F1: o dia maluco em que Vettel conquistou o campeonato contra Alonso; relembre
Temporada de 2012 foi uma das mais emocionantes da história recente da categoria; definição aconteceu no emocionante GP do Brasil
O final da temporada 2012 foi um dos mais memoráveis da história recente da Fórmula 1, com Alonso e Vettel disputando o título.
Quando se trata de criticar a atual Fórmula 1, o ano de 2012 é frequentemente citado como um exemplo dos "bons e velhos tempos" para os quais o campeonato deve retornar. É fácil perceber o porquê.
Foi uma temporada espetacular, com oito pilotos de seis equipes diferentes na lista de vencedores. Duas outras equipes chegaram perto de vitórias naquele que foi certamente o ano mais competitivo deste século.
Tudo o que tornou 2012 ótimo foi 'resumido' no GP do Brasil, que encerrou a temporada em Interlagos. Protagonistas inesperados, lendas que se despediram e - o mais memorável - a última definição emocionante de título até hoje.
Os finais de 2014 e 2016 foram certamente dramáticos, já que Lewis Hamilton e Nico Rosberg lutaram pelo título sob as luzes de Abu Dhabi. Mas o primeiro foi resolvido no momento em que o carro de Rosberg falhou e o segundo após as tentativas inúteis de Hamilton de desacelerar seu rival.
O confronto de 2012 entre Sebastian Vettel (Red Bull) e Fernando Alonso (Ferrari) esteve em outro nível e eles chegaram ao Brasil separados por 13 pontos. Alonso havia construído uma vantagem de 40 antes das férias de verão, levando seu F2012 a vitórias na Malásia, Valência e Alemanha. Vettel conseguiu apenas uma vitória no final da sequência europeia, sugerindo que um terceiro título estava fora de alcance.
Photo by: Andrew Ferraro / Motorsport Images
Mas as coisas mudaram rapidamente. A Red Bull fez uma grande melhoria durante o verão, evoluindo em relação ao resto do grid. Foram quatro vitórias consecutivas de Singapura à Índia, seguidas de pódios em Abu Dhabi e Austin, que colocaram Vettel como favorito na batalha pelo título. O quarto lugar no Brasil seria o suficiente para garantir o campeonato, enquanto Alonso tinha que terminar no pódio para ter alguma chance de conquistar seu primeiro título pela Ferrari.
Vettel teve problemas no sábado, terminando em quarto após um erro em sua primeira volta no Q3. Seu companheiro de equipe, Mark Webber, estava ao lado em terceiro lugar, enquanto as McLarens formaram a primeira fila. Para sua corrida final com a equipe de Woking, Lewis Hamilton superou Jenson Button pela pole position, aumentando as esperanças de uma vitória na despedida.
Alonso havia sofrido na classificação muitas vezes naquele ano. Desde que conquistou a pole position no GP da Alemanha, ele não havia se classificado acima do quarto lugar e foi oitavo em Interlagos, ganhando uma posição após uma penalidade para o venezuelano Pastor Maldonado. As opções favoreciam Vettel, e Alonso sabia disso.
"Se tenho alguma esperança pelo título, é mais plausível contar com um abandono de Vettel do que acabar numa posição em que (eu) possa ultrapassá-lo na classificação", disse o espanhol. "Obviamente, espero uma corrida caótica, por isso a chuva pode ser um grande fator, mesmo que, no molhado, seja mais arriscado para todos”.
Photo by: Charles Coates / Motorsport Images
As 'preces' de Alonso foram ouvidas quando a chuva apareceu antes das luzes se apagarem, deixando a pista oleosa, mas não molhada o suficiente para os pneus intermediários.
As duas Red Bulls largaram mal, permitindo que Felipe Massa os ultrapassasse. Vettel ficou por dentro, mas foi forçado a recuar no fim da curva 1 para evitar a colisão com Webber. Isso permitiu que Nico Hulkenberg e, principalmente, Alonso o ultrapassassem, deixando Vettel na sétima posição.
O alemão abriu espaço para Paul di Resta, enquanto Bruno Senna tentava passar os dois. Sua roda dianteira direita bateu em Vettel e os dois rodaram. Depois de estar na direção oposta, o alemão conseguiu realinhar o carro, mas foi para a última posição.
