F1: Como a Aston Martin conseguiu o chocante acordo com Fernando Alonso
O espanhol já deu alguns choques em sua carreira na F1, mas o anúncio da mudança para a Aston Martin está entre os maiores
Com o paddock da Fórmula 1 empacotando suas coisas no Hungaroring na noite de domingo, todos os olhos se voltavam para a Alpine e as férias de verão, uma vez que se esperava algumas breves conversas para que a equipe garantisse um novo contrato com Fernando Alonso. Até o espanhol surpreender a todos e anunciar sua ida para Aston Martin.
O chefe de equipe da Alpine, Otmar Szafnauer, parecia relaxado ao concordar com a observação de Alonso no início do fim de semana onde o espanhol alegou que provavelmente levaria apenas dez minutos para que as coisas fossem resolvidas.
"Muito direto", sugeriu sobre como via as negociações se desenrolando.
Szafnauer insistiu que as grandes questões no centro de um contrato (incluindo a duração do acordo) foram todas resolvidas e era apenas uma questão de detalhe. Contudo, houve uma pausa intrigante quando lhe perguntaram se o dinheiro era ou não uma das principais áreas em que os dois interessados permaneceram distantes.
Ele respondeu: "Não apenas Fernando. Todo piloto que eu já negociei, teve a questão do dinheiro e outras coisas também.
"Mas, sim, por uma razão qualquer eles querem mais dinheiro e nós queremos pagar menos e depois, acabamos ficando em um lugar infeliz para todos ou um lugar feliz onde todos querem assinar."
No entanto, sem o conhecimento de Otmar, as rodas já estavam se movimentando em outro lugar. De fato, Alonso não continuaria as negociações com Alpine uma vez que ele já estava indo para Aston Martin. Após um fim de semana de intenso esforço por parte de Alonso e Aston Martin para manter o acordo em segredo, a negociação foi finalmente anunciada para o público na manhã desta segunda (01).
Quando Vettel revelou sua intenção de se aposentar, a Aston agiu rapidamente para garantir o melhor substituto possível
Photo by: Sam Bloxham / Motorsport Images
Por trás das câmeras, é entendido que a Aston Martin e seu dono, Lawrence Stroll, fizeram um trabalho duro por vários dias na tentativa de criar um pacote bom o suficiente para convencer Alonso a se comprometer sem precisar que isso se arrastasse até o verão. Foi uma mudança de planos dramáticas para a equipe. Por várias semanas, o foco da Aston Martin tinha sido continuar com Sebastian Vettel, mas sabiam que o alemão estava avaliando se continuaria ou não na F1.
A equipe se manteve leal a Vettel o máximo de tempo possível, mas quando o tetracampeão do mundo finalmente informou à equipe, na quarta-feira antes do GP da Hungria, que iria se aposentar, era de ciência da equipe que eles não poderiam ficar parados de braços cruzados e acabar com uma escolha de segunda categoria porque outras opções melhores foram escolhidas em outros lugares.
Foi por isso que a decisão de Vettel em se aposentar não foi mantida em segredo por muito tempo ao longo do campeonato. Foi um duplo benefício: tirar um peso duplo das costas de Vettel e dizer ao grid que uma vaga estava claramente aberta.
Como efeito, a Aston Martin se virou para o mercado de pilotos para descobrir quem estava disponível e se havia um interesse. Aqueles que quisessem o assento, obviamente, estariam em contato e Alonso foi um deles.
Para o espanhol, onde as conversas com a Alpine estavam em um pequeno impasso e precisam ser resolvidas durante o verão, ele se encontrou em uma situação onde saiu de um potencial novo contrato com a Alpine para um definitivo com a Aston Martin. Como tinha dito na quinta-feira, quando questionado se a Aston Martin era uma opção: "Todas as equipes são uma opção, uma vez que não tenham dois pilotos [com contratos] assinados.
"Minha prioridade é estar com a Alpine porque estamos trabalhando e desenvolvendo esse projeto juntos por dois anos. Nós estamos mais e mais competitivos e provavelmente meu desejo é ficar. Mas nós não nos sentamos completamente e avançamos com as coisas."
Alonso declarou publicamente sua intenção de permanecer com a Alpine além de seu contrato atual, mas ficou interessado quando a vaga de Vettel na Aston Martin ficou aberta
Photo by: Alpine
Em retrospecto, o uso da palavra 'provavelmente' é intrigante. É compreensível que nessa fase, não tenha acontecido conversas formais com a direção da Aston Martin. Mas, uma vez que as novidades sobre Vettel vieram à tona e a possibilidade de mudança se tornou genuinamente uma opção, as coisas avançaram incrivelmente rápido.
Na perspectiva da Aston Martin, era fácil fazer o que fosse preciso para convencer Alonso a se juntar - sabendo que havia uma janela estreita de oportunidade antes que ele se perdesse em outro lugar. Não podemos esquecer que há uma pequena história ente Stroll/Aston Martin e Szafnauer…
Pode ter havido opções de pilotos mais facilmente disponíveis para a equipe em outros lugares - como Mick Schumacher e Nico Hulkenberg - mas elas não se alinharam com o tipo de ambições que o proprietário da equipe tem para vencer campeonatos mundiais. E, no fim, enquanto a competitividade da Aston Martin na pista este ano não é grande, são as ambições do esquadrão em Silverstone que provavelmente falaram mais alto nas coisas para que Alonso finalmente se comprometesse.
Nenhuma outra equipe está passando por um salto de investimento e aumento na infraestrutura como a Aston no momento, que possuí novos investidores, mais parceiros tecnológicos e está se esforçando muito com seus novos planos na fábrica e no túnel de vento.
Para Alonso, um homem que é motivado a ganhar corridas na F1 e não simplesmente correr ali pelo pelotão intermediário, ele sabe bem que o dinheiro continua mandando no esporte e consegue ver potencial no que a Aston Martin está planejando para o futuro. A Alpine já passou por sua grande fase de investimento desde que a Renault voltou originalmente para assumir o time como uma equipe de fábrica e agora pode ser um caso de retornos decrescentes.
Claro que a Aston Martin pode muito bem ser uma grande aposta para Alonso que, aos 41 anos, provavelmente fez a última jogada de dados em sua carreira na F1 se ele realmente quer voltar à frente. Mas ele foi claro na Hungria, em algumas palavras proféticas que, fora das três grandes equipes agora, todo piloto está apostando em encontrar o lugar certo.
“Não há uma bola de cristal que você possa escolher”, disse ele sobre a necessidade de estar em um carro vencedor. “Acho que agora com esse conjunto de regulamentos, parece que Ferrari, Red Bull e Mercedes são as únicas equipes capazes de vencer corridas.
“Então, se você tiver uma oportunidade em 2023 com essas três equipes, tentará unir forças. Mas se não houver oportunidade, você só precisa confiar em alguns dos projetos, que eles talvez estejam desejando que sejam mais competitivos no próximo ano. Isso é tudo que eu espero.”
Alonso sabe que a Aston Martin é uma aposta, mas está convencido de que seu investimento significativo em infraestrutura o torna uma proposta vencedora mais provável do que a Alpine
Photo by: FIA Pool
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