Há 50 anos, Copersucar Fittipaldi fazia sua estreia na F1 como a primeira equipe brasileira da história do Mundial
Projeto de Emerson e Wilsinho foi um marco na história do esporte a motor brasileiro
Há exatos 50 anos, em 12 de janeiro de 1975, a Fórmula 1 dava o pontapé inicial da temporada daquele ano, com o GP da Argentina, em Buenos Aires. E enquanto a vitória ficou com Emerson Fittipaldi a bordo da McLaren, um outro feito da família Fittipaldi deixou sua marca na história do automobilismo brasileiro e mundial.
Discretamente, largando em 23º e último, a 11s do tempo da pole de Jean-Pierre Jarrier, Wilsinho Fittipaldi alinhava no grid para a estreia da Copersucar Fittipaldi, a primeira e única equipe brasileira da história da F1.
A Copersucar-Fittipaldi surgiu de um desejo de longa data dos irmãos Emerson e Wilson de ter uma representação brasileira no grid que fosse além de apenas os pilotos, podendo servir como uma porta de entrada para novos talentos do país na categoria.
Para viabilizar o início deste projeto, os irmãos contaram com um importante patrocínio: da Copersucar, marca brasileira do ramo de açúcar e etanol, com sede em São Paulo. A parceria durou apenas três anos, até 1977, mas deixou uma marca no imaginário dos fãs brasileiros. Por mais que a equipe tenha seguido no grid até 1982, e tenha sido chamada de Fittipaldi Automotive e Skol Fittipaldi Team, este é o nome do qual todos se referem até hoje.
No primeiro ano, a Copersucar contou com apenas um carro, guiado por Wilsinho, exceto no GP da Itália, que contou com o italiano Arturo Merzario. Sem pontuar, o melhor resultado da equipe em seu ano de estreia foi o 10º lugar no GP dos EUA em Watkins Glen.
Em 1976, a Copersucar passa por uma importante mudança. Wilsinho pendurou as luvas para tocar o lado administrativo da equipe, enquanto Emerson opta por deixar a McLaren, onde teria condições de brigar pelo tricampeonato naquele ano, para defender seu próprio time. As evoluções em comparação com 1975 já eram claras. Emerson conquistou três sextos lugares em Long Beach, Mônaco e Silverstone, e a equipe chegou inclusive a alinhar um segundo carro em algumas provas com Ingo Hoffmann a bordo.
Mantendo esta formação em 1977, a Copersucar manteve a trajetória de crescimento. Emerson pontua em quatro corridas, incluindo três quartos lugares em Buenos Aires, Interlagos e Zandvoort.
Mesmo com o fim do acordo com a Copersucar, a equipe vive seu melhor ano em 1978. Tendo apenas um carro no grid, com Emerson a bordo, o time brasileiro obtém um grande feito de pontuar em seis das 16 provas daquele ano, incluindo o primeiro pódio de sua história, com o segundo lugar de Emerson no GP do Brasil em Jacarepaguá.
Emerson Fittipaldi, Coppersucar F5A
Foto de: Motorsport Images
O avanço de 1978 desapareceu em 1979, com o F6A fazendo a equipe dar muitos passos atrás. Emerson pontuou apenas uma vez, com o sexto lugar no GP da Argentina. Mas, para o ano de despedida do bicampeão, a agora Skol Fittipaldi Team consegue se reerguer. Pela primeira vez a equipe alinha dois carros no grid de forma integral na temporada, com Keke Rosberg ao lado de Emerson. E ambos conquistam um pódio cada ao longo do ano.
Os últimos dois anos da equipe não foram fácil, com sequências de corridas sem sequer passarem da pré-classificação. Neste período, o único ponto conquistado foi obtido por Chico Serra, que passou a ocupar a vaga deixada por Emerson, com um sexto lugar no GP da Bélgica.
Emerson e Wilsinho tentaram levantar fundos para manter a operação da equipe na temporada de 1973 mas, sem sucesso, foram forçados a fecharem as portas, encerrando o sonho da equipe brasileira na F1.
Para além dos irmãos Fittipaldi, outro brasileiro teve um papel fundamental na história da Copersucar Fittipaldi: o projetista Ricardo Divila. O paulistano, o qual Christian Fittipaldi se referiu como "o outro irmão de meu pai" em entrevista ao Motorsport.com Brasil em 2020, foi central no crescimento da equipe ao longo dos anos.
Os três trabalhavam tão arduamente juntos que os nomes dos primeiros carros da equipe eram chamados de FD (FD01, FD02, FD03, FD04), carregando os dois sobrenomes. O padrão de nome mudou com o F5, ainda em 1977, quando a Copersucar passou a trazer outros nomes para a equipe técnica, uma lista que conta com lendas como Dave Baldwin, Ralph Bellamy, Harvey Postlethwaite e, posteriormente, Adrian Newey.
Em entrevista ao Motorsport.com Brasil em 2018, Wilsinho falou sobre o tamanho do feito que ele e Emerson conquistaram com a Copersucar, e como que o momento atual da F1 torna improvável a repetição desta história.
“Acho que o que conseguimos mostrar ao país que um carro de F1 construído no Brasil tinha a possibilidade de ser o mais competitivo e foi o que aconteceu”, disse Wilson. “O Emerson largou em sétimo e veio passando os outros até chegar à segunda posição. Isso foi bastante importante para o país, para você criar no nosso projeto uma credibilidade muito maior que existia".
“O maior feito não foi só esse, o maior feito foi ter construído um carro aqui no país. Enquanto tivemos a equipe competindo durante oito anos, tivemos outros resultados considerados bons. Tivemos um terceiro lugar em Long Beach (em 1980 com Emerson Fittipaldi) e na Argentina (também em 1980 com Keke Rosberg), então isso mostrou que a construção do carro era viável e que o país tinha condições de construir um carro desses, com a tecnologia que existia naquela época.”
O feito de criar uma equipe brasileira para brigar com as forças europeias na principal categoria do automobilismo mundial poderia se repetir no século XXI ou ter algo parecido? Fittipaldi é enfático em sua resposta.
“Nem parecido e nem possível. A regulamentação mudou, levaram para o lado eletrônico. Então o maior desenvolvimento técnico que tivemos na F1 nos últimos 20 anos foi em direção totalmente para a eletrônica e esse lado ainda custa uma fábula, uma fortuna.”
“Hoje, uma equipe avulsa sem o apoio de uma fábrica é totalmente inviável. Em números, a Ferrari gasta hoje por volta de US$ 450 milhões, a Mercedes acima de US$ 500 milhões. Você não vai conseguir levantar uma quantia dessas em três ou quatro empresas ou com o governo ajudando. O custo é muito alto.”
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