"Sem saco", Cacá não quer se envolver com nova associação
Pentacampeão da Stock Car prefere não colaborar ativamente com ABPA porque não aguenta mais “engolir sapos” da CBA: “no primeiro, venho com três pedras”
A recém-criada Associação Brasileira de Pilotos (ABPA) promete dar aos pilotos uma voz permanente dentro da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA). Além da parte empresarial, que promete gerar sustento financeiro com a venda de carteirinhas e vantagens para associados, politicamente a organização terá direito a voto no conselho da CBA.
Seu idealizador, Felipe Giaffone, é o presidente da comissão de inquérito que investiga o caso do WhatsApp, que delatou um provável esquema de manipulação de resultados na Stock Car envolvendo o pentacampeão Cacá Bueno.
Porém, pelo envolvimento da associação com a CBA, o maior interessado em toda a investigação prefere não se envolver no projeto. Ao Motorsport.com, Cacá Bueno disse que não está disposto a fazer política com dirigentes da confederação pelo passado atribulado.
“Talvez isso possa parecer pouco colaborativo, mas já briguei muito por um esporte melhor e nunca fui acompanhado”, disse Cacá.
“Talvez o Felipe (Giaffone) esteja sendo mais correto, porque criou uma organização para fazer isso. Eu apoio, acho que existe a diretriz certa para crescer.”
“Só ele que vai ter de fazer muito jogo político e eu realmente não tenho saco para isso. O primeiro sapo que me fizessem engolir viria com três pedras na mão. Não vou fazer política, mas estou à disposição de todos para dar conselhos.”
“Sei que a ABPA tem uma certa aproximação com a CBA para realizar as coisas, mas acho que o formato da CBA está mal feito e não vou concordar com isso e não quero nenhuma aproximação com eles neste modelo.”
“Eu quero o bem do esporte, porque vivo disso e quero viver ainda muitos anos disso aqui. Como piloto e talvez depois em outra função. Fazer política nunca foi o meu forte e nunca vai ser.”
Ainda assim, Cacá vê com bons olhos a iniciativa e espera que tudo dê certo no longo prazo. “A ABPA tem um bom caminho e um bom futuro. É o amanhã do esporte administrativamente, mas vou ser sincero: não estou colaborando neste início, não”, assumiu.
“Estou vendo de longe e para mim não faz muito sentido me mergulhar de novo em questões políticas e em engolir um sapo aqui para resolver outra questão ali.”
“O estatuto da CBA é brincadeira. Os pilotos têm direito a um voto no conselho? É um começo, mas os pilotos deveriam eleger seus presidentes de confederações estaduais. Cada piloto federado deveria ter seu direito. Teríamos presidentes de federações de situação e oposição. Teríamos uma situação muito mais democrática e um trabalho muito mais bem feito."
"O pessoal dos cargos administrativos da CBA... se salvam poucos. A maioria está ali apegado ao poder e fazendo o possível para continuar ali. Neste esporte falta muita coerência e ética."
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