“Quem te escolhe para vencer é Le Mans, não você”, diz Di Grassi
Na preparação para sua terceira corrida na tradicional pista francesa, brasileiro reconhece que faltou sorte.
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Neste final de semana ocorrem as tradicionais 24 Horas de Le Mans, e pela terceira vez o brasileiro Lucas di Grassi entra na prova em um dos carros da Audi. Lucas chegou duas vezes ao pódio na corrida francesa, porém ainda não venceu. Foi terceiro em 2013 e segundo em 2014. Neste ano o piloto espera ter mais sorte, apesar de um começo de campeonato discreto, com um sétimo e um quinto lugar.
Le Mans é uma das corridas mais antigas do automobilismo mundial. Esta será a 83ª edição da prova e mais de 300 mil pessoas passarão na pista durante o final de semana. De dia, de noite, com chuva, óleo na pista - a prova não para. Com todos estes ingredientes, Di Grassi crê que os vencedores sempre necessitem de algo além da técnica.
“O que nos falta é sorte. No ano passado estávamos liderando até quatro horas para o final. Tínhamos uma grande vantagem e nosso turbo quebrou”, lembrou ao Motorsport.com.
“É uma corrida que é muito fácil perder. Então temos que trabalhar para ter o melhor carro possível, rápido e confiável. Porém, um grande fator é a sorte, a confiabilidade. Também, claro, a competência e o talento dos pilotos contam, mas é sorte também. Às vezes outro carro dá uma errada e acaba te batendo, ou uma peça acaba quebrando. Isso acontece muito em Le Mans. O pessoal aqui fala que quem te escolhe para vencer é a corrida, não é você que vence Le Mans.”
“À noite fica tudo mais difícil, claro. Se começa a chover você não consegue ver se a pista está realmente molhada ou se é só chuvisco. Ultrapassar os outros carros é difícil, você não tem muita noção de distância, se o carro está perto ou longe. Mas a noite é curta, tem só seis horas.”
Com nove vitórias e 14 pódios em Le Mans, Tom Kristensen, maior nome da história da prova, será o consultor do time do brasileiro neste ano. “Tive a honra de dividir o pódio com ele no ano passado. Ele se aposentou e neste ano e está como consultor. Ele está nos ajudando aqui na pilotagem, na parte física e nutricional durante a corrida. É sempre legal conversar com ele, ver a opinião dele. Principalmente na estratégia de guiar, se vou ser mais agressivo no não.”
A corrida deste ano não será fácil para Lucas. Ele terá forte oposição das outras montadoras. A Porsche vem com motor a gasolina V4 e um motor híbrido de 8MJ [megajoules]. Donos das últimas cinco poles do WEC, ele são os mais rápidos em uma volta, mas têm problemas de confiabilidade. Essa é a grande dúvida.
A Audi tem um motor V6 turbo a diesel e um motor híbrido de 4MJ. Depois vem a Toyota, que não conseguiu o mesmo avanço de Audi e que a Porsche para este ano, apesar de ter sido campeã do WEC no ano passado. “São dois segundos mais lentos por volta. Porém, isso não significa muito aqui. A confiabilidade aqui é mais importante”, disse Lucas.
A Toyota tem motor V8 aspirado a gasolina e um híbrido de 6MJ. Já a Nissan vem no primeiro ano com um GT-R hibrido de 2MJ e motor V8 turbo na parte dianteira do carro. O carro ainda não é confiável.
Para terminar, Lucas descreveu o quanto é difícil descansar durante as 24 horas de corrida e o que isso acarreta nos dias seguintes. “Temos um 'container hotel' aqui. Cada um tem seu canto, com chuveiro e tal. A gente entra e dá uma relaxada.”
“É difícil dormir. Eu não consegui dormir nos meus dois anos, talvez consiga neste ano. Mas depende muito da situação da corrida. Se você está liderando é muito difícil dormir. Você quer ficar no rádio. É difícil relaxar. É uma corrida também fisicamente muito complicada. Você pilota entre oito e nove horas. O desgaste físico é muito grande. Você perde entre oito e nove litros de líquido. Você termina no domingo bem desgastado. Demora uma semana para recuperar. Comparo o desgaste dessa prova a um Iron Man.”
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