F1: Newey está pronto para Aston Martin, mas a equipe está pronta para ele?
Adrian Newey é a maior contratação da Aston Martin até então, mas o time está pronto para extrair o máximo dele?
Foto de: circuitpics.de
A Aston Martin anunciou na manhã desta terça-feira a contratação do renomado designer Adrian Newey como uma mudança de 'patamar' da equipe na Fórmula 1.
Seus 12 títulos de construtores e os 13 campeonatos de pilotos vencidos em carros feitos por ele mostram o tamanho de sua influência. Mas, sucesso na F1 nunca depende apenas de uma pessoa. Os maiores gênios do mundo nunca teriam alcançado o sucesso se eles não tivessem as pessoas e a infraestrutura correta do lado.
Mesmo alguém tão brilhante como Newey precisa ter acesso às instalações e às tecnologias mais modernas, além de ter ao seu redor uma equipe altamente calibrada para transformar ideias e orientações em realidade.
Isso é algo que Adrian está mais do que ciente, e provavelmente explica porque ele queria fazer uma visita à fábrica - de forma secreta antes do GP da Espanha - para ver por ele mesmo o que a Aston Martin poderá oferecer.
Então, a Aston Martin, que está passando por um momento complicado na pista neste momento, está apta para oferecer a Newey o ambiente que ele precisa para prosperar? Adrian não fingiria nem por um segundo que ele é capaz de, milagrosamente, cair de paraquedas em uma equipe e, sozinho, projetar, criar e construir um carro vitorioso.
Não cabe a ele projetar cada porca e parafuso de um carro de F1, mas ele é capaz de pensar de forma mais ampla, desafiando áreas que ele acredite não estar em sua altura e ficar um passo à frente da oposição.
Como o diretor técnico da Red Bull, Pierre Wache, disse sobre a contribuição de Newey: "No dia-a-dia, ele não faz parte do nosso processo. Ele vem mais de fora e tenta nos ajudar ou nos desafiar em diferentes aspectos da equipe - pode ser no design mecânico, aerodinâmico ou na dinâmica do veículo".
Foto de: Simon Galloway / Motorsport Images
Para que Adrian seja bem-sucedido nesse papel, ele precisa de um time forte ao seu redor, que seja capaz de manifestar sua visão - e que seja confiável para realizar o que ele deseja. Ele tinha isso na Red Bull e a Aston Martin, certamente, colocará pessoas de alto calibre para entregar isso a ele também.
Com o diretor técnico Dan Fallows, nome no qual ele trabalhou na equipe de Milton Keynes anteriormente, e com talentos de qualidade como o diretor de engenharia Luca Furbatto, o recém-contratado Enrico Cardille, o diretor executivo Bob Bell e o novo CEO Andy Cowell, há uma grande quantidade de talentos que podem ser utilizados.
Algumas pessoas sugeriram que poderia ser difícil encaixar Newey em uma estrutura que parece ser bastante complicada, mas a Aston Martin pensa diferente: a profundidade de talento é algo que pode ajudar Adrian a tirar o melhor de si.
O chefe de equipe, Mike Krack disse: "A Fórmula 1 hoje em dia é tão ampla. Não é como se você precisasse fazer grandes mudanças. Houve um tempo em que uma equipe tinha sete diretores técnicos e acredito que estamos muito longe disso. Acho que, para alguém assim, você precisa fazer um certo esforço para integra-lo e ajustar a sua estrutura para conseguir o melhor resultado."
Em termos de ferramentas à disposição, o início de Newey na próxima primavera encaixa perfeitamente. A Aston Martin já está bem instalada em sua fábrica de última geração em Silverstone. Não há dúvidas que houve um momento conturbado na mudança da antiga instalação da Jordan para o novo prédio, mas isso já é passado.
O mais importante é que, quando Adrian se juntar, o túnel de vento estará pronto e funcionando. Furbatto explicou recentemente que o novo túnel está pronto para operação, mas precisará de uns meses de comissionamento para ter certeza que ele é totalmente preciso antes do trabalho começar verdadeiramente.
"Haverá um momento em que você terá que fazer uma coisa chamada comissionamento para garantir que o fluxo está chegando ao modelo da forma que queremos e assim por diante", disse. "Isso deverá levar cerca de dois ou três meses para ser resolvido e acho que será ideal para o desenvolvimento do carro de 2026, que será iniciado em janeiro de 2025".
Foto de: Andy Hone / Motorsport Images
Esse é um período de tempo que se encaixa perfeitamente com a chegada de Newey, pois ele e a equipe poderão começar a trabalhar desde o primeiro dia. Existe outro bom aspecto no timing da chegada de Adrian, é o fato dele estar se juntando a uma equipe que ainda tem espaço para mudar e evoluir ao seu redor, já que nada é definitivo.
Não há dúvida de que a Aston Martin é uma equipe que está crescendo e se desenvolvendo - portanto, está em um ciclo diferente das equipes mais estabelecidas, como Red Bull, Mercedes e Ferrari. Como explicou Furbatto: “Acho que não se deve subestimar o fato de que, como equipe, estamos desenvolvendo um carro, mas também desenvolvendo instalações. Imagine que você tem um limite orçamentário e, digamos, pode pagar 1.000 pessoas. Se você é da Mercedes, Ferrari, Red Bull ou McLaren, por exemplo, você tem instalações estabelecidas."
“É uma questão de instalar efetivamente o carro no túnel ou rodar na plataforma e assim por diante. Mas, no nosso caso, estamos desenvolvendo uma instalação ao mesmo tempo, portanto, uma porcentagem dos engenheiros está trabalhando para garantir que tenhamos um túnel de vento de última geração. Temos que colocar o túnel em funcionamento. Temos que ligar as instalações."
“Portanto, se fizermos uma analogia com as 1000 pessoas, talvez 800 estejam trabalhando no carro e 200 no desenvolvimento das instalações. Acho que isso vai melhorar muito, porque os prédios dois e três [da fábrica] estão concluídos, e agora temos as ferramentas disponíveis. Espero que vejamos resultados positivos em 2025, mas acho que nosso maior efeito será em 2026.”
Todos esses elementos de equipe e ferramentas se combinam para sugerir que, na próxima primavera, Newey encontrará ao seu redor exatamente o que precisa para prosperar. E essas são as mesmas coisas que convenceram Fernando Alonso de que a Aston Martin é o lugar certo para estar - mesmo que ele saiba que isso levará tempo.
“Acho que há algumas ideias e algumas evidências de coisas que fizemos bem, coisas que talvez não tenhamos entendido na primeira tentativa”, explicou o espanhol recentemente. Estou confiante de que temos o talento na equipe, temos a motivação, temos agora a nova fábrica e também temos novas pessoas chegando."
“Infelizmente, na F1, você não pode mudar as coisas da noite para o dia, mas não vamos parar de trabalhar até chegarmos a uma posição competitiva.”
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