F1: Por que Verstappen mostrou o dedo no meio nos testes do Bahrein? E para quem?
A FIA indica que, como o incidente do dedo médio ocorreu enquanto Max estava no carro, e não em entrevista oficial, eles estão deixando o assunto de lado

Quando Max Verstappen mostrou o dedo do meio ao passar pela garagem da Williams durante o teste da Fórmula 1 na sexta-feira no Bahrein, várias sobrancelhas imediatamente se levantaram no paddock. Até porque a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) anunciou recentemente repressão à conduta dos pilotos, e o número de pontos de penalidade de Verstappen o coloca em risco de ser banido de uma corrida na pior hipótese.
O piloto da Red Bull tem atualmente oito pontos de penalidade em seu registro. Qualquer piloto que acumule doze ou mais pontos em um período de doze meses enfrenta uma suspensão automática de corrida. Os dois primeiros pontos de penalidade de Verstappen não expirarão até 30 de junho, o aniversário de seu enrosco no GP da Áustria de 2024 com o inglês Lando Norris, que rendeu ao holandês uma penalidade de tempo de dez segundos e dois pontos de penalidade.
Imagens de televisão da manhã de sexta-feira no Bahrein mostraram claramente Verstappen levantando o dedo médio ao sair dos boxes, bem em frente ao muro dos boxes da Williams. O gesto parecia ser dirigido a um homem que estava do lado de fora do centro de comando da Williams, inicialmente confundido com um fotógrafo pelos comentaristas.
Especulou-se rapidamente que Verstappen estava expressando seu descontentamento com um fotógrafo intrometido que tentava capturar detalhes técnicos de seu RB21. No entanto, a realidade foi bem diferente. De acordo com informações do site irmão do Motorsport.com na Alemanha, o Motorsport-Total.com, o indivíduo em questão era o piloto júnior da Williams, Luke Browning, amigo de Verstappen.
Portanto, o gesto de Verstappen não foi uma repreensão desafiadora dirigida a um fotógrafo, mas sim uma saudação "amigável" a um velho conhecido. Isso não deixará Verstappen mais perto de uma proibição de corrida, pois a FIA confirmou que não investigará o incidente, após a conclusão dos testes.
Os dirigentes da FIA indicaram que, como o incidente do dedo médio ocorreu enquanto Verstappen estava no carro, e não em uma entrevista oficial, eles estão deixando o assunto de lado. Além disso, nenhum comissário é formalmente nomeado pela FIA durante as sessões de testes da F1.
As recentes medidas rigorosas da FIA contra o comportamento inadequado dos pilotos provocaram um debate acalorado. Um exemplo particularmente notável foi o piloto do Campeonato Mundial de Rally, Adrien Fourmaux, que foi multado em 10.000 euros por ter dito "we f****d up" em uma entrevista na TV.
O próprio Verstappen já teve sua cota de problemas com a FIA por causa de seu uso da linguagem. Em 2024, ele foi obrigado a prestar "serviço comunitário de automobilismo" na festa de premiação anual da FIA em Ruanda depois de usar a palavra "f****d", a mesma utilizada por Fourmaux, durante uma coletiva de imprensa oficial da FIA no GP de Singapura.
A nova abordagem linha-dura da FIA não foi bem recebida pela maioria dos pilotos e até levou a desentendimentos entre a Associação de Pilotos de GPs (GPDA, na sigla em inglês) e o presidente não tão popular da FIA, Mohammed ben Sulayem. A postura rígida da FIA também pode ter contribuído para as vaias no evento de lançamento da F1 em Londres, quando a apresentadora Laura Winter mencionou a organização.
Até o próprio Max pediu uma abordagem mais moderada: "Honestamente, não acho que seja necessário aplicar as regras dessa forma. Acredito que precisamos de um pouco de bom senso aqui". Ele acrescentou que a percepção pública da posição da FIA sobre o assunto diz muito.
"Eu entendo que não podemos xingar o tempo todo. Como pilotos, entendemos isso. Mas no calor do momento, quando você está sendo entrevistado ou ainda no carro, a adrenalina pode tomar conta, e algo pode escapar. Somos adultos. Isso não deve ser levado tão ao pé da letra", afirmou o astro da Red Bull.
As recentes punições da FIA - aplicadas mesmo quando um piloto não estava insultando ninguém, mas apenas expressando frustração com seu carro ou desempenho, como visto nos casos de Verstappen e Fourmaux - têm pouco apoio dentro do paddock da F1. Até mesmo o chefe da equipe Mercedes, Toto Wolff, se opõe à FIA nessa questão.
"Nenhum de nós incentiva esse tipo de linguagem", disse ele. "Somos modelos de conduta e, embora as pessoas possam rir disso, eu nos vejo como representantes de um esporte com um certo caráter cavalheiresco. Representamos a alta tecnologia, a precisão e, nesse sentido, somos diferentes de muitos outros esportes populares".
"Nosso esporte tem uma elegância inerente, semelhante à do rúgbi, em que insultar um oficial seria impensável. Portanto, devemos nos abster de insultar os oficiais - isso não é negociável. A FIA deve defender isso, está claro. Devemos ter respeito pelos competidores, oficiais e até mesmo dentro da própria equipe: ninguém deve ser insultado, nem um companheiro nem um rival na pista. Ao mesmo tempo, há uma distinção crucial na forma como certas palavras são usadas", iniciou a ponderar Wolff.
"Se a palavra "F" for dita por frustração em relação ao próprio desempenho ou como uma reação emocional espontânea, isso é uma coisa. Mas se ela for dirigida a outro piloto, a um oficial ou à própria equipe, então é inaceitável e deve ser proibida", argumentou o comandante e CEO da Mercedes na F1.
"É claro que não queremos reprimir as emoções dos pilotos. Padrões diferentes se aplicam em uma coletiva de imprensa ou em uma entrevista. Mas no cockpit, desde que não seja um insulto direto ou desrespeito a outra pessoa, eu deixaria passar. Mas essa é só minha opinião pessoal", completou Toto.
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