Sette Câmara: "tento não pensar na F1"

O brasileiro Sérgio Sette Câmara disputa em 2019 sua terceira temporada na Fórmula 2. Neste ano, o jovem mineiro corre pela equipe DAMS. Sette Câmara também é piloto de testes da McLaren na F1. Para cumprir os pré-requisitos de entrada no grid da categoria de elite, ele precisa terminar o campeonato em quarto.

No entanto, Sette Câmara afirma que, para atrair o interesse das equipes da F1, precisa fazer mais do isso. O brasileiro deu entrevista exclusiva ao Motorsport.com e falou sobre sua avaliação da temporada, as dificuldades, o que precisa para evoluir e o que é preciso para chegar à F1 no futuro.

Qual sua avaliação da temporada até agora?

Tem sido uma temporada difícil. Tem demandado um enorme esforço da minha parte e de todos ao redor para lidar com as expectativas versus realidade. Mas eu estou muito feliz sobre a forma como eu reagi a isso, e especialmente com o quanto as pessoas próximas a mim me deram suporte para reagir. Isto mostrou o quanto essas pessoas querem o meu bem. Honestamente, é um dos anos em que mais aprendi, foi muito aprendizado muito neste começo de temporada.

O que você acha que precisa melhorar?

Eu não quero soar como se tivesse todas as respostas, mas eu acredito que uma das maiores razões por eu não ter ritmo foi porque o carro da DAMS requer um estilo de pilotagem diferente. Muito diferente do meu estilo natural, da forma como me sinto mais confortável. Foi como se eu tivesse que reiniciar. Precisei mudar completamente em relação à toda a experiência e rodagem que eu tive no carro do último ano [na Carlin].

Também há o ambiente do time. Leva tempo para você gostar das pessoas e elas gostarem de você ou para vocês falarem a mesma linguagem. Relacionamentos e comunicação estão no topo da lista de prioridades, e isto nasceu no começo da temporada. Se você melhorar relacionamento e comunicação, você pode resolver vários problemas.

E então, claro, você precisa de pessoas inteligentes e boas, mas isso eles têm, porque a DAMS é uma equipe de ponta e eles sabem como reagir. Mas é inútil ter pessoas inteligentes e capazes se você não consegue se comunicar e extrair o máximo deles.

Você é o terceiro na tabela, o suficiente para a superlicença. Como reage a isso?

No fim das contas, eu não passo meus dias pensando nisso. Acredito que mais do que a superlicença, o que você precisa mostrar para chegar à Fórmula 1 é que você é um piloto especial. Você precisa mostrar que é até mais especial do que os pilotos atuais são. Talvez eu termine o ano e não mostre que sou especial, então não será o suficiente. Você precisa fazer tudo bem feito e ser ao menos o terceiro, que é normalmente o que um piloto precisa.

Estou pilotando em um time de ponta na F2, tenho pessoas realmente muito bacanas ao meu redor, então estou apenas tentando aproveitar cada corrida e tirar o máximo de cada fim de semana, mas não vou ficar pensando sobre a superlicença, porque há variáveis demais. Isto é algo que poderia facilmente fazer alguém infeliz e eu não vou permitir algo assim.

E como estão suas expectativas sobre a Fórmula 1?

Eu quero ser campeão da F2. Mas o que eu digo é que quando você começa a pensar sobre a F1, você quase que inconscientemente também pensa na opinião de outras pessoas. Se você está passando por um momento de supervalorização na hora certa, você pode ir para a F1 mesmo sem merecer.

O que quero dizer é que chegar lá as vezes envolve a opinião que pessoas poderosas têm sobre você. E se eu der importância ao que pessoas que não trabalham comigo pensam, estarei indo na direção errada. Eu tento não pensar na Fórmula 1, porque isso pode te levar a ideias erradas.

Veja imagens de Sérgio Sette Câmara na DAMS e na McLaren em 2019:

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