ANÁLISE: F1 pode estar perto do próximo "choque" do mercado de pilotos
Se hoje o mercado de pilotos está muito quieto, logo mais a situação pode ser bastante diferente...
Há exatamente um ano, o fim de semana do GP da Holanda de Fórmula 1 foi colocado em segundo plano, graças a um dos mercados de pilotos mais explosivos que tivemos recentemente.
O marco zero foi o anúncio da aposentadoria de Sebastian Vettel, que abriu uma caixa de pandora no paddock, levando à ida de Fernando Alonso para a Aston Martin, a briga da Alpine e da McLaren por Oscar Piastri e sua resolução, que veio durante a etapa de Zandvoort.
Mas, assim como a ação na pista da F1 em 2023 não é tão emocionante quanto em 2022 (pelo menos na frente), o mesmo acontece com o mercado de pilotos e a silly season, que não tem sido marcada pelos fortes rumores.
Tudo aponta para mais do mesmo em 2024, com as principais vagas parecendo já garantidas. Com Red Bull, Ferrari, Mercedes - considerando a renovação de Lewis Hamilton - McLaren, Aston Martin, Alpine e Haas já tendo resolvido suas situações, o ponto-chave do mercado gira no fundo do grid.
E a situação ali não mudou muito: a Alfa Romeo (que volta a ser Sauber em 2024) ainda precisa decidir se seguirá com Zhou Guanyu, enquanto a AlphaTauri vai poder analisar mais seriamente Liam Lawson além de suas ponderações sobre Yuki Tsunoda e Daniel Ricciardo.
A vaga de Logan Sargeant na Williams também surgiu como chave, tendo vários pilotos interessados, com rumores de Mick Schumacher e Felipe Drugovich. Porém, após o chefe James Vowles afirmar que tem todos os motivos para manter o americano caso ele siga reduzindo a diferença para Alex Albon, a situação pode ser diferente.
Logan Sargeant, Williams FW45
Photo by: Simon Galloway / Motorsport Images
"O ritmo de aprendizado tem que aumentar agora", disse Vowles em Zandvoort. "Ele está ciente disso, e acho que ele é mais maduro do que aparenta. Ele sabe que, à sua frente, está uma carreira e uma jornada que ele pode controlar. E nosso trabalho é apoiá-lo nessa jornada em vez de puni-lo".
Mas enquanto na superfície as coisas podem parecer ok, o paddock da F1 sempre foi um ambiente político carregado e que pode se mexer rapidamente. Isso significa que, quando você menos esperar, algo pode acontecer e jogar tudo pelos ares.
É por isso que é intrigante ouvir de fontes confiáveis no paddock rumores de que, nas últimas semanas, a Aston Martin vem sondando vários pilotos sobre sua disponibilidade futura, já que o mercado de 2025 parece bem aberto.
Na verdade, mas é importante ler isso com parcimônia, estas sugestões dizem que a mudança pode até vir em 2024, caso as coisas deem certo.
Fontes sugerem que, entre os pilotos sondados por Martin Whitmarsh, CEO do Grupo Aston Martin, estão Lando Norris e Charles Leclerc. Ambos estão fechados com suas equipes no momento, com o contrato do monegasco indo até 2024 e o britânico 2025, então qualquer tipo de contato pode ter envolvido um simples raciocínio para o futuro.
Igualmente, há um consenso sobre a silly season da F1 que é obrigação das equipes falarem com todos os pilotos e saber se estão disponíveis, se não não estão fazendo seu trabalho direito. Então essas conversas não significam necessariamente um grande interesse.
Porém, apenas a abordagem (não importa o quão informal) em um estágio no qual o mercado de pilotos parece tão calmo é intrigante por si só, porque isso vem em meio a discussões surgidas nos últimos dias sobre o futuro de Lance Stroll.
O canadense teve um ano desafiador, com as coisas não indo para o seu lado do mesmo jeito que deram para seu novo companheiro de equipe, Alonso, um dos destaques do ano. A equipe poderia estar em segundo no Mundial de Construtores, mas corre o risco de terminar em quarto caso Stroll não pontue com mais frequência, andando mais próximo do espanhol.
Lance Stroll, Aston Martin Racing AMR23, Fernando Alonso, Aston Martin Racing AMR23
Photo by: Erik Junius
E enquanto as conversas de Stroll trocar as pistas pelas quadras de tênis parecem risíveis, podemos chegar a um ponto de que, se a Aston Martin é séria quanto as suas intenções de ser campeã, ela vai precisar de dois pilotos entregando o máximo. Se isso não acontece, decisões precisam ser tomadas.
Alonso é uma estrela hoje mas, com 42 anos, a equipe sabe que ele não seguirá com eles por mais cinco ou dez anos, então é fácil entender porque eles precisam se colocar na dianteira do mercado de pilotos.
A questão real é: a Aston Martin está buscando um 'reparo' de curto prazo, alguém para ficar por muito tempo, ou ambos? E, no final das contas, alguém precisa dar o primeiro movimento do mercado de 2025, porque nenhuma equipe quer se ferrar nesse processo.
Em meio a tudo isso, ainda temos a confusão de Álex Palou na Indy, com o espanhol desistindo de ir para a McLaren em 2024 para seguir na Chip Ganassi. Como reportado recentemente pelo Motorsport.com, a Honda, que será parceira da Aston Martin a partir de 2026, foi um fator no caso Palou, conversando sobre a possibilidade de levá-lo para a F1.
Se Palou é visto como o futuro a longo prazo da Aston Martin, é improvável que uma equipe com o objetivo de ser campeã imediatamente com a Honda acha que isso seja possível com um novato na categoria. Isso poderia implicar em um entrada mais cedo: 2025, ou até mesmo 2024, por mais que seja improvável.
O desafio que a Aston Martin enfrenta para os próximos anos de acertar suas peças para o futuro é fascinante, e um que certamente seguirá pesando na mente de pilotos como Leclerc, cujas negociações com a Ferrari se aproxima.
E é útil nas negociações com sua equipe atual saber que há outras interessadas em você. Falando antes da pausa de verão, Leclerc deixou claro que seu principal objetivo é seguir com a Ferrari, apesar do interesse óbvio pelo paddock.
Charles Leclerc, Ferrari
Photo by: Ferrari
"Claro, acho que cada piloto considera suas diferentes opções, assim que eles sabem da possibilidade. Mas tenho um grande amor pela Ferrari. E meu primeiro objetivo, meu sonho maior, mais do que qualquer coisa, é ser campeão mundial com a Ferrari".
Mas, para qualquer piloto na posição de Leclerc, ter um plano B é essencial caso esses "primeiros sonhos" não podem ser atingidos. E, visto pela forma recente, a Aston é uma opção realista.
E enquanto a ideia de uma mudança chocante de pilotos para 2024 envolvendo Aston Martin e um grande nome como Leclerc ou Norris parece inconcebível, o mercado do ano passado nos ensinou que apenas os bobos descartam completamente o inimaginável.
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