MotoGP: Entenda por que a saída de Viñales da Yamaha é boa pra ambas as partes
Parceria entre o piloto e a equipe foi encerrada um ano antes fim do contrato
A tensão entre a Maverick Viñales e a Yamaha tem aumentado tanto em 2021 na MotoGP que ambos os lados concluíram que a melhor forma de resolver o conflito seria encerrar a parceria um ano antes do fim do contrato.
Embora o desfecho tenha sido anunciado neste último final de semana, em Assen, a tensão entre as duas partes vinha se arrastando de longe. No domingo anterior, depois de terminar em último no GP da Alemanha, o ataque de Viñales à Yamaha fez com que os responsáveis pela fabricante japonesa até duvidassem se o seu piloto apareceria para a próxima etapa.
“Depois de Sachsenring, a verdade é que tinha pouca vontade de vir para cá”, disse o espanhol na Holanda.
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Na "Catedral da Velocidade", a dinâmicas a nível estritamente esportivo foram muito diferentes, algo que Viñales já intuía pelo perfil do circuito, um dos seus favoritos e onde já venceu em 2019.
O piloto foi o mais rápido nas três primeiras sessões de treinos livres e o segundo na quarta, antes de reivindicar sua primeira pole. No domingo, ele terminou em segundo lugar, condicionado por uma má largada que o deixou 'preso' atrás de Takaaki Nakagami. Quando conseguiu superar a Honda, Fábio Quartararo já estava longe demais. O rosto de Viñales depois de ter alcançado o seu segundo pódio na temporada (ele venceu no Catar ), e seu desprezo por Massimo Meregalli, chefe da equipe, a quem ele não queria abraçar, era uma boa prévia do que viria a seguir.
Apesar de negar a sua provável incorporação à Aprilia em 2022, o espanhol reconheceu que já há algum tempo considerava não cumprir a duração total do seu contrato com a Yamaha.
“É claro que pensei sobre isso. Tenho pensado nisso desde o início da temporada ” , respondeu o piloto quando questionado diretamente sobre a surpreendente mudança de cenário que se tornou oficial nesta segunda-feira.
É muito difícil compreender o raciocínio que tem motivado Viñales a desistir prematuramente da moto que mais vitórias acumula, com a qual Fabio Quartararo lidera o campeonato de forma bastante confortável. A maioria do paddock considera que se trata de um grande erro estratégico.
Esperando que a Aprilia confirme a sua participação na temporada de 2022, a guinada inesperada dada pelo #12 servirá para acalmar o ambiente na Yamaha, que "certamente dará um suspiro de alívio", segundo um membro da equipe.
A separação foi resolvida na Holanda, uma vez que as duas partes concluíram que não havia reconciliação possível. O contrato assinado em janeiro de 2020 continha cláusulas que previam grandes indenizações a serem pagas por quem quebrasse o pacto, então buscou-se um acordo mútuo. Desta forma, o piloto renuncia aos cerca de oito milhões de euros (aproximadamente 47 milhões de reais) que teria recebido em 2022, e a empresa japonesa concorda em não lhe pedir dinheiro por isso.
Na Yamaha, a saída de Viñales é, por um lado, um alívio econômico já que é o segundo valor mais alto do grid. Com aqueles oito milhões (47 milhões de reais), a fabricante pode muito bem encontrar um segundo piloto - Franco Morbidelli é o melhor posicionado para isso.
Além do aspecto puramente econômico, a maioria dos membros da equipe considera que a saída do espanhol permitirá que a harmonia volte a uma oficina que, desde a sua chegada em 2017, tem passado por um processo de mudança permanente, com altos e baixos quase que de forma constante. “O principal problema são seus altos e baixos. Um dia ele está de alto astral, e no outro ele está nas trevas ”, disse voz muito próxima do piloto ao Motorsport.com.
“O mesmo que se vê com a moto, também pode ser aplicado no tratamento pessoal”, acrescenta a fonte.
Primeiro foi Ramón Forcada, tricampeão mundial com Jorge Lorenzo como engenheiro de pista, que foi substituído por Esteban García antes do início de 2019. Depois chegaram outros, como Javier Ullate. A última substituição foi a de Silvano Galbusera, que no último GP de Montmeló assumiu o papel de García, após a Yamaha assumir o controle da situação em uma jogada que não agradou Viñales. O desastroso fim de semana de Sachsenring, onde o espanhol não era rápido em nenhum momento, lhe causou tanta frustração que levou a uma crítica implacável da Yamaha, que, segundo ele, não dava resposta há anos aos problemas de falta de tração que aparecem em alguns circuitos, e que te impedem de mostrar sua melhor versão.
Para Viñales , esse desfecho certamente também significará uma libertação, embora provavelmente seja temporária. Ainda existe a convicção na equipe japonesa de que o elemento que mais o desestabiliza é a pressão de ter que lutar pelos objetivos mais ambiciosos que existem. “Na Suzuki , como ele não era obrigado a vencer, todos os resultados positivos que alcançou foram bem-vindos. Mas aqui isso é diferente e a pressão aumenta”, disse a fonte.
Para tentar resolver, o piloto foi questionado em diversas ocasiões sobre a possibilidade de ir a um psicólogo do esporte, algo que, por exemplo, Quartararo já fez e que admite ter lhe trazido muita paz de espírito. Viñales, pelo menos por enquanto, não aceitou.
A esta altura, a Aprilia é a única opção para o espanhol, se levarmos em consideração que a maioria dos assentos já foram preenchidos e que Aleix Espargaró, seu ex-parceiro na Suzuki e grande amigo, espera por ele.
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