Filhos descrevem um Nelson Piquet que você nunca viu
O Motorsport.com Brasil procurou alguns dos filhos do tricampeão mundial de F1 no dia em que completa 65 anos, com cada um deles falando mais sobre o sentimento com o pai e lembrando de histórias marcantes
Irônico, senso de humor ácido, polêmico.... genial! Este é Nelson Piquet, tricampeão mundial de Fórmula 1, que nesta quinta-feira (17/08) completa 65 anos. Mas poucos sabem como Nelsão é no aconchego do lar, entre amigos e familiares. Quem o conhece o define como um dos maiores corações do planeta.
Um dos pilotos mais cerebrais da história da F-1 tem 7 filhos. E engana-se quem imagina um pai pouco presente. Contemporâneo do brasileiro, Gerhard Berger certa vez falou: "As pessoas falam do jeito do Nelson, seu humor ácido e escrachado, mas ele com os filhos é impressionante! Ele coloca todos embaixo de sua asa para acompanhar o que fazem, esteja perto ou longe".
O Motorsport.com Brasil pediu que seus filhos contassem passagens marcantes entre eles. Os relatos são emocionantes e hilários. Delicie-se!
Romeu e Julieta em Brasília
A rivalidade entre os Nasr e os Piquet corria solta nas pistas de Brasília e quase complica a vida de Julia, quando decidiu namorar um certo futuro piloto de F-1.
"Eu namorava o Felipe Nasr quando tinha uns 15 anos e demorou um pouco para o meu pai e ele se conhecerem, pelo Felipe estar um pouco nervoso. O tio ou o pai do Felipe teve alguns problemas com meu pai, na época que o Nelsinho corria de F3 Sulamericana, e mesmo quando na época que o Nasr não corria, meu pai começou a chamá-lo de "inimigo". Quando finalmente eles se conheceram, meu pai disse: 'Ah, então você é o inimigo?', com todos chorando de rir e daí em diante, foi tudo mais tranquilo.
Mas uma coisa que meu pai sempre me falou sobre pessoas e foi muito marcante para mim, é que para você ter um bom relacionamento, durável, saudável e duradouro, você tem que ter duas coisas: a primeira é a admiração, orgulho pela pessoa. Sem isso, não vai durar, seja ela quem for. Quando perguntei a ele qual era a segunda, ele não queria dizer, mas acabou falando mais tarde, que era uma 'boa transa'."
Procura-se paciente fujão
Laszlo Piquet teve que voltar ao Brasil para uma cirurgia na clavícula, após acidente de moto na Itália. Ele só não esperava, já em São Paulo, que alguém poderia dar mais trabalho aos médicos do que ele.
"Quando eu corria de moto, no Campeonato Europeu de Supermoto em Palermo, acabei quebrando a clavícula. Falei com meu pai por telefone e comentei que teria que operar e ele me perguntou se daria para aguentar uma viagem para fazer a cirurgia no Brasil. Vi que daria para fazer isso, mas foi trabalhoso. Fiz Palermo-Milão-Lisboa-SP tudo em econômica, então foi meio sofrido pelas dores. Ele veio me buscar no aeroporto em São Paulo.
Do aeroporto fomos direto ao hospital. Chegando lá, fomos dormir, com a operação marcada para a manhã seguinte. Ele dormiu no sofá do quarto e quando acordei ele não estava lá. Além disso, ele não apareceu e fui para a sala de cirurgia sem vê-lo. Quando retornei, demorou um pouco e ele apareceu no quarto, meio quieto, perguntou da cirurgia e tal, mas reparei que ele também estava com a pulseira do hospital, o que achei estranho. Perguntei o que era aquilo e ele me respondeu que 'tinha ido ver uma coisinha ali'. Ele saiu do quarto novamente e logo depois apareceram duas enfermeiras nervosas, perguntando por ele. Elas acabaram me falando que meu pai tinha fugido da UTI. Durante a madrugada ele começou a passar mal, por conta do estresse comigo e ele ainda não havia feito aquela cirurgia do coração."
A vela da discórdia
Conhecendo o motor de um carro como poucos, Nelson ajudou Nelsinho a vencer o primeiro campeonato brasileiro de kart em 1997. Comandando uma equipe competentíssima e com uma brecha do regulamento, o primeiro grande passo da carreira do primeiro campeão da F-E foi dado de maneira inusitada.
"Esta foto, com o Laszlo, o Rafael, preparador de muita confiança nossa, e meu pai, foi no Campeonato Brasileiro de kart de 1997, em Betim, e nela teve a história da vela de avião. O pessoal esquece que era todo mundo da RBC que tinha essa mesma preparação. A CBA tinha uma brecha no regulamento e tivemos essa vantagem. Muita gente na semana da corrida tentou fazer a mesma coisa, só que isso demorava semanas para desenvolver essa vela especial para andar com esse motor e o pessoal que tentou em cima da hora tinha os seus motores quebrados."
É capotando que se aprende
Algumas lições você aprende com um simples olhar, uma frase curta ou uma pequena atitude. No caso de Geraldo Piquet, foi à força mesmo.
“Acho que em 1989 ou 1990, quando ainda corria de kart, fui fazer um treino com o meu pai no Kartódromo do Guará, ele em um kart e eu em outro e ele começou a me ensinar ultrapassagem. Teve uma hora em que ele veio para me ultrapassar e eu, dando uma de espertalhão, tentei espremê-lo, mas ele não tirou a mão e eu acabei capotando. Foi aí que eu aprendi como fazer as coisas e a respeitar os mais experientes".
Culpa do ouriço
Como um simples machucado corriqueiro de férias pode demonstrar o cuidado de um campeão também com a família, segundo Kelly Piquet.
"Essa é uma das minhas fotos favoritas. Acho que eu tinha, no máximo, 5 anos! Estávamos no Caribe, nadei do barco até uma praia e pisei num ouriço. Chorei muito e meu pai tirou o espinho do meu pé. Ele estava muito nervoso porque eu gritava muito e lembro que ele brigava comigo porque estava nervoso por eu sentir aquela dor. Essa foto foi logo em seguida que ele tirou o espinho do meu pé. E isso descreve ele muito bem como pai. Tudo que dói na gente, dói nele. Ele prefere sentir a dor do que deixar a gente sofrer."
Campeão em duas frentes diferentes
Pedro Piquet faz questão de ressaltar a capacidade e determinação de Nelsão na busca pela perfeição, mesmo em duas carreiras que parecem heterogêneas: piloto e empresário.
"Estou muito feliz pelo meu pai. Hoje ele faz o que mais gosta na vida, vivendo bem em Brasília, com seu hobby, todos os dias com os carros. Você vê que ele tem uma vida muito prazerosa, feliz, sem nenhum problema e com todos os filhos saudáveis. Tenho muita saudade dele aqui na Europa. Ele é um ser humano fantástico. Parece que não, mas se orgulha muito de tudo o que fez, desde os primeiros passos no kart até a F1, e agora como empresário. Ele conseguiu dar certo em duas carreiras diferentes, então é um grande exemplo para todos nós."
Colaborou: Daniel Betting
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