O que o acordo com a Aston Martin significa para a Red Bull?
James Allen analisa o anúncio da parceria da Red Bull com a Aston Martin e os rumos para a empresa dos energéticos na F1
James Allen on F1
James Allen is one of the most experienced and insightful broadcasters and journalists working in Formula 1 today.
Nesta segunda-feira (25), a Red Bull Racing confirmou os rumores que circulavam no paddock do GP de Cingapura: A partir de 2018 a equipe muda de nome, passando a se chamar oficialmente Aston Martin Red Bull Racing.
A dinâmica disto se baseia em patrocínio, não em fabricação de motores. O chassi da equipe também não terá Aston Martin no nome. Neste sentido, este é um acordo muito parecido com o que a Red Bull teve com outra fabricante de automóveis de luxo, a Infiniti, entre 2011 e 2015.
Esse acordo terminou quando a Renault iniciou sua própria equipe de F1, e a Red Bull perdeu seu status de time de fábrica da montadora.
Uma das principais diferenças deste acordo é que a maioria das pessoas que seguem a F1 já conhecem a Aston Martin, enquanto que com a Infiniti muitos fãs não tinham conhecimento da marca.
As comparações com a parceria da Infiniti são ainda mais válidas quando você considera que Christian Horner, chefe da equipe, fez ambas as negociações com o mesmo homem: Andy Palmer, que foi CEO da Infiniti e hoje é CEO da Aston Martin.
O que a Aston Martin quer mostrar aqui é inovação e tecnologia.
A empresa incorporará engenheiros à fábrica da Red Bull em Milton Keynes (Inglaterra), que fica a apenas meia hora da base da Aston Martin. A parceria também ocorrerá em mais projetos, como o supercarro Aston Martin Valkyrie – que teve suas 15 unidades produzidas vendidas por 2,6 milhões de dólares a cada comprador.
Com 1000 cv e motor V12, o Valkyrie é o rival do novo Mercedes-AMG Project One, que foi anunciado recentemente e mostra uma nova tendência de supercarros de edição limitada inspirados em carros de F1.
O efeito de combinar os engenheiros e designers da Aston com Adrian Newey e seus funcionários é claramente uma proposta convincente para a Aston Martin, o que dará um brilho à marca aos olhos dos compradores.
As duas empresas dizem que um total de 110 novos empregos serão criados para trabalhar em novos projetos de supercarros no Centro de Performance Avançada em Milton Keynes.
Há apenas um problema: O motor
Aston Martin e Red Bull Racing têm um problema sério para lidar a curto prazo, que é encontrar um motor competitivo na F1.
O time irá perder o seu fornecimento de unidades da Renault a partir do final de 2018, e, embora vá estar testando os motores da Honda na Toro Rosso na próxima temporada, poucos esperam que a montadora japonesa acabe com a fraqueza da Red Bull nesta área.
Todas as fontes com conhecimento do projeto da Honda na F1 sugerem que as correções necessárias para mudar a cultura de gestão e tornar o motor japonês competitivo não estão próximas e há poucos sinais desta mudança.
As discussões em torno da futura tecnologia dos motores da F1 continuam, conduzidas por Ross Brawn e sua equipe. Mas os últimos boatos são de que as fabricantes querem a continuação do componente MGU-H (gerador de energia térmica) no sistema híbrido – elemento caro e complexo.
Andy Palmer deixou de lado o envolvimento no lado da construção dos motores, já que a Aston é pequena em comparação com a Mercedes e a Ferrari, mas observou com bastante otimismo: "As discussões de unidade de potência (na Fórmula 1) são de nosso interesse, mas apenas se as circunstâncias forem certas.”
"Não queremos entrar em uma guerra de motores sem restrições de custo ou dinamômetro, mas acreditamos que, se a FIA puder criar o ambiente certo, estaríamos interessados em nos envolver."
A unidade de potência sempre foi o ponto fraco da proposta da Red Bull Racing, e, entre agora e 2020 (ou seja, três temporadas), continuará sendo. Isso é motivo de preocupação para os pilotos da equipe, Daniel Riccardo e Max Verstappen, que querem ganhar com urgência.
A partir de 2021, deverá haver alguma forma de uma fabricante de motores independente, como a Cosworth, ser capaz de fornecer motores competitivos a bons preços. É um dos principais pilares do plano de Ross Brawn junto às montadoras e a FIA.
Por outro lado, o proprietário da Red Bull, Dietrich Mateschitz, está frustrado com esta era da F1 por seu custo e pelo que considera falta de valor de entretenimento.
Seu investimento na Red Bull Racing teve que aumentar com a perda de prêmios em dinheiro e o patrocínio da Infiniti (a partir de 2014): As estimativas colocam um gasto líquido de 40 milhões de dólares para a Red Bull por ano, em comparação com os 10 milhões gastos em 2013.
Pode-se ver por que houve pressão da marca para trazer um patrocinador para ajudar com o investimento.
Se o time acabar com um motor Honda pouco competitivo em 2019, e as novas regras de 2021 não moverem a fórmula de motor para a direção certa, pode-se imaginar Mateschitz pensando em sair da F1.
Ele ameaçou no passado, mas desistiu. Contra isso está o crescimento do negócio da F1 sob o comando da Liberty Media. Se houver mais retorno nas receitas, se os custos forem controlados de modo que o gasto líquido seja minimizado e se a marca da Red Bull atingir mais jovens, então a decisão de sair irá se tornar mais difícil.
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