Renault explica por que não fabrica mais motores de F1
Valores altos de produção foi fator decisivo para a fábrica decidir se tornar uma 'equipe cliente'
A Renault optou por descontinuar o projeto de produção de motores da Fórmula 1 e deve confiar na Mercedes para oferecer as unidades de motor à Alpine no futuro. A decisão, que só foi oficializada recentemente, causou alvoroço na fábrica de Viry-Chatillon.
Em entrevista ao jornal francês L'Equipe, o CEO da Renault, Luca de Meo, explicou que a decisão foi necessária para repensar todo o projeto da F1 e conseguir retornar ao sucesso.
"Eu sou um gerente. Comando uma empresa de capital aberto", explicou o francês. "E tenho que repensar o projeto da F1 para finalmente vencer".
"Então, estou procurando atalhos para conseguir isso. Nós nos tornamos invisíveis. Mais dois anos assim e o projeto entraria em colapso total. Estamos em uma tendência de queda há três temporadas. Tivemos que dar uma sacudida em tudo. Com uma lógica financeira em mente", diz de Meo.
De Meo: Temos que pensar no negócio
No final, os números foram o fator decisivo. O enorme investimento necessário para produzir um motor não faz sentido se for possível instalar uma unidade de cliente mais econômica que forneça a mesma potência, se não mais, por um investimento significativamente menor.
"Os verdadeiros entusiastas não ficam impressionados com esse cálculo", admite o CEO da Renault. "Eu estou".
Nesse contexto, ele também enfatiza que a Viry, com seus 340 funcionários no setor de F1, não tem chance de competir com a Mercedes, que emprega cerca de 900 pessoas.
"Eles têm bancos de testes que nós não temos", continua De Meo. "A transição para a era híbrida exigiu um investimento significativo, que foi subestimado na época. Estruturalmente, trabalhamos com três cilindros, enquanto outros têm oito".
Portanto, a Renault queria deixar a F1 há quatro anos. "Se ainda estamos nela, é porque eu salvei o dia".
"Mas não temos a estrutura para estar na vanguarda do desenvolvimento da química das baterias, do gerenciamento de software e da recuperação de energia. Não se trata apenas de colocar um motor na bancada de testes e dizer: 'Ei, chefe, eu posso fazer 415 kW'", diz o gerente.
O próprio motor de F1 não tem mais o mesmo valor
Além disso, o valor da F1 como ferramenta de marketing para os fabricantes de motores mudou. Ganhar no domingo, vender na segunda-feira - isso não se aplica mais. Hoje, as pessoas associam as marcas a outras coisas.
"Os patrocinadores vêm para uma equipe, não para um motor", diz De Meo. "Os parceiros assinam com a McLaren, não com a Mercedes sob o capô. O público da F1 mudou. Ele se expandiu para incluir jovens e mulheres. Essa nova clientela interpreta o esporte de forma diferente".
"Nós apoiamos um piloto, uma cor, uma marca. Não um motor. A Alpine perde prêmios por causa da nossa posição. Os patrocinadores são raros. Nós temos um buraco. Meus acionistas podem contar. A Alpine precisa ganhar dinheiro".
Luca de Meo, CEO da Renault, rejeita mais uma vez os rumores de uma venda
Foto: Motorsport Images
A venda da equipe, que vem sendo especulada há algum tempo, não era uma opção nesse contexto. O CEO da Renault está certo de que o valor do time francês continuará a aumentar, tendo em vista o crescimento da F1.
"Recebo ligações a cada 15 dias de financistas, excêntricos que querem entrar na F1. Eles sabem que o custo será muito maior depois de 2026".
"Se você conseguir um bilhão de libras pela equipe hoje, poderá vendê-la pelo dobro disso daqui a dois anos. Há muitos especuladores aqui. Eu já disse não 50 vezes. Um time logo valerá entre três e cinco bilhões de dólares. Eu não vou vender, não sou estúpido", diz De Meo.
Porque, mesmo sem seu próprio motor, é "crucial" para a marca Alpine estar na F1.
"Pertencemos a um clube de elite. Isso dá credibilidade à marca entre os entusiastas de carros. Não precisamos desse dinheiro".
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