MotoGP: Entenda por que a Yamaha se arrisca a se despedir de Rossi
Após troca de Rossi por Quartararo na equipe de fábrica, e agora acordo entre VR46 e Ducati, marca japonesa pode perder o italiano
Toda a comunidade da MotoGP, desde a organização até as equipes, está observando com muita atenção uma eventual aposentadoria de Valentino Rossi, para observar qual o impacto tanto pra categoria quanto pra Yamaha.
Desde que voltou para a fabricante japonesa em 2013, após duas temporadas desastrosas na Ducati, o peso da comunicação e do marketing foi monopolizado pelo italiano. Ter Rossi é um privilégio muito importante para qualquer equipe.
O impacto do #46 é muito maior do que qualquer um de seus rivais. Embora isso pudesse ser percebido com mais clareza quando sua cor amarela predominando as arquibancadas da maioria do circuito, seus índices de popularidade ainda estão bem acima dos demais pilotos. Para facilitar: seu perfil no Instagram tem 10,5 milhões de seguidores, quase o dobro do de Marc Márquez (5,5 milhões), o segundo do ranking. No Twitter, mais de 5,5 pessoas seguem o italiano, para os 2,5 milhões que estão seguindo o formiga-atômica.
Além desses valores nas redes sociais, o nome Rossi é e será para sempre referência no mundo das duas rodas, basicamente porque ele é o grande responsável pela globalização de uma categoria que até sua chegada só chamava a atenção de um público muito específico.
Como é lógico, na Dorna, promotora do Mundial, existe a preocupação de ver como os fãs vão reagir à ausência daquele que há mais de duas décadas é o seu principal embaixador. Na Yamaha, mais do que expectativa, existe um misto de resignação e frustração pela possível perda de Rossi como embaixador da marca, algo que parecia impossível há poucos meses. Para entender até que ponto a fábrica de Iwata pode ter errado em sua estratégia, é necessário analisar os movimentos do mercado, tanto nas equipes de fábrica como nas equipes satélites em 2020 e 2021.
Desde o início, o heptacampeão mundial da MotoGP não sentiu nada bem como a troca envolvendo Fabio Quartararo foi tratada. A sucessão de eventos que moldou a formação inicial das duas equipes que competem com as motos da Yamaha foi detalhada a seguir.
Antes do final de 2019, foi o ”El Diablo” quem assinou sua passagem da equipe satélite para a principal, mudança essa que só se concretizou neste ano. Dias depois, foi Maverick Viñales, que usou como moeda de negociação uma oferta muito robusta da Ducati, e assim conseguiu a extensão contratual com a equipe nipônica. Nesse caso, Viñales mudou de planos e negociou diretamente com a base da empresa, no Japão, uma valiosa prorrogação do contrato, que agora expira no final de 2022. Com essas movimentações, Rossi não teve outra opção a não ser chamar a Sepang Racing Team (SRT), embora seu acordo para 2021 o vincule diretamente à Yamaha e com o melhor material disponível.
Para alguém como ele, habituado a ser sempre o dono do seu futuro, estar à mercê das decisões da Yamaha com pouco espaço de manobra não era algo que o confortasse minimamente.
Apesar do desconforto, a relação próxima entre a VR46 e a Yamaha, fornecedora das motos de teste para a academia de pilotos da Rossi, se sustenta até o fim deste ano e não parece fácil de continuar.
Nesta última quinta-feira foi anunciado o acordo entre VR46 e Ducati para a nova equipa no grid da MotoGP, no próximo ano. É uma aliança de três anos (2022-2024), que contempla uma Desmosedici 2022 para Luca Marini e, no papel, uma 2021 para Marco Bezzecchi, embora isso possa mudar após o 'convite' do patrocinador a Valentino para se manter ativo. Além disso, o objetivo da marca italiana é fechar um contrato para cobrir também as necessidades da academia VR46. No momento, apenas com modelos esportivos serão fornecidos, já que a Ducati não possui, por enquanto, motos para o Off Road. Essa coalizão pode deixar a Yamaha fora da jogada. E ainda mais importante, tirar de Rossi qualquer obrigação com a equipe japonesa no que diz respeito a seu imagem.
Percebendo as implicações comerciais que isso poderia ter, a Yamaha tentou voltar atrás em suas conversas com a SRT há alguns meses para renovar. E não só isso, mas ela tentou seduzir VR46. Rossi, no entanto, não concordou e assinou com a Ducati.
“Na Yamaha eles não estão muito confortáveis e é normal que seja assim. Por um lado, quase certamente vão perder Valentino como imagem, não conseguiram chegar a um acordo com a VR46 para o fornecimento das motos e, além disso, com todo o processo de negociação incomodaram a Petronas ”, frisou uma voz ao Motorsport.com que está ciente de todas essas conversas, porque faz parte delas.
A SRT parece usada pela Yamaha, mas após a enésima recusa da Suzuki em colocar mais duas motos no grid, os dirigentes da equipe acreditam que a opção que garante mais estabilidade e resultados é continuar com a M1. A renovação também será divulgada em breve.
O ressentimento, em qualquer caso, é evidente e mais do que justificado, principalmente se olharmos para dois fatos irrefutáveis. Em primeiro lugar, a Yamaha lidera o Mundial com Fábio Quartararo, que na sua época (2019) foi uma aposta da Petronas. E, como se não bastasse, a equipe da Malásia não teve outra escolha a não ser abrir espaço para Rossi diante das demandas do fornecedor, apesar de reconhecer publicamente que o perfil do italiano não condizia com a filosofia de seu projeto. Engolir tudo isso e depois descobrir que seu parceiro quer “levar” suas motos para oferecê-las para outra equipe (VR46) mais barata, é algo que deixaria qualquer um irritado.
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