Kanaan: 'Muitas chances' de ganhar as 500 Milhas de Indianápolis
Brasileiro também falou das expectativas da Foyt para a Indy 2019, do retorno de Laguna Seca, de aerodinâmica e do companheiro Matheus Leist
Com a temporada da IndyCar prestes a começar neste domingo, no GP de St. Petersburg, Tony Kanaan vai para seu 22º ano na categoria. O veterano da AJ Foyt falou com exclusividade ao Motorsport.com (vídeo abaixo) sobre as expectativas para 2019, destacando as "muitas chances" de vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, já vencida pelo brasileiro em 2013. O piloto também comentou as regras aerodinâmicas do campeonato, a volta de Laguna Seca ao calendário, os objetivos de sua equipe e a relação com o companheiro Matheus Leist, também do Brasil. Confira:
500 Milhas de Indianápolis
Evento de esporte a motor mais importante dos Estados Unidos e uma das três provas da Tríplice Coroa do Automobilismo (as outras são o GP de Mônaco da Fórmula 1 e as 24 Horas de Le Mans), a corrida tem quatro vencedores brasileiros em sua história. Não à toa, o Brasil é o país que mais vezes teve pilotos no topo do pódio em Indiana depois dos EUA. Além de Kanaan, Hélio Castroneves (3), Emerson Fittipaldi (2) e Gil de Ferran venceram a mítica competição.
Em 2019, Kanaan quer melhorar suas estatísticas. E, segundo ele, o carro da AJ Foyt permite uma briga pela vitória nas 500 Milhas:
"A expectativa é andar bem, já que fomos bem nos ovais do ano passado. A gente tem chances, muitas chances, de ganhar as 500 Milhas. Estamos apostando todas as nossas fichas lá. No final de 2018, a gente focou muito nos ovais. Pelo nosso orçamento e pelo jeito que foi no ano passado, vão ser as nossas maiores chances. E como o AJ [Foyt, dono da equipe] venceu quatro vezes [o maior vencedor, junto de Al Unser e Rick Mears] em Indianápolis, a corrida que ele realmente quer ganhar é as 500 Milhas."
Tony Kanaan, KV Racing Technologies comemora
Photo by: Kenneth May
Laguna Seca de volta ao calendário
"Pra quem acompanha a Fórmula 1, é normal, não tem muita ultrapassagem. Não acho que vai ser uma pista que vai ter muitas ultrapassagens, mas pior que Sonoma não dá. Eu não queria dizer, mas com certeza vai ser melhor.
Não vai ser emocionante, mas é uma lenda no automobilismo. O Alex Zanardi colocou essa corrida mais no mapa quando ele fez aquela ultrapassagem no saca-rolha contra o Bryan Herta (veja no vídeo abaixo)."
Kit aerodinâmico da Indy
"Não mudaram nada, mas acho que vai ser um pouco melhor. Os fãs aqui nos Estados Unidos acharam que as corridas até ficaram tão emocionantes quanto antes. Pra gente é horrível, o carro é arisco, mas para os fãs as corridas ficaram boas. Acho que pra Indianápolis os carros vão ficar um pouquinho melhores.
A Firestone deu uma melhorada nos pneus pra dar um pouco mais de aderência pra nós. Eu acho que vai ser mais ou menos o mesmo formato do ano passado. Não acho que estava errado. Mas como piloto, considerando os carros que já guiei no oval, o kit novo é bem mais arisco e difícil."
Matheus Leist, A.J. Foyt Enterprises Chevrolet
Photo by: Michael L. Levitt / LAT Images
Equipe AJ Foyt
"Desde que eu entrei para a Foyt, meu objetivo é melhorar a equipe. A gente teve um ano difícil em 2018. Está sendo um processo lento, muito mais lento do que eu gostaria. Com a competitividade dentro da categoria, os ganhos são menores de um ano para o outro. Tem equipes crescendo, equipes colocando um carro a mais e isso vai colocando a gente um pouquinho mais para trás.
Temos um acerto muito bom de circuito de rua. Neles e nos ovais a gente vai andar muito bem. Nosso problema maior são os circuitos mistos. Não estou dizendo que a gente não queira melhorar nos circuitos mistos. Mas, na nossa realidade hoje, não temos potencial para poder brigar pelo campeonato. Não só em termos de patrocínio, mas de mecânicos e engenheiros."
O que melhorar?
"A gente precisa melhorar o carro e a equipe em geral. Temos sérios problemas em várias áreas. Contratamos o team manager da Ganassi, que ficou muito tempo comigo lá e ganhou cinco campeonatos com o [Scott] Dixon. A gente precisar ter mecânicos bons. Contratamos cinco mecânicos que trabalharam comigo na Andretti e na Ganassi. Também estamos tentando trazer um cara de amortecedor, precisamos melhorar os pit-stops.
Olhando de fora, alguém pode falar que a Foyt está na mesma. Mas não estamos na mesma. A gente está bem melhor, mas está todo mundo melhorando também. Nossa escala de melhoras está um pouco lenta. A realidade é essa. E a gente está aí, apostando as nossas fichas nos ovais.
A nossa situação é muito difícil eu analisar. Mais carros entraram, como o da Andretti. Então, acho que, tirando os circuitos ovais, se a gente conseguir andar entre os 12 primeiros, vai ser um resultado muito bom. Essa é a nossa realidade. Em termos de classificação, a gente está entre os 12 e os 15 primeiros. Estamos do meio para trás do grid no começo do ano, infelizmente."
AJ Foyt, A.J. Foyt Enterprises Chevrolet
Photo by: Michael L. Levitt / LAT Images
Matheus Leist
"Cresceu muito. É um desperdício o talento que ele tem com as dificuldades que temos. Eu esperava poder dar um equipamento melhor. Espero que eu tenha contribuído e que ainda contribua bastante. Ele é como um irmão, o que ele precisar de mim eu vou sempre ajudar.
Uma coisa que ele está aprendendo é a experiência de acertar um carro. Isso ele vai conseguir levar para o futuro. Carro bom qualquer piloto guia, eu quero ver é arrumar um carro ruim e fazê-lo ficar bom. E isso a gente teve bastante ano passado, então ele cresceu muito nessa parte técnica. E a experiência dos ovais eu consigo passar pra ele.
Desde que ele entrou na equipe, eu abracei como meu filho, meu irmão. É bom me ter ao lado porque não sou contra ele. O Matheus não é ameaça para mim e eu não sou ameaça para ele. Ele é um talento nato, me dá trabalho na pista e me mantém mais jovem, digamos assim."
Matheus Leist, A.J. Foyt Enterprises Chevrolet, Tony Kanaan, A.J. Foyt Enterprises Chevrolet
Photo by: Phillip Abbott / LAT Images
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