Com seu estado de saúde sob sigilo, quem tem acesso a Schumacher 10 anos após o acidente?

Família do heptacampeão limita quem pode visitar o alemão em sua casa na Suíça

Jean Todt, Team Principal, Ferrari, and Michael Schumacher, 1st position, on the podium

Dez anos após o grave acidente de esqui que o tirou da vida pública, ainda há muito segredo em torno do real estado de saúde do heptacampeão da Fórmula 1 Michael Schumacher. Muito disso se deve em torno do fato de sua família ter um controle rígido sobre quem pode visitar ou não o alemão.

Em 29 de dezembro de 2013, Schumacher se envolveu em um acidente de esqui nos Alpes franceses em uma viagem de fim de ano com a família. O heptacampeão caiu e bateu a cabeça em uma pedra, sofrendo uma grave lesão cerebral que o deixou com sequelas.

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Ao longo desses dez anos, poucas informações vieram à público sobre sua condição real, já que a família de Michael proíbe a divulgação de boletins médicos sobre seu estado.

Para manter ainda mais sigilo sobre sua condição, a família do heptacampeão mantém um grande controle sobre quem pode ter acesso a Michael. A lista inclui, logicamente, seus familiares mais próximos, como a esposa Corinna, os filhos Mick e Gina, além de seu irmão, o também ex-piloto de F1, Ralf.

Fora da família de Michael, a pessoa que mais tem acesso ao heptacampeão é um de seus maiores amigos dos anos de F1: o ex-chefe da Ferrari, Jean Todt. O francês, que ocupou a presidência da FIA até dezembro de 2021, é a maior fonte de informações sobre as condições de Schumacher ao longo dos anos.

Segundo Todt, ele tenta visitar Michael pelo menos duas vezes por mês, e frequentemente assiste aos GPs da F1 com o heptacampeão.

Felipe Massa, que foi companheiro de Schumacher na Ferrari em 2006, revelou ao longo dos anos que já teve a oportunidade de visitar Michael no passado e, em uma entrevista dada em 2022, afirmou que “respeita a decisão da família”.

“Me mantenho atualizado”, disse o brasileiro em entrevista ao Betway. “Sempre tive uma amizade muito grande com ele, mas não tinha contato com a esposa. Depois daquilo que aconteceu com ele, eu sempre respeitei a decisão da família. Eles tentam proteger o Michael da melhor maneira possível, a cada momento, não expondo, não falando”.

Outro nome ligado à Ferrari que diz fazer visitas regulares é Luca Badoer. O italiano foi piloto reserva do time italiano nos anos 2000, fazendo duas corridas em 2009 como substituto de Massa após o acidente na Hungria. O ex-presidente da montadora italiana na era Schumacher, Luca di Montezemolo, também já disse em entrevistas ao longo dos anos que esteve na Suíça visitando Michael.

Michael Schumacher, Ferrari talks to manager Willi Weber

Photo by: Steve Etherington / Motorsport Images

Michael Schumacher, Ferrari talks to manager Willi Weber

Com poucas pessoas tendo acesso ao heptacampeão, a lista de nomes do automobilismo que já declararam que estão proibidos de visitar Michael é grande, e inclui pessoas importantes do entorno do heptacampeão, sendo seu ex-empresário, Willi Weber, o maior destaque.

Weber era um nome importantíssimo da equipe de Schumacher em seus anos na F1, tendo rompido com ele após ter sido contra seu retorno à categoria em 2010 com a Mercedes,. Mas, após o acidente, Weber disse que demorou para visitá-lo no hospital, devido ao choque.

“É claro que me arrependo muito, e só posso culpar a mim mesmo por isso”, disse Weber recentemente em entrevista ao Kölner Express. “Eu deveria tê-lo visitado no hospital. Fiquei de luto após o acidente. Como vocês podem imaginar, isso me abalou incrivelmente”.

“Também fiquei muito chocado por Corinna não ter permitido mais contato... Mas, em algum momento, chegou a hora de me separar emocionalmente de Michael. Infelizmente, não tenho mais esperanças de vê-lo novamente. Dez anos depois, não há notícias positivas”.

Mas o tom solene de Weber contrasta com declarações passadas, tendo dito na época do lançamento de seu livro que “não esperava esse tipo de comportamento” de Corinna, questionando ainda toda a blindagem em cima do heptacampeão, o qual chegou a chamar de “mesquinho” em sua biografia.

Ex-companheiro de Schumacher na Ferrari entre 2000 e 2004, Rubens Barrichello revelou em 2022 em entrevista ao Flow Podcast que tentou visita-lo, mas não foi autorizado.

“Com o Michael [Schumacher], eu liguei uma vez e falei que eu queria visita-lo. Me falaram que, infelizmente, eu não estaria ajudando e que poderia ser que eu ficasse triste. Então, eu entendi que, naquele momento, não era o momento de entrada”.

Barrichello disse ainda que encontrou outras vezes com familiares de Michael, mas que prefere não tocar no assunto.

“Lógico [que o visitaria se fosse chamado]. Com certeza. Mas é uma situação... Eu encontrei o Mick, ele parou e eu falei assim: ‘eu sou o Rubinho’. E ele respondeu: ‘cara, lógico que sei [quem você é]. Eu quis começar [humilde] porque vai que... Cheguei tranquilo”.

Outro nome que teve acesso negado a Michael foi Eddie Jordan. Dono da equipe pela qual o alemão fez sua estreia na F1, no GP da Bélgica de 1991, o britânico revelou neste ano em entrevista ao The Sun que tentou visita-lo ainda no começo, mas que foi negado por Corinna.

“Eu fiz um esforço para ver Michael nos primeiros dias, e Corinna recusou. E de forma correta, porque muitas pessoas queriam vê-lo. Jean Todt teve o privilégio por causa da proximidade deles pelos anos de Ferrari, o que é compreensível”.

“Não pude ver Michael, e eles disseram ‘Eddie, nós te amamos e estamos envolvidos há muitos anos, mas precisamos de privacidade e de segurança para Michael”.

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Guilherme Longo
Fórmula 1
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