Coulthard revela que recebeu oferta para ser nº2 de Schumacher na Ferrari
Ex-piloto escocês disse que o então chefe da equipe italiana, Jean Todt, o ofereceu um contrato para que ele fosse o segundo piloto do alemão
Em entrevista ao podcast oficial da Fórmula 1 Beyond The Grid, o ex-piloto David Coulthard revelou que recebeu uma proposta da Ferrari para ser o segundo piloto da escuderia ao lado de Michael Schumacher em 1996. Segundo o escocês, o então chefe da equipe italiana Jean Todt, hoje presidente da FIA, o ofereceu um contrato "claramente de nº2".
"Tive uma oportunidade de ir para a Ferrari. Mas o contrato que me foi oferecido pelo Jean dizia que se Schumacher estivesse em quinto e eu em quarto, eu teria de abrir passagem. Se eu tivesse em primeiro e ele em segundo, eu teria de abrir passagem. Michael estaria à minha frente, todos sabemos agora, mas na época eu obviamente acreditava que tinha o potencial de ser campeão mundial. Então, não podia assinar um contrato que me forçava a ser o número 2. E a McLaren sempre me ofereceu um contrato que era aberto".
Depois de dois anos na Williams, pela qual fez sua estreia no Grande Prêmio da Espanha de 1994 e ganhou sua primeira corrida no GP de Portugal de 1995, Coulthard foi para a McLaren em 1996. Com o time de Woking, foi vice-campeão mundial em 2001, mas viu seu companheiro Mika Hakkinen conquistar dois títulos entre 1998 e 1999. O escocês destacou a boa relação do ex-companheiro com o então chefe da equipe, Ron Dennis:
"Mika teve um acidente com a McLaren em 1995, e Ron o acompanhou no hospital. Eles tinham uma ligação muito forte, compreensivelmente, e Mika era incrivelmente rápido. E eu sempre sentia que Ron dava mais suporte emocional e psicológico ao Mika. No fim, você precisa de tudo. Não é só ter um carro bom. Você tem que estar ao lado da equipe para tirar o máximo dos mecânicos e engenheiros. Isso não acontece por acidente. Você tem que incentivar essas pessoas".
Coulthard reconheceu o incômodo por sentir-se o nº2 de Dennis: "Saber que Ron era mais conectado emocionalmente ao Mika me incomodava. Tive várias conversas com ele ao longo dos anos em que ele sempre negou que houvesse qualquer tipo de favorecimento mental".
Ron Dennis, porém, acabou reconhecendo a afeição por Hakkinen: "Eventualmente, um dia ele disse: ‘É, eu tenho e sempre tive uma forte ligação com o Mika. Ele quase morreu em um dos meus carros’. Então ele tinha quase um instinto paternal em relação ao Mika. Naquele momento, por eu ter encontrado a resposta que eu queria e que eu acreditava ser a verdade, aquele incômodo simplesmente foi embora. De repente, ficou claro que era o caso".
Podium: winner Mika Hakkinen, McLaren, second place David Coulthard, McLaren, third place Michael Schumacher, Ferrari
Photo by: LAT Images
"É uma boa lição, eu acho. As pessoas simplesmente querem saber a verdade. Não é querer uma mudança, até porque Ron não poderia fazer nada diferente. Mas eu só queria saber que não era um erro de avaliação na minha mente. Era absolutamente aquilo".
"Eu usei um exemplo uma vez com o Ron, que é um homem de família, de que era como se ele desse o controle da McLaren para dois filhos em duas semanas distintas, mas com uma diferença: de que ele instruiria um deles antes da segunda-feira e o outro simplesmente chegasse lá na segunda-feira. Um tem uma vantagem psicológica".
Coulthard destacou a importância de qualquer privilégio no alto nível exigido pela F1: "E no nível em que estávamos, queríamos todo tipo de vantagem, e sempre senti que Ron dava uma vantagem psicológica ao Mika. Quando Ron reconheceu, eu simplesmente tirei a pressão de mim".
O escocês também falou sobre sua permanência na equipe por tanto tempo: "A razão pela qual eu fiquei na McLaren por nove anos é que eu sentia que era minha melhor chance de ter um carro vencedor. E a equipe sempre respeitou o fato de que, embora eu não fosse o mais rápido em termos de volta, eu tinha uma ética e um comprometimento grandes. E eu me importava, o que nos permitiu ter uma das relações mais longas da história da Fórmula 1".
Coulthard, porém, admitiu um certo 'arrependimento'. Perguntado se deveria ter acatado ordens de equipe e deixado Hakkinen ultrapassá-lo para a vitória no Grande Prêmio da Austrália de 1998, o escocês disse: "Claro que não!". Entretanto, ele acabou ficando na escuderia até se transferir para a Red Bull em 2005. Coulthard se aposentou após a temporada 2008, dando lugar a Sebastian Vettel ao lado de Mark Webber no ano seguinte.
David Coulthard, Red Bull Racing
Photo by: Lorenzo Bellanca / LAT Images
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