Quando um bicampeão da F1 dormiu demais no dia da corrida e acabou preso
O domingo do GP da Grã-Bretanha de 1992 não começou nada bem para Mika Hakkinen, mas, felizmente, esta história policial teve um final feliz
O domingo do GP da Grã-Bretanha de 1992 não começou nada bem para Mika Hakkinen, mas, felizmente, esta história policial teve um final feliz.
Na manhã de 12 de julho de 1992, um jovem piloto finlandês, que disputava sua segunda temporada na Fórmula 1 com a equipe Lotus, acordou em um quarto de hotel. O problema foi que ele acordou mais tarde que o esperado, e isso levou a uma história incrível. O próprio Hakkinen contou essa história em seu videoblog.
“Esta história nunca me esquecerei. A sexta e o sábado em Silverstone foram positivos para nós, que demos nosso máximo. No sábado, decidi ir dormir cedo, para que, pela manhã, pudesse chegar facilmente à pista. Meu hotel ficava em Milton Keynes, a uns 15 quilômetros do circuito. Parece ser perto, mas ao redor de Silverstone existem grandes engarrafamentos. Só há uma maneira de chegar lá com tranquilidade: levante-se cedo e você não terá problemas com o tráfego”.
“Mas acabei dormindo demais. Quando abri os olhos e vi pela janela que estava amanhecendo, entrei em pânico. Acho que o alarme não despertou. E era o dia da corrida! Eu não podia acreditar que isso estava acontecendo comigo. E embora eu estivesse apenas 15 ou 20 minutos atrasado, eu fiquei totalmente em pânico”.
“Nesse grande prêmio, eu fui com um amigo, e ele também dormiu demais! Além disso, tive que esperar por ele. Quando saí do hotel, me apressei como um louco. Mas quando cheguei na estrada, já havia engarrafamento. Olhei para o relógio e me xinguei. O pânico se intensificou”.
“Estávamos avançando pouco, e não seria bom para mim perder o warm up que acontecia pela manhã naquela época da F1. No entanto, a única coisa que eu contava era em chegar a tempo da corrida. Felizmente, em um dos cruzamentos, vi um policial e resolvi perguntar para ele se era possível descer a pista do outro lado, calmamente, tomando todas as medidas de segurança e acendendo as luzes para ficarem visíveis. Eu falei que era piloto de Fórmula 1 e estava atrasado para o circuito”.
“Ele respondeu: ‘Pode ir, mas dirija com muito cuidado’. Consegui, sentindo um alívio enorme, porque agora poderia chegar a tempo. De repente, vi os espelhos retrovisores da motocicleta com as luzes piscando. Isso me fez pensar: ‘Eles vieram me ajudar, agora tudo será ainda mais rápido!’, e eu acelerei”.
“Assim que chegamos à pista eu me dirigi direto para o pit lane, quando aqueles policiais me alcançaram e ordenaram para que eu parasse. Abri a janela e rapidamente percebi que eles estavam com muita raiva. Primeiro, eles me perguntaram se eu estava bêbado. Explique a eles que estava indo para a corrida, dizendo o meu nome. ‘Sim, é claro, e nós somos o Nigel Mansell’, responderam com zombaria”.
O bicampeão mundial, Mika Häkkinen passou por grandes problemas em Silverstone em 1992
Photo by: Sam Bloxham / Motorsport Images
“O caso deu uma guinada séria. Eles me forçaram a sair do carro e puseram as minhas mãos no capô. Eles me revistaram. Expliquei que eles me deram permissão para sair daquele lado da estrada, mas a resposta foi simples: ‘Isso não muda nada. Você violou uma lei e vai preso’”.
“Eu não acreditava que eles estavam falando sério. ‘Ao invés do GP da Grã-Bretanha, piloto Hakkinen vai para a cadeia’. Era o fim da minha carreira, pensei.
“Quando eles me colocaram em uma cela, eu mal conseguia segurar minhas lágrimas, pensando que tudo estava perdido. Naquela época, não havia telefone celular e eu não tinha conseguido entrar em contato com a equipe. Então a polícia examinou o meu passaporte e me chamaram. Enquanto isso, ouvia o barulho dos motores. O warm up estava começando e tudo estava perdido”.
“Logo chegou o Peter [Collins diretor da Lotus]. Não sei o que disseram, mas me deixaram sair da cela”.
“Consegui chegar ao início da corrida e até consegui pontuar, dando um bom resultado para a equipe. Mas o caso não acabou aí. Isso terminou apenas no tribunal, quando a polícia acabou admitindo que havia me dado permissão para ir naquela direção. É claro que toda essa história parece incrível, mas eu entendo a polícia: havia um mar de carros e eles tinham que cuidar de todos. Em resumo: acorde na hora certa”.
No entanto, o mais surpreendente é que essa não é a história completa. No início dos anos 1990, quando não havia comunicação por celular, a equipe Lotus, é claro, não sabia porque o piloto não havia chegado à pista no domingo de manhã. De qualquer forma, os carros tinham que ser checados antes da corrida; assim, durante o aquecimento de uma hora, Johnny Herbert, o único piloto da equipe que não estava atrás das grades, testou os dois carros.
Em uma entrevista ao canal Eurosport, pouco antes do início da corrida, Mika disse com um sorriso no rosto: “Felizmente agora já deixamos essa história para trás e posso me concentrar na corrida. Johnny checou os dois carros pela manhã. Segundo ele, o meu era melhor, mas acho que agora eles são os mesmos. Pelo menos ele afirmou que ambos são muito rápidos e bem equilibrados em curvas rápidas”.
O próprio Herbert, lembrando a história no canal Sky Sports, acrescentou: “Mika desceu o lado errado da estrada, já que estava um pouco atrasado, e correu da polícia. Eu tive que dirigir os dois carros e, para o meu aborrecimento, o dele estava quatro décimos mais rápido que o meu”.
“Como não tinha certeza de que ele sairia da prisão, perguntei à equipe se poderia trocar os carros”.
No final, cada piloto da Lotus andou com seu próprio carro, mas com resultados diferentes: após um bom começo, o carro de Johnny parou com uma falha na caixa de câmbio, enquanto Hakkinen terminou em sexto, marcando um ponto.
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