F1: Com meta de 24 GPs para 2024, Domenicali defende corridas históricas, mas pede "evoluções"
CEO da F1 revelou ainda que iniciará na próxima semana as negociações para estender contrato de Ímola em um ano após o cancelamento do GP pelas chuvas
Para o CEO da Fórmula 1, Stefano Domenicali, o cenário ideal para o próximo ano é ter uma temporada com 24 GPs. E, analisando a situação atual do Mundial, o dirigente revelou que vai iniciar na próxima semana as negociações para estender o contrato de Ímola por mais um ano após o cancelamento da etapa de 2023.
Na última década, o número de GPs no calendário aumentou drasticamente, superando a marca de 20 para um projeto de 24 neste ano. Porém, as restrições da Covid-19 e as inundações levaram ao cancelamento dos GPs da China e da Emilia Romagna, levando ao mesmo total de 22 do ano passado.
Após o boom de popularidade da categoria, Domenicali não esconde que recebeu várias ofertas de novos e velhos mercados, o que, segundo ele, poderia aumentar o calendário para 30 GPs. Mas o Pacto de Concórdia atual limita esse número a 25, enquanto o próprio CEO diz que a meta para o futuro é 24.
"O número que propusemos para este ano, mas que não atingimos por motivos de força maior, é o que queremos para o próximo ano: 24 corridas. Acho que é o número certo, o que é exigido pelo mercado", disse Domenicali ao podcast da F1, Beyond the Grid.
Stefano Domenicali
Photo by: Steven Tee / Motorsport Images
"Digo que esse é o equilíbrio certo entre a demanda do mercado e a complexidade logística das pessoas que trabalham. Mas eu diria que esse é o número que devemos focar".
Entre as cidades interessadas em integrar o Mundial está Madri. Há alguns meses, o governo da capital espanhola enviou uma carta de intenções à F1, formalizando seu interesse pelo GP. E a proposta vem ganhando força, apesar do choque com Barcelona, que pretende manter sua prova.
Domenicali confirmou que Madri está mais do que interessada, mas que ainda não foi tomada uma decisão, já que o contrato com Barcelona vai até 2026.
"Sempre fui transparente com Barcelona. É verdade que Madri quer receber um GP no futuro, mas não tomamos nenhuma decisão. Esse é um grande sinal da saúde da F1. Não discutiremos questões políticas nos próximos meses, apenas comerciais, técnicas e desportivas. E, pelo bem da F1, tomaremos a decisão certa. Tenho certeza disso".
"Temos que lembrar que ainda temos anos de contrato com Barcelona e estamos felizes com a forma na qual eles estão administrando o futuro, porque obviamente o interesse de Madri os ajudou a reagir, a buscar as melhorias necessárias em todos os níveis, em todos os lugares".
Circuito de Barcelona
Photo by: Steve Etherington / Motorsport Images
Se, no passado, a Espanha chegou a receber dois eventos em uma mesma temporada, agora essa opção não parece mais viável, tanto por razões econômicas quanto pelo fato da F1 estar expandindo seus horizontes para outros mercados: "Na época, a visão não era tão ampla. Nosso calendário ainda é focado na Europa. Mas hoje temos um calendário mundial com mais corridas".
"Penso que, na Europa, no futuro, espero ver o princípio da rotação sendo aplicado. Mas não dois no mesmo ano", disse o CEO, que ainda revelou que já discute com alguns promotores de GPs a possibilidade de alternância no calendário embora, no momento, ainda não exista nada concreto.
Em um futuro próximo, a Itália seguirá sediando duas etapas em seu território graças aos contratos com Ímola e Monza, sendo que o último trabalha para modernizar suas instalações, atingindo os requisitos da categoria.
Infelizmente, o GP em Ímola precisou ser cancelado por motivos de força maior, mas Domenicali confirmou que, na próxima semana, começará a negociar a extensão do contrato em um ano.
Autódromo Enzo e Dino Ferrari
Photo by: Carl Bingham / Aston Martin
Monza é um daqueles circuitos definidos como "históricos" ao lado de pistas como Suzuka, Spa ou Silverstone. Indicações que, por várias razões, viram a sua presença no calendário sendo questionada. Não é mistério que o futuro do GP da Bélgica esteja sobre risco, com a prova entrando no calendário deste ano apenas após a volta da África do Sul ter sido engavetada.
Embora a direção da categoria estudem a possibilidade de acrescentar novos destinos no calendário, Domenicali tratou de deixar claro que quer manter as pistas históricas: "Certamente é muito importante termos as corridas históricas, aquelas com personalidade própria. Quem diz que a F1 não respeita esses locais me faz rir. A situação é absolutamente a oposta".
"O que eu sempre defendo é que a palavra histórico significa muito, carregando uma responsabilidade própria. Mas histórico não pode ser visto como um lugar velho, ultrapassado. Acho que o que queremos é usar esse momento incrível de crescimento da F1 para garantir que todos estejam fazendo a coisa certa".
Bem-vindos ao Circuito de Spa-Francorchamps
Photo by: Sam Bloxham / Motorsport Images
"Se trata de entender que o mundo está evoluindo. Quando você ouve, e talvez fique chocado, que uma nova geração nova de fãs que estão se apaixonando pela F1 não sabem quem eram os pilotos há cinco anos. Não estamos falando de 55 anos. Eles não têm ideia de quem são".
"Seria errado da nossa parte não reconhecer isso. Não estou dizendo que estão certos. Estou dizendo que precisamos entender qual é o equilíbrio certo que devemos almejar para tomarmos as decisões certas para o futuro".
"Portanto, as corridas históricas sempre farão parte do calendário, mas algumas precisam reconhecer as mudanças necessárias, como trabalhar na infraestrutura. Não estamos falando do traçado das pistas".
"Mas os fãs chegam cada vez mais com necessidades diferentes e, se não lhes damos o que merecem, esses locais deixam de ser históricos e passam a ser um lugar fora de contexto, onde não devemos ir".
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