ANÁLISE: Como Fittipaldi superou acidente e limitações da equipe para virar destaque da F2
Piloto brasileiro vem entregando a melhor performance de um piloto da Charouz na F2 desde 2018
Aos poucos, Enzo Fittipaldi se torna um destaque na Fórmula 2 em 2022. Para isso, precisou superar vários desafios, incluindo o forte acidente sofrido no fim do ano passado em Jeddah e as limitações da Charouz, que possui operações mais modestas que as equipes de ponta do grid.
Mesmo assim, vem entregando uma sequência de resultados que ajudam a equipe a crescer na categoria, e a construir seu próprio caso para seguir crescendo na carreira.
Esse momento positivo vem um ano e meio após uma mudança de direção que parecia irreversível. A pandemia da Covid-19 impactou duramente sua situação. Sem verba para correr na Fórmula 3 em 2021, rescindiu o acordo com a Academia da Ferrari e partiu em direção aos Estados Unidos, para correr nas categorias de base da Indy.
Mas como o próprio piloto contou ao Motorsport.com mais cedo neste ano, bastou uma ligação para mudar tudo.
"Eu sempre quis continuar correndo. Quando eu saí da Academia da Ferrari, foi porque, no final de 2020, com todos os problemas da pandemia, minha situação com alguns patrocinadores ficou difícil”.
“Meu plano era correr com uma equipe de ponta na F3 em 2021, a Prema ou a Trident, mas não tive o orçamento para seguir correndo na Europa, então troquei para os EUA. Fiz alguns treinos [na Indy Pro 2000], a primeira corrida, e aí recebi a ligação da Charouz para correr de graça na F3, uma semana antes do início do campeonato”.
“Já no primeiro fim de semana, em Barcelona, estava lutando pela vitória. Foi realmente uma loucura. Depois fiz um pódio em Budapeste e foi isso que me deu a chance de correr na F2”.
Após o pódio em Hungaroring, Enzo deixou a F3 com três etapas ainda no ano, fazendo sua estreia na F2 em Monza, tendo como melhor resultado a 11ª posição na corrida principal. Após uma semana complicada em Sochi, ele chega a Jeddah, penúltima etapa do ano.
Enzo se classificou em 18º, terminou a primeira corrida em 12º e chegou aos pontos já na corrida seguinte, com a sétima posição. Mas na largada da prova principal do fim de semana, no domingo, se envolveu em um forte acidente. Théo Pourchaire ficou parado no grid e, sem ter como desviar, Fittipaldi bateu em cheio na traseira do piloto da ART Grand Prix.
O brasileiro saiu com um corte no rosto e uma fratura no tornozelo, ficando de fora da final da F2 em Abu Dhabi. Mas após um longo período de recuperação, deu a volta por cima, retornando à categoria em 2022 para disputar a temporada completa pela primeira vez.
"Tive o acidente [em Jeddah] no ano passado, mas poderia acontecer em qualquer pista. Foi um acidente na largada. Estou física e mentalmente muito forte neste ano, melhorei muito em comparação ao ano passado. Acho que estou em um nível muito bom".
Fittipaldi teve um início de temporada difícil, sem pontuar no Bahrein e em Jeddah. Mas isso não reduziu suas expectativas.
"Estou muito feliz por competir o ano todo na F2. É realmente incrível estar aqui depois de tudo que aconteceu no ano passado. Tive um período focado na recuperação, graças a deus deu tudo certo e já estou acelerando de novo".
"O começo de ano foi muito positivo, batendo na trave algumas vezes, mas acho que agora está na hora de acumular alguns pontos. O nosso ritmo de corrida em Jeddah estava bem forte, erramos apenas na estratégia, mas conseguimos nos recuperar”.
Enzo Fittipaldi no pódio após o segundo lugar em Ímola
Photo by: Alfa Romeo
Foi em Ímola que a fase de Enzo virou, e do melhor modo possível. Saindo da 15ª posição, brilhou na corrida feature, a do domingo e mais importante do fim de semana, ganhando 13 posições para terminar em segundo, fazendo seu primeiro pódio na categoria apenas em sua segunda corrida na zona de pontos.
A temporada de Enzo deslanchou a partir daí. A F2 passou por Barcelona e Mônaco, com ele pontuando nas quatro corridas. Mesmo fazendo sua estreia nas ruas do principado, o mostrou força de cara, garantindo a sexta posição no grid de largada e um quarto lugar na corrida sprint de sábado.
Com isso, o brasileiro foi do fundo da classificação para o top 10 em semanas. Hoje, ele ocupa a sétima posição com 42 pontos, apenas 11 atrás de Jehan Daruvala, veterano da categoria que está em terceiro.
O bom rendimento de Enzo ganha ainda mais importância quando comparamos com seus companheiros de Charouz. Cem Bölükbaşı, titular do segundo carro da equipe, ainda não pontuou após seis corridas disputadas.
O turco não correu as provas em Jeddah e Ímola por acidentes que lhe renderam uma concussão e uma fratura na costela. Na etapa italiana, ele foi substituído por David Beckmann, que terminou em oitavo na prova do domingo.
Com isso, Enzo é responsável por 42 dos 46 pontos conquistados pela Charouz em 2022 após cinco de 14 etapas. Mantendo este ritmo, Fittipaldi tem condições de entregar ao time tcheco sua melhor temporada desde 2018, quando fez sua estreia no grid da F2.
Na ocasião, a dupla formada por Louis Délétraz e Antonio Fuoco conquistou duas vitórias e outros cinco pódios, para um total de 215 pontos, dando à Charouz a sexta colocação entre as equipes, enquanto Fuoco foi o melhor colocado da dupla entre os pilotos, terminando em sétimo, mesma posição ocupada atualmente por Fittipaldi.
Enzo vem se destacando por superar pilotos das equipes de ponta, como Dennis Hauger, campeão de 2021 da F3 e que hoje corre pela Prema. E como ele mesmo destaca, não é porque os carros da F2 são iguais que os times não conseguem se destacar dos demais.
"São várias diferenças, além do acerto do carro. A diferença entre uma equipe de ponta para as outras está na preparação, as ferramentas que eles têm em mãos, o investimento que há por trás. Isso faz muita diferença”.
Assim, o brasileiro vai criando um caso que dificilmente será ignorado pelas principais equipes da F2, mostrando que merece uma vaga em um carro de ponta, que lhe permitirá disputar o título da categoria.
Isso ainda o colocaria bem mais próximo do sonho de chegar à Fórmula 1, podendo ser o quinto representante da família Fittipaldi a correr no Mundial, após o avô Emerson, o tio-avó Wilson, o tio Christian e o irmão Pietro.
Mas como ele mesmo destaca, por enquanto o foco para 2023 é seguir na F2: “Ainda não estou pensando muito em 2023, estou pensando em fazer meu melhor com o que tenho neste ano. E sim, acho que o plano seria correr na F2 em 2023, mas ainda não penso em qual equipe”.
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