputem posições melhor continua sendo a meta principal.
No último mês, Symonds disse que os resultados eram “na verdade além do que eu havia imaginado que atingiríamos quando começamos o projeto”.
“Com as configurações que temos neste momento, os resultados são excepcionais”, disse o britânico.
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Efeito Solo
O controverso sistema que 'gruda' os carros ao chão e beneficia as ultrapassagens já foi banido da Fórmula 1 no passado por ser considerado muito perigoso. No entanto, os entusiastas lembram que a competição era mais acirrada no período em que a tecnologia esteve presente. Relembre as curiosidades sobre o efeito solo:
1970 - Chaparral 2J-Chevrolet
Foto de: LAT Images
A tecnologia foi primordialmente explorada pela equipe Chaparral, que utilizou o modelo 2J no campeonato norte americano de protótipos, o Can-Am. No entanto, mesmo sem ter conquistado nenhuma vitória, a novidade foi banida da categoria.
1978 - Lotus
Foto de: Rainer W. Schlegelmilch
A equipe chegou a experimentar o efeito solo em 1977, mas foi no ano seguinte que implementou a tecnologia em definitivo. O time venceu oito corridas naquele ano e conquistou o mundial de construtores e o mundial de pilotos com Mario Andretti.
1978 - Lotus
Foto de: LAT Images
Andretti venceu seis provas e somou 64 pontos, 13 a mais que seu companheiro de equipe, Ronnie Peterson. A Lotus só não venceu todas as etapas do mundial porque seu carro tinha problema de confiabilidade, algo comum na antiga F1.
Colin Chapman: o criador, mas nem tanto
Foto de: Sutton Motorsport Images
Colin Chapman, o projetista chefe e proprietário da Lotus, colhe até hoje os louros pelo sucesso do efeito solo na F1. No entanto, apesar de ser o idealizador do carro vencedor, os responsáveis por trazer o efeito solo para a equipe foram Tony Rudd e Peter Wright, que já tinham tentado algo similar na BRM no final dos anos 60.
1978 - Brabham BT46B Alfa Romeo
Foto de: LAT Images
Além da Lotus, outras equipes de várias categorias já estavam perseguindo ideias semelhantes desde o começo da década de 70. A Brabham foi quem mais se aproximou de bater a Lotus em 1978.
1978 - Brabham BT46B
Foto de: Sutton Motorsport Images
Niki Lauda venceu a etapa da Suécia da F1 com um carro que usava um ventilador para "chupar" o ar debaixo do carro e forçar o efeito solo. No entanto, a tecnologia do time foi banida antes do fim da temporada.
1978 - Jody Scheckter, Ferrari 312T4
Foto de: LAT Images
Apesar de não usar o efeito solo em 1978, a equipe italiana foi vice-campeã em 1978, graças à confiabilidade do carro que venceu todas as vezes que a Lotus teve problemas. Em 1979, a Ferrari reuniu o que tinha de melhor do carro do ano anterior com uma versão própria do efeito solo, e com isso dominou o campeonato. Jody Scheckter venceu e Gilles Villeneuve foi vice.
1980 - Williams FW07B Ford Cosworth
Foto de: LAT Images
A Williams resolveu dois problemas do efeito solo e faturou a temporada de 1980 com Alan Jones. A equipe conseguiu reduzir os custos da solução e fazer com que as peças se ajustassem às curvas, evitando a perda do efeito fora das retas.
1980 - Nelson Piquet, Brabham BT49-Ford Cosworth
Foto de: LAT Images
Nelson Piquet venceu suas primeiras corridas a bordo de uma Brabham naquele mesmo ano e fez frente à Alan Jones no campeonato mundial.
1980 - Brabham BT49
Foto de: Sutton Motorsport Images
O brasileiro triunfou três vezes na temporada e chegou a liderar o campeonato.
1980 - Nelson Piquet (Brabham) e Alan Jones (Williams)
Foto de: Jean-Philippe Legrand
No entanto, a falta de confiabilidade do carro acabou impedindo Piquet de pontuar nas duas últimas etapas, enquanto Jones vencia as provas e superava o brasileiro, sagrando-se campeão mundial.
1981 - Nelson Piquet, Brabham BT49C
Foto de: LAT Images
O ano foi um dos mais disputados da história da categoria, com sete pilotos de seis equipes diferentes vencendo corridas.
1981 - Nelson Piquet, Brabham
Foto de: Sutton Motorsport Images
Nelson Piquet brilhou no carro da Brabham, que era capaz de se ajustar às curvas para manter o efeito solo e vencer a concorrência. O brasileiro conquistava ali o primeiro título mundial de sua galeria.
1982 - Keke Rosberg, Williams FW08
Foto de: Sutton Motorsport Images
No último ano do efeito solo na categoria, Rosberg se valeu da regularidade para ser campeão mundial.
1982 - Keke Rosberg, Williams
Foto de: Williams F1
Naquele ano, 11 pilotos diferentes venceram corridas, mas o finlandês, que venceu apenas uma, chegou mais vezes nos pontos do que todos os rivais e levou o caneco.
1982 - Excesso de acidentes pôs fim ao efeito solo
Foto de: LAT Images
Os acidentes se tornaram frequentes com o avanço do efeito solo, pois bastava o carro tocar no chão para o efeito ser totalmente cancelado, fazendo com que os pilotos perdessem o controle do carro. Dois dos acidentes foram fatais. Na imagem acima, o acidente que tirou a vida de Gilles Villeneuve.
1982 - Excesso de acidentes pôs fim ao efeito solo
Foto de: LAT Images
O último acidente fatal daquele ano foi o de Riccardo Paletti, no Canadá. Logo em seguida, a FIA decidiu eliminar totalmente o efeito solo. Depois do acidente de Paletti, as próximas mortes durante em um fim de semana de GP foram as de Ratzenberger e Senna em Imola, 12 anos depois.
2021 - O retorno do efeito solo
Foto de: Giorgio Piola
Em 2019, a F1 está decidindo os rumos que tomará no futuro. Buscando aumentar as ultrapassagens e o espetáculo, a categoria decidiu reintroduzir a tecnologia a partir de 2021.
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