Análise técnica: por que o amortecedor de massa da Renault foi proibido
Introduzido pela equipe no auge de seu sucesso na década de 2000, a novidade foi copiada pelo grid até a FIA proibir o dispositivo
Análise técnica de Giorgio Piola
Análise técnica de Giorgio Piola
O amortecedor de massa da Renault é um exemplo típico de equipes da Fórmula 1 usando sua ingenuidade e pensamento lateral para contornar um problema, e, na sequência, explorando ele a fundo.
A equipe de Enstone descobriu que as regras introduzidas para a temporada de 2005 exigiam que ela executasse uma quantia excessiva de rigidez da mola dianteira para manter a asa o mais próximo possível do chão.
Esse era o tipo de troca mecânica que as equipes faziam normalmente, em busca de um desempenho aerodinâmico melhor. No entanto, isso desencadeou um efeito de rejeição indesejado quando o carro estava na pista e, portanto, a equipe buscou encontrar uma maneira de neutralizar esse efeito.
Os carros dessa época foram capazes de tornar o limite de peso um problema menor em comparação aos modelos atuais, e, com frequência, era necessário colocar lastro para atingir o peso mínimo. Isso deu à Renault a chance de instalar seu amortecedor de massa - um peso em movimento livre suspenso dentro de um cilindro localizado no bico, que agiria em oposição às forças verticais aplicadas ao carro.
Os benefícios do dispositivo precisavam exceder os problemas que poderia causar devido ao peso adicional que estava sendo adicionado, especialmente porque uma de suas principais desvantagens era a localização: o lastro geralmente era colocado no ponto mais baixo possível do carro.
No entanto, testes feitos pela equipe confirmaram que era possível ter um ganho no tempo de volta e, com isso, foi colocado em produção.
A Renault descobriu imediatamente que o amortecedor não apenas ficaria bem acomodado no carro, como também permitiria que seus pilotos freassem com muito mais força, oferecendo uma pilotagem mais ideal e uma plataforma aerodinâmica mais estável.
Inicialmente, a equipe usou um peso de cerca de 10 kg, mas logo percebeu que isso poderia ser personalizado para cada circuito, com vários pesos usados para obter a melhor performance do carro. Posteriormente, também foi adicionado um amortecedor de massa na parte traseira do carro.
Renault R26 2006 exploded overview
Photo by: Giorgio Piola
Durante essa era da F1, haviam dois fornecedores de pneus - Bridgestone e Michelin, com a Renault usando pneus do último. Esse foi mais um golpe de genialidade da Renault, que entendeu que os pneus da Michelin eram mais receptivos ao uso do amortecedor de massa, pois o bloco tendia a se mover mais quando movimentado.
Porém, isso não impediu as outras equipes a tentar obter ganhos similares. Enquanto a Renault foi a primeira, outros logo correram atrás. Na realidade, a maior parte do grid adotou a inovação, com vários graus de sucesso e modalidades e pesos ainda mais complexos e diferentes.
No final, a FIA usou seu regulamento que proibia todos "aparelhos de aerodinâmica móveis". Na justificativa, citou um aumento no desenvolvimento de aparelhos que não tinham mais o fornecimento de assistência mecânica como propósito principal, passando a serem usados para melhorar a aerodinâmica do carro.
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