Andretti dá passo para entrar na F1 em parceria com Cadillac: "Uma equipe verdadeiramente americana"
Michael Andretti ainda deixou claro que a ideia é ter o norte-americano Colton Herta, astro da IndyCar, como piloto na F1; saiba mais detalhes sobre o plano
Após o presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Mohammed ben Sulayem, afirmar que o órgão estaria buscando a entrada de uma nova equipe na Fórmula 1, a Andretti Autosport anunciou nesta quinta-feira a confirmação de interesse em entrar na categoria a partir de 2026, ano do novo regulamento de unidades de potência, em parceria com a Cadillac, montadora que pertence à General Motors (GM).
A informação veio à tona em entrevista coletiva realizada com a presença do norte-americano Michael Andretti, piloto com passagem pela F1 na McLaren ao lado do brasileiro Ayrton Senna em 1993 e hoje responsável pelas operações do grupo, cujo 'patrono' é o também estadounidense Mario Andretti, campeão da elite global do esporte a motor pela Lotus em 1978. Ambos são lendas do automobilismo dos Estados Unidos, com destaque na IndyCar.
Michael Andretti, Mario Andretti e Zak Brown, CEO da McLaren
Photo by: Steven Tee / Motorsport Images
"Damos sequência ao crescimento da Andretti Global e sua família de equipes de corrida, e sempre temos nosso olho ligado no que vem pela frente", disse Michael. "Sinto que estamos bem posicionados para sermos uma nova equipe na Fórmula 1, que pode trazer valor à categoria e nossos parceiros, e emoção aos fãs".
Andretti Cadillac logo
Photo by: Andretti Autosport
"Tenho orgulho em dizer que temos a GM e a Cadillac ao nosso lado enquanto buscamos esse objetivo. GM e a Andretti dividem um legado surgido do amor pelas corridas. Agora, temos a oportunidade de combinar nossas paixões pelo automobilismo e dedicação e inovação para construir uma equipe de F1 verdadeiramente americana".
Cadillac logo
Photo by: Uncredited
Aliás, segundo Michael, a união Andretti-GM será a retomada de uma parceria de sucesso entre as partes na própria Indy -- por exemplo: o piloto texano Ryan Hunter-Reay foi o vencedor da temporada 2012 com motores Chevrolet.
GM logo
Photo by: Divulgacao
A propósito, a possível entrada das empresas norte-americanas na F1 vem em um momento de expansão da categoria máxima do automobilismo no país: o grupo Liberty Media, dono da competição, é estadounidense, e a nação sediará três corridas em 2023: além do GP dos Estados Unidos (em Austin, no Texas), o GP de Miami, que estreou em 2022, e o GP de Las Vegas, que debutará na F1.
Las Vegas track map
Photo by: Liberty Media
Além disso, o mercado norte-americano de montadoras também vem aumentando seus flertes com o pináculo do esporte a motor: a Ford, uma das principais concorrentes da General Motors, pode se tornar parceira de unidades de potência da Red Bull, que dominou a temporada 2022.
Karl Wendlinger, Sauber C14 Ford
Photo by: Motorsport Images
De todo modo, Michael Andretti ponderou que ainda não se sabe como ficará a questão do motor, pois tudo depende da expressão de interesse junto à F1. O fato é que é há um acordo assinado com uma fornecedora de unidades de potência. O dirigente, aliás, foi questionado sobre o fato de a Andretti ter parceria com a Honda em algumas categorias, mas ele ponderou que o grupo também compete contra a montadora japonesa em outras competições, então não há preocupação.
Michael Andretti, Chief Executive Officer & Chairman Andretti Autosport
Photo by: Andreas Beil
Segundo Michael e representantes da GM, a ideia é de que, pelo menos em um primeiro momento, a equipe utilizasse motores de outra montadora, com o apoio técnico da Cadillac. O motivo por trás disso é o curto prazo para 2026: as montadoras já estão se mexendo com o desenvolvimento dos motores de nova geração, enquanto a Cadillac deve aguardar a oficialização da entrada na F1 para iniciar o processo. No momento, a FIA apenas sinalizou o início da chamada "expressão de interesse", quando equipes em potencial enviam seus projetos para análise.
Andretti partnership with Cadillac
Photo by: Andretti Autosport
A propósito, Michael também garantiu que o projeto de F1 não terá impacto sobre outras empreitadas automobilísticas da Andretti. O chefão do grupo, aliás, destacou que, para a F1, já foram contratados diretor técnico e engenheiros. Além disso, ele reforçou que a GM não tinha planos de ingressar na categoria máxima do automobilismo mundial, mas foi persuadida nos últimos meses. A base da equipe deve ser dividida entre Indianápolis (EUA) e uma sede europeia.
"Sim, vamos ter nossa base principal em Indiana, que já anunciamos. Uma das mais avançadas do mundo... E vamos ter uma outra sede na Europa também, porque temos equipes em outras categorias por lá", explicou Michael, que confirmou o interesse em ter o compatriota Colton Herta, astro da Andretti na IndyCar, como seu piloto na F1. "Temos o plano de ter um piloto americano e vocês sabem qual é a nossa preferência. Vamos fazer de tudo para termos um americano", disse.
Colton Herta, Andretti Autosport w/ Curb-Agajanian Honda
Photo by: Gavin Baker / Motorsport Images
Enquanto a resposta geral dos fãs foi bastante positiva, a Fórmula 1 teve um posicionamento bastante diferente. A categoria divulgou um comunicado logo após o anúncio e, sem referenciar diretamente Andretti ou Cadillac, simplesmente se restringiu a relembrar que o processo de entrada de novas equipes precisa ser seguido à rígida, dependendo não somente da FIA, mas da F1 também.
"Há um grande interesse no projeto da F1 neste momento com várias conversas avançando que podem não ser tão visíveis quanto as outras", disse a categoria em comunicado. "Todos queremos garantir que o campeonato siga credível e estável, e que qualquer novo pedido seja avaliado pelos critérios que permeiam esses objetivos. Qualquer novo pedido de entrada precisa de um acordo tanto da F1 quanto da FIA."
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