Pioneirismo, morte de Senna e narração de GP lendário: Relembre momentos de Léo Batista na Fórmula 1

Histórico narrador brasileiro foi a voz da categoria nas décadas de 1970 e 1980, incluindo a narração do lendário GP da França de 1979

Léo Batista

Foto de: Divulgacao

Neste domingo (19), morreu Léo Batista, conhecido como A Voz Marcante da TV, aos 92 anos de idade. O lendário jornalista e apresentador fez parte da história do automobilismo e da Fórmula 1 no Brasil, sendo o primeiro narrador de Fórmula 1 da TV Globo.

Segundo boletim médico do dia 17 de janeiro divulgado para mídia selecionada, incluindo Motorsport.com, Léo Batista teve entrada no hospital no dia 6 de janeiro, com quadro de desidratação e dores abdominais e, após exames, foi encontrado um tumor no pâncreas. O mesmo informativo diz que no dia 17 ele estava internado na UTI.

João Baptista Bellinaso Neto nasceu em Cordeirópolis, no interior de São Paulo, no ano de 1932, e participou de momentos inesquecíveis da sociedade brasileira ao longo de quase 80 anos de carreira, incluindo a morte de Getúlio Vargas em 1954. Léo Batista foi adotado quando foi para o Rio de Janeiro, como nome profissional.

'A Voz Marcante' entrou na Globo em 1970, para participar das coberturas de futebol, mas, depois do título de 1972 de Emerson Fittipaldi, o interesse pela categoria aumentou e fez o canal de televisão carioca transmitir algumas corridas ao ano, com a narração de Léo Batista.

Em entrevista ao jornal O Globo em decorrência dos 70 anos da F1, em 2020, Batista relatou as dificuldades de uma  transmissão pela televisão na época, com pouca tecnologia para acompanhar os detalhes da corrida:

"As informações naquela época eram poucas. Fiz as primeiras transmissões junto com um piloto de São Paulo, o Fábio Crespi, que entendia muito de automobilismo. Mas era difícil acompanhar as atualizações das corridas, pois o sistema de transmissão era complicado".

"Mudavam as tomadas de imagem no meio das disputas por posição. E não havia um computador com a classificação atualizada. Era complicado saber quem estava na frente, quem parou, quem mudou de posição".

"O nosso monitor era uma telinha pequenininha, de umas 14 polegadas mais ou menos, preto e branco ainda por cima. Era difícil de reconhecer os carros'.

No entanto, o lendário apresentador contou como 'criou' uma tecnologia para facilitar o trabalho de cobertura dos GPs:

"Como não tinha computador, eu precisava me virar. Peguei uma placa de metal e comprei ímãs de encaixe que tinham umas tiras de plástico, onde eu botava nome, número dos pilotos e os nomes das equipes. Essa tabuleta eu botava na ordem de classificação que pegava no jornal do dia".

"À medida que íamos observando as trocas de posições, eu mudava. Uma vez eu fui mostrar essa placa para o Luis Roberto e ele ficou extasiado. Parecia que tinha encontrado uma pepita de ouro".

"A necessidade me obrigou a inventar um jeito de não me perder. Foi uma surpresa quando me chamaram para transmitir uma corrida".

Uma das corridas narradas por Léo Batista foi o histórico GP da França de 1979, considerado por muitos a melhor corrida da história, com a disputa insana entre Jean-Pierre Jabouille e Gilles Villeneuve nas últimas curvas do circuito de Dijon.

 

Uma das marcantes coberturas da carreira de Léo Batista foi, infelizmente, a apresentação do plantão de cobertura do acidente da morte de Ayrton Senna, no circuito de Ímola em 1994. Na ocasião, o repórter que cobria diretamente do hospital em Bolonha era Roberto Cabrini.

Em entrevista ao programa Redação Sportv, do canal esportivo Sportv, em 2011, contou sobre como tal momento foi o mais triste de sua vida como jornalista:

"Naquela confusão, Galvão Bueno estava nervoso e emocionado. Reginaldo Leme também. Eu acabei ficando no estúdio com o retorno no ouvido, escutando a médica, quando ela disse que o Senna tinha perdido massa encefálica. Eu entendo um pouco de italiano. E entendi que ele tinha morrido. Avisei para o pessoal. E acabei dando a notícia da morte do Senna. Fico até arrepiado lembrando disso. Foi triste".

 

Léo Batista tinha mais de 70 anos de carreira na comunicação, tendo também participado de 13 edições de Jogos Olímpicos e 13 Copas do Mundo, além de anos na apresentação do Globo Esporte, Esporte Espetacular e outros programas da grade esportiva do canal carioca.

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Andrei Gobbo
Fórmula 1
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