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Análise técnica: A Ferrari que fez Felipe Massa campeão da F1 por 38 segundos

Uma análise sobre a máquina que quase levou o brasileiro ao título mundial de pilotos em 2008

Felipe Massa, Ferrari F2008

Heroes

'Heroes' conta a história de cinco lendas do automobilismo, cujas vidas estão intimamente entrelaçadas e interconectadas, pois todas elas escalam as alturas de seu esporte, enquanto enfrentam desafios pessoais profundos ao longo do caminho. Apresentando Mika Hakkinen, Tom Kristensen, Michele Mouton e Felipe Massa, o longa de 111 minutos, escrito por Manish Pandey, permite que quatro dos maiores guerreiros do esporte reflitam sobre suas vidas, revelando um ao outro a história dessas transformações e suas conquistas. É também a história do homem que os conecta, Michael Schumacher, visto como o maior vencedor de todos, mas cuja história, como as outras, é preenchida com a mesma falibilidade e emoção que o torna humano. Disponível em inglês com legendas em: japonês, francês, espanhol, árabe, português, mandarim, alemão, italiano e russo.

No filme Heroes, uma produção da Motorsport Network, e que está disponível no Motorsport.tv, o brasileiro Felipe Massa relembra sobre os melhores e piores momentos de sua carreira, incluindo a experiência vivida na Fórmula 1 em 2008, a bordo do F2008, ilustrado abaixo.

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Ferrari F2008 (659) 2008 side view

Ferrari F2008 (659) 2008 side view

Photo by: Giorgio Piola

Massa foi campeão mundial por 38 segundos, porque quando ele cruzou a linha de chegada para vencer o GP do Brasil, ele havia feito tudo necessário para garantir o título de 2008. Enquanto isso, Lewis Hamilton, o outro competidor daquele ano, estava em sexto, precisando de um quinto lugar para ser campeão.

“E o Glock não aguentou e não resistiu” – Galvão Bueno, narrador

Essa frase famosa sempre estará ligada à importância e emoção daquele momento, quando a equipe e a família de Massa, e o público brasileiro perceberam que o então quarto colocado Timo Glock estava com dificuldades para manter seu Toyota na pista. Enquanto eles tomavam todo o cuidado possível nas últimas curvas de uma Interlagos molhada, não apenas Vettel passou Glock, como Hamilton também. Com essa ultrapassagem, o britânico se tornava o campeão mundial de 2008.

Lewis Hamilton, McLaren MP4-23 Mercedes

Lewis Hamilton, McLaren MP4-23 Mercedes

Photo by: Glenn Dunbar / Motorsport Images

Enquanto Massa não atingiu seu objetivo por muito pouco, o F2008 se mostrou suficiente para a Ferrari conquistar o Mundial de Construtores daquele ano.

Esta era a última geração de carros com múltiplas asas, antes da chegada de um conjunto de regras mais simples, e é considerado um dos mais complexos a competir na F1. Eles foram criados em um momento em que a F1 estava sob imensa pressão para restringir as operações e diminuir o fardo financeiro que o desenvolvimento irrestrito trazia.

Ferrari F2008 (659) 2008 exploded detail view

Ferrari F2008 (659) 2008 exploded detail view

Photo by: Giorgio Piola

2008 foi um ano de transição, com a quilometragem de testes restrita, além de outras limitações impostas ao uso do túnel de vento, preparando as equipes para as restrições mais severas que se seguiriam. O controle de unidade eletrônica padrão também foi introduzido em 2008, uma medida da FIA para impedir que sistemas proibidos fossem ocultados nos sistemas de gerenciamento.

O F2008 carregava os genes de seu antecessor, com muito do design aparecendo novamente, mas otimizados.

Veja na galeria abaixo os detalhes técnicos do F2008, com as ilustrações de Giorgio Piola:

