Fórmula 1 GP da Arábia Saudita

Hamilton cobra conscientização da F1 por violações contra os direitos humanos na Arábia Saudita

Heptacampeão disse que não se sente confortável em correr no país, apesar da acolhida na chegada

Pole man Lewis Hamilton, Mercedes, celebrates after Qualifying

A Fórmula 1 chega neste fim de semana para correr na Arábia Saudita em meio a alertas sobre como o país está usando o evento como uma cortina de fumaça, para varrer para baixo do tapete as acusações de violações contra os direitos humanos. E o heptacampeão Lewis Hamilton admitiu nesta quinta que não se sente "muito confortável" em correr no país por causa dessas denúncias.

Desde o seu anúncio, no ano passado, o evento vem sendo alvo de críticas. A Human Rights Watch, uma das ONGs mais importantes do mundo no combate às violações contra os direitos humanos, alertou a F1 sobre a preocupação com o que classifica como "uma estratégia deliberada de defletir a imagem do país como um violador dos direitos humanos".

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O relatório divulgado pela ONG traz também uma carta, solicitando uma reunião com a direção da F1 e o presidente da FIA Jean Todt, afirmando que a presença da categoria no país arrisca "aumentar os já bem financiados esforços de limpar sua imagem, apesar de um aumento significativo na repressão durante os últimos anos".

Hamilton, que é uma das vozes mais ativas no mundo do esporte sobre direitos humanos, introduziu no GP do Catar uma pintura em seu capacete em apoio à comunidade LGBTQIA+, e que seguirá usando o design neste fim de semana em Jeddah e em Abu Dhabi. Nos três países, ser LGBTQIA+ é passível de prisão e, no caso da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes, de punições físicas e até mesmo execução.

Falando com a mídia nesta quinta-feira antes do GP da Arábia Saudita, Hamilton diz que ele acredita que a F1 "deve ajudar a aumentar a conscientização sobre certos assuntos relacionados a direitos humanos nesses países que visitamos".

O piloto da Mercedes reforçou que recebeu "uma boa acolhida das pessoas em sua chegada", mas admitiu que "não diria" se se sente confortável ao correr no país.

Lewis Hamilton, Mercedes

Lewis Hamilton, Mercedes

Photo by: Steve Etherington / Motorsport Images

Questionado se o posicionamento da Arábia Saudita no calendário é uma contradição à mensagem de "corremos como um" (We Race As One) que a F1 vem promovendo nos dois últimos anos, ele disse: "Não posso fingir que sou a pessoa com mais conhecimento, que tem uma compreensão maior do que a de quem cresceu nessa comunidade e que é duramente afetada por certas regras e o regime".

"Se eu me sinto confortável aqui? Não posso dizer que me sinto, mas não é minha escolha estar aqui. O esporte que tomou a decisão de estar aqui, e se isso é certo ou errado, acho que, enquanto estamos aqui, é importante criarmos a conscientização".

"Por exemplo, vocês viram no Catar o capacete que eu usei. Usarei aqui novamente e na próxima corrida porque é um problema. Há mudanças que precisam ser feitas".

Hamilton disse ainda que, apesar da lei saudita ter sido modificada em 2018, finalmente permitindo que as mulheres pudessem dirigir, "algumas mulheres seguem na prisão por terem dirigido há muitos, muitos anos".

"Há várias mudanças que precisam acontecer e nosso esporte precisa fazer mais".

O príncipe Khalid bin Sultan al-Faisal, promotor da corrida, disse que as visões expressadas por Hamilton são bem-vindas e que respeita sua opinião.

"É bom ver as pessoas defendendo o que acreditam. Mas, ao mesmo tempo, temos nossa cultura, nossas tradições. Entendemos que para alguém com sua origem e sua cultura, compreendo perfeitamente porque ele faz isso. Acho que ele tem que fazer o que precisa, independentemente do que apoia, respeitamos sua opinião".

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