F1: Os prós e contras para a Red Bull ao assumir o programa de motores da Honda
Equipe austríaca precisa se preocupar com a implantação de um mecanismo de equilíbrio do grid de 2022 em diante; entenda
Após um grande debate sobre o congelamento de motores da Fórmula 1 a partir da temporada 2022, a medida finalmente foi aprovada pela categoria e, com isso, a Red Bull oficializou nesta segunda (15) que seguirá operando a estrutura da fornecedora Honda, que deixará o esporte no fim de 2021.
Inicialmente, a Ferrari se opôs fortemente ao congelamento, mas mudou de opinião ao passo que a F1 esboçou a ideia da nova geração de motores para 2025 e além. Entretanto, ainda há arestas para se aparar.
Enquanto Red Bull e Ferrari pressionam pela introdução de um mecanismo que garanta equilíbrio, como a permissão de maior fluxo de combustível para equipes que estejam piores que a concorrência, a Mercedes é contra.
Embora tenha apoiado o congelamento de motores por questões orçamentárias, as Flechas de Prata não deram um 'salvo conduto' total às rivais. Nesse sentido, a equipe de Lewis Hamilton tem a Renault como aliada, de modo que a situação segue indefinida.
De todo modo, a aprovação do congelamento foi boa para a Red Bull, que pôde dar prosseguimento aos seus planos de operar os motores Honda. Além disso, foi evitada uma reunião com a Renault, já que equipe e montadora terminaram sua relação 'brigadas'.
Max Verstappen, Red Bull Racing RB16, Valtteri Bottas, Mercedes F1 W11, Lewis Hamilton, Mercedes F1 W11, and Lando Norris, McLaren MCL35
Photo by: Charles Coates / Motorsport Images
Entretanto, a implementação de uma divisão para supervisão das unidades de potência traz mais custos à Red Bull. O trabalho em Milton Keynes inclusive já começou a fim de adiantar a adaptação à nova realidade.
Nada disso é barato, mas, considerando quão caro seria costurar um acordo com outra montadora, de fato foi melhor para a Red Bull dar prosseguimento à operação da estrutura de motores da Honda. Outra boa notícia para a equipe é que ela estará em uma boa posição política quando a F1 introduzir a nova geração de unidades de potência a partir da temporada 2025.
"Se confirmada a expectativa por um novo motor mais simples no design, sem MGU-H, e se a construção continuar com inovação mas o limite de custos anual ficar na casa de 50 milhões, então não teremos algo tão complexo como o motor atual", disse o consultor de automobilismo da Red Bull, Helmut Marko, ao Motorsport.com em dezembro. "Isso pode significar que poderíamos fazer o desenvolvimento do motor na estrutura de Milton Keynes."
Além disso, a porta também fica aberta para que a Red Bull volte a se aliar a uma nova montadora futuramente, caso os novos regulamentos de unidades de potência sejam atrativos para marcas que estão fora da F1, como a Porsche.
De todo modo, fazer um novo motor em casa é uma opção de segurança decente. E, mesmo que faça parceria com alguma montadora, ter uma divisão de motores com todo o know-how só vai fortalecer a Red Bull.
No que diz respeito aos gastos, a Red Bull também poderá usar sua 'independência' para influenciar o mercado conforme for conveniente. Em meio às tensões com a Renault há seis anos, a equipe renomeou os motores franceses de TAG Heuer. Um acordo de patrocínio similar agora será possível pelo menos pelos próximos três anos, o que pode ser bastante útil do ponto de vista financeiro.
É um desenvolvimento interessante para o futuro da Red Bull, mas não garante sucesso ao time pelas próximas três temporadas.
Ao anunciar sua saída da F1, a Honda frisou seu compromisso em desenvolver uma nova unidade de potência para a temporada 2021 a fim de permitir que a Red Bull possa de fato brigar pelo título. Mas ainda não está claro que tipo de auxílio a Red Bull terá da Honda depois que a montadora japonesa de fato encerrar sua operação na categoria máxima do automobilismo mundial.
Enquanto isso, Ferrari, Mercedes e Renault seguirão trabalhando ao longo de 2021 para garantir que seus motores estejam fortes para 'aguentarem' a barra quando o congelamento vigorar a partir de 2022. Nesse meio tempo, a Red Bull não pode perder terreno.
Masashi Yamamoto, General Manager, Honda Motorsport, and Christian Horner, Team Principal, Red Bull Racing, celebrate in Parc Ferme
Photo by: Andy Hone / Motorsport Images
É aí que uma eventual ausência de um mecanismo para equilibrar os diferentes motores dos grids de 2022 em diante pode ser quase fatal. O chefe de equipe da Red Bull, Christian Horner, disse, no fim da última temporada, que "restringir performance por três anos" pode ser "consideravelmente perigoso" para qualquer time que fique aquém do desempenho da concorrência. Foi um aceno a algum sistema para equilibrar as escuderias.
Nesse sentido, o possível 'custo' de 'errar a mão' tão gravemente no motor foi mostrado pelas dificuldades da Ferrari em 2020. Com o desenvolvimento restrito em função das medidas de contenção de gastos por causa da pandemia, a escuderia italiana de Maranello sofreu com uma unidade de potência consideravelmente pior do que as rivais e fez sua pior temporada em 40 anos, também prejudicando o rendimento das clientes Alfa Romeo e Haas.
Talvez por isso, não foi surpreendente o fato de que a Ferrari apoiou a ideia da Red Bull de pressionar pela implantação de um sistema de equilíbrio do grid. Mas, como ainda não há consenso, tudo depende de como as equipes chegam em 2021.
De toda forma, a Red Bull conseguiu o que queria com o congelamento de motores, o que permite que o time se planeje não só para a era pós-Honda, mas também para os regulamentos de 2025. Em longo prazo, as coisas parecem boas.
Mas, sem um mecanismo de equilíbrio do grid, a pressão agora estará em garantir que, no começo de 2022, independentemente de qual será o nome do motor Red Bull, a unidade da escuderia seja boa o suficiente para competir com a Mercedes.
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