Ferrari F2008: asa dianteira e bico
A asa de ligação foi totalmente absorvida pelo design do bico, em vez de simplesmente ser anexada a ele.
Ferrari F2007: fluxo de ar nas calotas
A Ferrari alegava que as calotas ajudavam no arrefecimento dos freios, mas todos sabiam que isso era uma farsa, pois, embora ajudasse a focar o caminho do ar quente, o design tinha mais uma vantagem aerodinâmica, com a esteira criada pelo pneu dianteiro alterada pelo caminho do fluxo de ar .
Ferrari F2008
O carro também apresentava um refinamento das calotas, introduzidas na dianteira em 2007.
Felipe Massa, Ferrari 248
As calotas surgiram como um desenvolvimento do design mais simplificado usado na traseira do carro em 2006
Ferrari F2008: fluxo de ar no duto S
O F2008 é realmente o avô do "Duto-S", que vemos no grid atualmente, com a Ferrari buscando capturar o fluxo no lado de baixo do bico e transmitindo para a parte de cima
Ferrari F2008 bico com detalhe do Duto-S
Essa visão do lado de baixo do bico mostra como o fluxo de ar é capturado pela grande abertura
Ferrari F2008: detalhe do Duto-S
Essa visão de cima mostra como os designers criaram duas aberturas no bico para introduzir o fluxo de ar em intervalos diferentes
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GALERIA: 20 fatos sobre a carreira de Felipe Massa

Massa conquistou seu primeiro ponto na F1 logo em sua segunda corrida no mundial, na Malásia em 2002. Um sexto posto.
Em 2002, Massa foi ordenado a ceder posição para o parceiro Nick Heidfeld por duas vezes, no GP da Europa (onde não obedeceu) e no GP da Alemanha (quando acatou. Com clima ruim, ele saiu do time no fim do ano.
Massa liderou uma corrida pela primeira vez no GP do Brasil de 2004, por duas voltas.
Conquistando um sexto lugar em sua despedida da Sauber na China em 2005 – naquela que foi a última corrida da Sauber após a entrada da BMW -, Felipe Massa ganhou de presente seu carro do chefe, Peter Sauber.
Ele conquistou 41 pódios na carreira. O primeiro foi no GP da Europa de 2006.
A 1ª vitória de Massa na F1 (Turquia/2006) foi possibilitada apenas devido a uma rodada de Vitantonio Liuzzi. Com um Safety Car, ele e Schumacher foram para o box ao mesmo tempo, com o alemão saindo em 3º, atrás de Alonso. A Ferrari não pôde inverter as posições.
De todas as 11 vitórias na F1, em nenhuma Felipe Massa saiu de uma posição pior que o segundo lugar no grid.
Em 2007, Massa dividiu o recorde de pole positions com Lewis Hamilton: seis para cada um.
Massa ficou a um ponto do título de 2008, mas foi quem mais venceu provas na temporada: seis contra cinco do campeão, Lewis Hamilton.
Massa liderou o mundial por duas vezes na carreira, se tornando o único brasileiro a conseguir a façanha após Ayrton Senna. Foi após os GPs da França de 2008 e da Malásia de 2010.
O acidente mais sério de sua carreira foi no GP da Hungria de 2009, quando uma mola se desprendeu do carro de Rubens Barrichello e acertou sua cabeça. Massa só voltou a correr em 2010.
O polêmico GP da Alemanha de 2010 foi exatamente um ano depois do incidente na classificação para o GP da Hungria de 2009 (25 de julho).
Massa não conseguiu chegar à frente do companheiro de Ferrari Fernando Alonso em uma corrida que ambos tivessem concluído entre os GPs da China de 2011 e da Índia de 2013 (52 provas).
O brasileiro também ficou sem se classificar à frente do espanhol entre os GPs do Canadá de 2011 e Malásia 2013 (34 provas).
Massa é o brasileiro que mais subiu ao pódio no GP do Brasil. Foram cinco vezes, duas como vencedor.
Sua última de 16 pole positions foi conquistada no GP da Áustria de 2014. Foi a única vez que um carro que não fosse Mercedes, Ferrari ou Red Bull largou em primeiro na era turbo-híbrida da F1.
O último pódio de Massa (e também ultimo do Brasil na F1) foi no GP da Itália de 2015.
Massa foi desclassificado em dois GPs: GP do Canadá 2007 (por sair do box com a luz vermelha acesa) e GP do Brasil 2015 (por seu pneu traseiro ultrapassar a temperatura limite durante a prova).
A última vez que Massa liderou uma corrida foi na Inglaterra, em 2015. Foi por 19 voltas. Ao todo ele liderou 936 voltas na carreira.
Mesmo com grande carreira na F1, Massa superou o companheiro de equipe ao final do ano apenas em 2005 (na Sauber, com Jacques Villeneuve), em 2008 (na Ferrari, com Kimi Raikkonen) e em 2017 (na Williams, com Lance Stroll).
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