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Especial: a história da equipe de F1 que fracassou mesmo com nomes fortes por trás

A Lola tinha uma história orgulhosa como construtora de carros no automobilismo, mas um episódio que manchou seu legado foi a tentativa de se juntar à F1 em 1997

Vincenzo Sospiri, Lola T97/30 Ford

A história de um dos maiores fiascos da da F1, no papel, parecia um projeto bastante razoável: chassi Lola T97/30, motor Ford Zetec-R V8 e, mais importante, o apoio corporativo da Mastercard. Mas as equipes de F1 não correm no papel, e a realidade foi um desastre total.

O condutor do projeto tinha o desejo da Mastercard lançar o 'F1 Club' para os titulares de cartões que deveria financiar a equipe. O projeto foi terrivelmente apressado, basicamente um ano antes do planejado inicialmente. O rival bancário, o banco HSBC, estava se juntando à F1 com a Stewart Grand Prix, teve um ano inteiro de preparação e um contrato de longo prazo com a Ford.

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O carro estava desesperadamente mal preparado e deu aos pilotos Vincenzo Sospiri e Ricardo Rosset pouca chance de fazer o grid de largada por muitas razões.

Então campeão da Fórmula 3000, Sospiri deu o melhor de si na classificação, mas ficou muito aquém do limite de 107% necessário para fazer a corrida.

O fundador da Lola, Eric Broadley, havia dito no lançamento do carro em Londres: “A regra de 107% nos dá uma margem bastante grande. Se passarmos disso, não devemos participar."

Estranhamente, Sospiri culpa Jacques Villeneuve pelo fato de ele nunca ter iniciado uma corrida na F1, mais precisamente em Melbourne.

"Se ele não tivesse feito aquela volta fantástica na pole, eu teria me qualificado", afirma ele sobre o tempo da pole, 1s75 mais rápido. Uma análise mais detalhada revela que o tempo de Sospiri era quase 12 segundos mais lento que Villeneuve, e que Pedro Paulo Diniz, da Arrows, era de fato quem esteve mais perto dos 107%.

Mas, depois de algumas discussões de Tom Walkinshaw, Diniz foi autorizado a correr de qualquer maneira devido à sua velocidade nos treinos livres, ao contrário dos Lolas, que estavam muito fora de ritmo.

"Ricardo foi 1s5 mais lento que eu", disse Sospiri, que pelo menos poderia se consolar nisso. “O carro não era o melhor para se guiar.”

"Fizemos 12 voltas [de testes] em Silverstone, só isso. Era muito difícil de manusear nas curvas e não possuía aderência aerodinâmica. Mesmo na reta, estava indo para a esquerda e para a direita! Ninguém sabia o porquê.”

Rosset resumiu sua experiência assim: “Foi difícil, como eu sabia que seria. Tivemos muitos problemas. O maior deles é que não tínhamos uma configuração básica para o carro, então adivinhávamos o setup e, quando estavam erradas, entramos em pânico.”

Uma questão veio à tona antes do GP do Brasil, em Interlagos, segunda etapa do ano. Tudo pronto para tentar se classificar novamente e o sonho de Sospiri na F1 se desfez em circunstâncias curiosas. Além de não haver ritmo no carro, também não havia dinheiro no banco.

De fato, o projeto tinha uma dívida de £6 milhões (aproximadamente R$ 36 milhões) o que liquidou toda a empresa algumas semanas depois.

"Eu realmente descobri que a equipe havia acabado por um jornal brasileiro na manhã da quinta-feira antes do GP", disse ele. "O jornal dizia 'Lola está fora', então pensei 'o que está acontecendo?'. Liguei para o Ricardo e ele disse que era verdade. Ele estava no caminhão e disse que estava prestes a ser expulso. Pedi para ele pegar minhas coisas e meu capacete também!”

“Fui para a pista e tudo estava selado. Tudo acabado.”

Apesar de ter testado anteriormente para a Benetton, Ligier e Simtek, a carreira de Sospiri na F1 terminou após apenas mais uma tentativa fracassada de classificação.

“Me parecia um bom acordo, deixei meu papel de piloto de testes na Benetton e assinei contrato por quatro anos. Eles tinham planos de fabricar seus próprios motores no ano seguinte, mas o orçamento nunca esteve lá.”

"Tudo o que eles me disseram não era verdade. Na F1, quando isso acontece, não demora muito para se descobrir."

Depois disso, ele foi para os EUA, onde pilotou na Indy (começando na primeira fila da Indy 500 daquele ano, atrás apenas de Arie Luyendyk e Tony Stewart) e em carros esportivos, antes de pendurar o capacete e investir no gerenciamento de equipes e pilotos, principalmente com Luca Filippi.

Ao Motorsport.com, Rosset resumiu a parceria: No final, fiquei sabendo que na verdade era um patrocínio que a equipe ganharia dinheiro com a venda de cartões de crédito "Lola F1 Mastercard". E como a equipe já saiu mal, com um carro feito em cima da hora, meio Frankenstein, viram que a coisa não funcionaria.”

“A Mastercard pulou fora, disse que não colocaria o nome dela. E isso me surpreendeu, porque no início tínhamos muito material de marketing e parecia investimento de time grande, tudo parecia muito bom, mas foi um fracasso. Aquilo me detonou bastante, fiquei um ano fora.”

Confira imagens do ano em que a Lola passou pela F1

The Lola Mastercard Team withdrew their cars from the race
Vincenzo Sospiri, Lola T97/30 Ford
Vincenzo Sospiri, Lola T97/30 Ford
Vincenzo Sospiri, Lola T97/30 Ford
Vincenzo Sospiri, Lola T97/30 Ford
Ricardo Rosset, Lola T97/30 Ford
Ricardo Rosset, Lola
Ricardo Rosset,  Mastercard Lola with his team mate Vincenzo Sospiri,  Mastercard Lola
Ricardo Rosset,  Mastercard Lola T97/30
Ricardo Rosset and Vincenzo Sospiri, Lola
Eric Broadley, Lola Team Principal, a guest, Ricardo Rosset,  Lola and Vincenzo Sospiri, Lola
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