Para piorar a situação do então jovem piloto, Alonso conseguiu ultrapassar Webber e Massa em uma única manobra no final da primeira das 71 voltas, alçando ele para terceiro e em posição de se sagrar campeão.
Depois de algumas voltas, a Red Bull não viu nenhum grande problema de telemetria. O tom relaxado de seu engenheiro contrastou com o desconforto que crescia na Red Bull, enquanto a equipe rapidamente colocava um fotógrafo na pista para registrar os danos. Adrian Newey estudou uma fotografia impressa da parte traseira do RB8 de Vettel, que mostrava danos ao tubo de escapamento, gerando preocupações sobre um possível incêndio.
Vettel estava fazendo o possível para retomar suas esperanças de título. A partir do momento em que sua Red Bull rodou, ele passou a registrar tempos de volta consistentes. À medida que a chuva ficava mais forte, Vettel superou seus rivais um a um, subindo para o sexto lugar no final da nona volta. Alonso, por sua vez, caiu para quarto, atrás de Hulkenberg, depois que um erro o levou a escapar na curva 1.
Photo by: Sutton Images
Alonso e Vettel colocaram pneus intermediários na volta 10, mas foram forçados a voltar aos boxes quando a chuva parou. Os únicos pilotos que não entraram foram os dois líderes: Hulkenberg, completando o que parecia ser seu melhor desempenho na carreira com a Force India, e Button - mas sua vantagem desapareceu quando o safety car entrou na volta 23 devido a escombros na pista.
À medida que a corrida ia para o final, Vettel estava em uma posição mais confortável, mas sabia que uma tempestade parecia se formar no horizonte. Ele estava em sexto lugar, logo atrás de Alonso, o que significava que o título era dele naquele momento, mas havia perdido força aerodinâmica no acidente e teve que colocar o carro em modo de baixa potência devido ao problema no escapamento.
Vettel foi pego de surpresa na relargada, permitindo que Kamui Kobayashi (Sauber) o ultrapassasse na curva 1. Quando a garoa voltou, Massa também ultrapassou a Red Bull por fora na curva 4, sem o alemão arriscar entrar na briga pela posição.
O alemão caiu para oitavo, o suficiente para ser campeão, mas longe de estar em uma posição confortável.
Incapaz de alcançar Kobayashi para tentar uma ultrapassagem, Vettel ficou em dévida sobre se deveria ir aos boxes ou se deveria esperar com os intermediários, já que a chuva aparecia no radar. Para piorar as coisas, um problema em seu rádio o deixou incomunicável.
A Red Bull chamou o alemão aos boxes para outro conjunto de pneus macios a 18 voltas do final, mas a chuva forte forçou outra parada duas voltas depois. A equipe não conseguiu preparar os pneus a tempo e o alemão teve que esperar 10 segundos a mais do que o normal. De repente, tudo parecia dar errado. Mas, novamente, Vettel reencontrou seu caminho.
Conforme as condições pioraram e mais pilotos colocaram os pneus intermediários, a situação se tranquilizou. Hulkenberg e Hamilton tocaram enquanto lutavam pela liderança, tirando Hamilton do páreo. Alonso ficou em segundo lugar depois que Massa obedientemente abriu caminho para ele, enquanto Vettel estava em sétimo, atrás de Michael Schumacher, que havia se recuperado em sua última corrida para pontuar em sua despedida.
Schumacher ofereceu pouca resistência a Vettel a seis voltas do fim, dando ao seu compatriota algum tempo para respirar na corrida pelo título. Mas se algo acontecesse com Button na frente, o título iria para Alonso. O alívio de Vettel veio a três voltas do fim, quando Di Resta bateu na reta principal enquanto a chuva ficava mais forte, fazendo com que o safety car retornasse à pista e levasse os pilotos em baixa velocidade até a linha de chegada.
Vettel então sobreviveu à tempestade e foi campeão pela terceira vez. "Foi a corrida mais difícil, mas continuamos acreditando e mantivemos a calma. Foi muito difícil. Como você se acalma? Você apenas acelera para voltar", disse Vettel.
Na área de pesagem, os gestos lentos e abatidos de Alonso falavam por si. Ele havia dado o seu máximo, superando o desempenho de seu carro semana após semana, mas não tinha sido o suficiente.
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