A incrível história de superação de estreante da NASCAR Brasil após grave acidente e 16 cirurgias em quatro meses

Vinícius Canhedo colecionou títulos no triatlo, mas depois de acidente dramático, ele viu no automobilismo uma chance para a vida

Vinicius Canhedo

A NASCAR Brasil Series chega a Londrina para a realização da segunda etapa de 2025. Um dos rostos da equipe Full Time, com carro nos boxes ao lado do de Rubens Barrichello, é de um piloto com uma trajetória que impressiona até mesmos aos mais céticos.

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Trata-se de Vinicius Canhedo, que correu com este mesmo time no início dos anos 2000, quando o esquadrão de Maurício Ferreira também dava os seus primeiros passos.

Após não poder continuar nas categorias de Fórmula que faziam parte do País, ele foi atraído para um outro esporte que o levou aos momentos mais vitoriosos da sua vida, o triatlo.

Vinicius Canhedo

Foto de: Clayton Medeiros

“Sou um marinheiro de segunda viagem”, disse Vinícius ao Motorsport.com. “De 1996 a 2000 eu fui piloto de kart, corri o paulista na época, fui vice-campeão brasileiro, aqui em Londrina, inclusive. Depois veio a Fórmula 3 Light, a Fórmula Renault e a Fórmula 3 Sul-Americana. E foi aí que tive o contato com a Full Time, entre 2004 e 2005. Em 2005 eu tive um problema da minha família que me fez interromper a carreira de piloto e entrei em depressão. Fiquei um ou dois anos em depressão.”

“E com isso eu já tinha alguns contatos com o ciclismo, para ter um fitness, correr. E aí começaram a me chamar para competir. Fui competindo até que em 2008, eu conheci o triatlo. Em 2010, entrei para a seleção brasileira de curta distância, em 2015 migrei para a longa distância, que foi o Ironman. Fiz 26 Ironmans com seis vitórias. Fiz 40 ‘meio’ Ironmans com 11 vitórias. Fui a um 4x4 que é o tão sonhado mundial.”

“Em 2023 foi um ano de ouro. Ganhei seis provas seguidas, inclusive o brasileiro, e começou a bater a idade. Em 2024 foi um ano brigando entre lesões e provas. Não conseguia acertar.”

Vinicius Canhedo

Foto de: Clayton Medeiros

A virada

Em 16 de novembro do ano passado, um gravíssimo acidente marcaria a vida de Vinícius e de maneira definitiva. Ele mesmo descreveu o que aconteceu.

“Um rapaz caiu à minha frente, derrubou dois e me levou junto. Quando eu caí, o carro de apoio veio atrás. Ele estava muito perto do bloco e passou em cima de mim. Foram 12 costelas quebradas, o que me deixou desacordado.”

Além de ficar entre a vida e a morte, um obstáculo adicional nada agradável só fez piorar as coisas.

“Fui pra UTI, ficamos cinco dias muito e não dava para operar nada. Depois disso, melhorei, mas ficamos mais 15 dias na UTI porque peguei uma superbactéria chamada KPC, que foi para o pulmão e gerou uma pneumonia.”

“Então, tivemos que segurar mais um tempo para começar as cirurgias dos pés e da costela. E fomos. Primeiro, a cirurgia tendão que tinha rompido. Depois a cirurgia da costela. Na cirurgia da costela, na noite que eu saí da sala de operação foi um pesadelo entre dor e tudo.”

“Foi o extremo e quando vi a minha esposa, do jeito que ela estava ao me ver ali naquele momento, sofrendo daquele jeito, ela mesma falou: ‘esse esporte eu não aguento mais. Se você for, você vai ficar sozinho. Você pode ir para as provas, eu não vou te acompanhar. Porque eu realmente não aguento mais. Eu sei o potencial que você tem. Eu sei o tanto de vitória que você tem. Mas te ver sofrer assim para mim, não compensa’.

Vinicius Canhedo

Foto de: Luciano Santos

A volta de uma antiga paixão

Após ver o sofrimento familiar depois do gravíssimo acidente, Vinícius optou por voltar à sua antiga paixão, o automobilismo e nas mãos de um outro amigo que, assim como ele, se tornou vitorioso na sua área.

“E aí foi que eu comecei a pensar. Meu filho está correndo de kart já há um ano e meio, fui dar umas voltas com ele de kart e o ‘Maumau’ (Maurício Ferreira, chefe da Full Time) me ligou. ‘Olha, tem uma vaga aqui na NASCAR, você não quer voltar a correr?’ Eu falei. Cara, é uma boa, né? Vamos pensar.”

“Eu estou meio enferrujado, mas a gente começa degrau por degrau. Uma hora estamos no ponto mais alto do pódio. E aí passamos meses negociando patrocínios para fechar a primeira etapa de Campo Grande.”

“Mas o médico não me autorizou a competir exatamente por causa da cirurgia. Como eu perdi muito sangue, ele falou que não daria a autorização. Se eu tivesse um acidente, se perdesse sangue, a chance de ir embora era grande. Cheguei a perder dois litros de sangue. Não tínhamos como descobrir quantos litros meu corpo já tinha produzido.”

Vinicius Canhedo

Foto de: Clayton Medeiros

‘Carro da Coca-Cola’ e uma mensagem

Além da incrível história de superação, Vinícius Canhedo também trouxe uma das marcas mais icônicas do mundo à NASCAR Brasil. O carro do piloto de Brasília tem a Coca-Cola estampada no capô, depois de décadas de ausência em competições do Brasil.

“Em Brasília tem uma das maiores fábricas do Brasil, a Brasal Refrigerantes. E a gente tem uma parceria operacional com ela. Mas não foi por meio da parceria que a gente conseguiu.”

“Foi mesmo conversando sobre Brasília ter um piloto na NASCAR. Sobre ter a Coca-Cola de volta ao automobilismo. Pelo que eu me lembro em 2005 ou 2006 foi a última vez que a gente viu a Coca-Cola no automobilismo brasileiro. Todos os pilotos, todos os atletas querem ganhar. Tenho 118 vitórias, 220 pódios ao longo da minha carreira, mas o propósito agora já não é mais esse, o propósito é mostrar para a nova geração que o sonho nunca acaba.”

“Tenho 41 anos, 20 anos parado no automobilismo e estou voltando. Acredito no potencial da equipe, que a gente vai conseguir buscar novamente o topo do automobilismo.”

“Então tem um significado. E acho que todos esses acidentes, tudo isso que aconteceu comigo, me conectou com algo a mais do esporte. A gente está aqui por uma razão, sou uma imagem, um espelho para o meu filho, para a minha filha. Então não é só competir, subir no pódio e adeus. É realmente passar uma mensagem. E a Coca-Cola acreditou no projeto.”

“Aos que comentam sobre refrigerante eu digo: sou atleta e minha vida inteira tomei refrigerante, mas eu não vou falar para uma pessoa sedentária, que não cuida da saúde, que refrigerante faz bem. Se você cuida da saúde, se você faz tudo certinho, refrigerante não fará mal, ele faz parte da vida da gente. Agora, se você não cuida da sua saúde, qualquer coisa que não seja 100% saudável, vai te fazer mal. Então, foi esse o significado da Coca-Cola estar conosco.”

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Erick Gabriel
NASCAR Brasil
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