Como os freios de Rosberg colaboraram no choque com Hamilton
Mesmo com os comissários culpando o alemão pela manobra da última volta no GP da Áustria, opiniões dos fãs ainda se dividem em quem culpar
Análise técnica de Giorgio Piola
Análise técnica de Giorgio Piola
Enquanto o debate se concentra nas linhas que cada piloto utilizou nos segundos cruciais da curva 2, várias questões técnicas relacionadas aos pneus e freios também fazem parte da discussão.
Um dos aspectos-chave foi a falha de freios que atingiu Rosberg na penúltima volta e quase certamente deu início a uma cadeia de eventos que permitiram Hamilton ter possibilidade de vencer a prova.
Pneus
Mas, antes de analisar a questão dos freios, é importante compreender como as estratégias de pneus diferentes mostrou que Hamilton, vindo de trás, estava mais rápido nos momentos finais.
O 'Plano A' do inglês era de fazer uma corrida de apenas um pit stop, com um primeiro stint longo com os ultramacios e terminando em um período ainda maior com os macios.
No entanto, o Safety Car realmente trouxe Rosberg para a briga, em uma batalha pela liderança, o que significava que Hamilton teria que mudar a estratégia.
Como ambos os pilotos mudaram a tática, restou a eles utilizar um set de pneus a mais disponível.
Hamilton tinha apenas um conjunto de macios usados ou ultramacios também usados, enquanto que Rosberg não tinha essas opções, o que o forçou a utilizar os supermacios.
A Mercedes,, aparentemente, evitou o pneu supermacio sempre que possível no fim de semana. Ela colocou Rosberg em uma posição no final da corrida, em que ele sofreu a degradação térmica muito maior do que seu companheiro de equipe.
Mas o fator final que mudaram as coisas a favor de Hamilton na última volta envolveu as questões de freios, com ambos os pilotos lutando com problemas de temperatura dos dispositivos.
Isto pode ser visto a olho nu, quando uma nuvem de pó de carbono saiu do aro da roda na freada.
Brake-by-wire
O último prego no caixão da corrida de Rosberg estava na falha do "brake-by-wire" (BBW), que permitiu que Hamilton se aproximasse e que certamente desempenhou um papel preponderante na batida dos dois.
Em declarações sobre o que aconteceu, Rosberg disse: "o sistema BBW entrou em modo passivo nas últimas duas curvas da penúltima volta. Eu tinha que me acostumar com isso, mas quando cheguei à curva 2 achei que estava tudo sob controle."
Então o que aconteceu?
O Brake-by-wire é um sistema que fornece a pressão de frenagem sobre o eixo traseiro, dependendo da energia recuperada pelo MGUK.
Se o piloto usa muito freio na parte traseira, pode levar ao superaquecimento, porque ele está sob carga de trabalho superior e o ar que entra para o resfriamento não é o suficiente.
No GP do Canadá de 2014, as Mercedes de ambos sofreram falhas que levaram o BBW a não cumprir sua função. Isto forçou os pilotos terem que fazer todo o processo de frenagem manualmente.
Na Áustria, o problema estava no BBW ter entrado no modo "passivo", então não havia regulação do equilíbrio entre o MGUK e a frenagem do eixo dianteiro e traseiro. Foi muito semelhante à falha que atingiu Rosberg no GP do Bahrain em 2015.
No vídeo abaixo podemos ver como, apesar dos problemas, a Mercedes ainda opta por utilizar discos menores e pinças de quatro pistões no eixo traseiro. Isto permite economizar peso, mas tem corre riscos quando o sistema é levado ao limite.
As consequências no carro de Rosberg poderiam estar no equilíbrio de frenagem. Este problema afetou no final da penúltima curva, com duas curvas rápidas, forçando a perceber o estado real dos seus freios na curva 1 da última volta.
Isso teria afetado na curva 1, quando ele entrou na zebra e perdeu tração, o que permitiu que Hamilton atacar.
Na curva2 foi a primeira vez que teria diminuir velocidade ao máximo em uma curva de baixa, de modo que era difícil fazer isso e acabou tendo como consequência bloquear a passagem de Hamilton.
Toto Wolff e Niki Lauda vão decidir como as coisas serão a partir de agora com seus pilotos. Paddy Lowe e os engenheiros da Mercedes continuarão investigando os dados, tentando entender melhor o que aconteceu durante a corrida e como eles podem melhorar as coisas daqui para frente.
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