Mercedes domina GP da Rússia desde antes da 1ª Guerra Mundial; entenda

Neste fim de semana, Sochi será palco de um GP de Fórmula 1 pelo sexto ano consecutivo, no entanto, o evento marca a celebração do oitavo Grand Prix da Rússia. Mas, se a F1 só pisou 5 vezes no gelado país de dimensões continentais, onde estão as outras duas corridas desta conta?

O circuito de Sochi foi construído como um traçado integrado ao Parque Olímpico da cidade, que foi palco dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, competição marcada pelo domínio russo no quadro de medalhas. A pista recebeu a F1 pela primeira vez no mesmo ano, com triunfo de Lewis Hamilton.

Mas se a Rússia foi imbatível nas olimpíadas disputadas em seu território (já que também levou a melhor em 1980) e conseguiu impedir que Napoleão Bonaparte e Adolf Hitler conquistassem seu povo, a terra dos Czares e dos camaradas sucumbiu não para a força, mas para a velocidade alemã.

Grand Prix dos Czares

Quem não conhece tanto o universo do automobilismo, talvez não saiba, mas as competições em corridas únicas, batizadas de Grand Prix, existem desde o século XIX, com diversas cidades e traçados recebendo corridas praticamente desde a invenção do automóvel.

E como sinal de sua expansão industrial, a Rússia do Czar Nicolau Romanov II, decidiu sediar duas dessas provas em Moscou, a primeira em 1913 e a segunda e última até um século depois, em 1914. Os 100 anos de ausência não são por acaso.

O GP da Rússia de 1914 aconteceu pouco mais de um mês antes de eclodir a Primeira Guerra Mundial, que em um primeiro momento impossibilitou as corridas no país por conta do conflito e mais tarde por conta da revolução comunista, que afastou o país do automobilismo.

A primeira prova realizada na terra dos Romanov, foi vencida por um conterrâneo do Czar, Georgy Suvorin, único russo a vencer no país até hoje. Suvorin foi acompanhado de outro compatriota no pódio, Ivan Ivanov, que terminou em segundo. E talvez mais curioso, seja o carro que cruzou a linha de chegada em primeiro, mas esta é uma história par ao próximo bloco.

Veja imagens dos russos que fizeram dobradinha em 1913

^{Revista Niva nº 25 de 1913}

^{Revista Niva nº 25 de 1913}

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Em 1914, outro russo terminou a prova no segundo degrau do pódio, era Stepan Ovsyannikov, que saiu derrotado pelo alemão Willy Scholl. O pódio desta corrida, foi um presságio do que viria a acontecer um mês depois. O primeiro colocado, um alemão, seguido de um russo e de um italiano (Eugenio Beria d'Argentine).

Alemanha e Itália eram aliadas militares há mais de 20 anos quando a guerra começou, no entanto, os italianos se recusaram a apoiar a Alemanha e acabaram juntando forças com o grupo que tinha a Rússia como membro. Portanto, existe uma coincidência no pódio da prova de 1914 – A bandeira da Itália e da Alemanha separadas e a Rússia entre eles.

Benz, Mercedes Benz

Outra curiosidade impressionante é que uma coisa não mudou com um século entre as duas primeiras corridas e a retomada do país à elite do automobilismo. Independentemente da nacionalidade do piloto vencedor, ele triunfou em um carro Benz, ou Mercedes Benz.

Suvorin conquistou a vitória do primeiro GP da Rússia a bordo de um Benz 29/60 Hp. Este foi o único triunfo da marca alemã entre os seis grandes eventos disputados naquele ano. Em 1914, Scholl também venceu com um Benz, mas em uma versão mais potente, com Benz 55/150 hp.

Em 1926, a Benz se fundiu a outra empresa alemã, a Daimler, que tinha a série Mercedes como a mais importante de sua linha de veículos. Desde a fusão, as companhias decidiram que todos os veículos produzidos levariam o nome da linha de sucesso, mais a nova marca. Assim surgia a Mercedes – Benz.

A série Mercedes levava esse nome em homenagem a filha do empresário por trás da criação dos veículos esportivos. Emil Jellinek encomendou o primeiro carro da linha e mais tarde criou a marca, usando o apelido de sua filha Mercedes Jellinek. A menina Mercedes era filha do alemão com uma francesa, Rachel Goggmann.

Em 2014, quando Lewis Hamilton venceu a etapa inaugural de Sochi, pilotava um carro produzido justamente pela Mercedes, feito repetido pelo britânico em 2015 e 2018. A fabricante alemã ainda venceu as outras duas corridas disputadas na cidade litorânea, em 2016 com Nico Rosberg e em 2017 com Valtteri Bottas.

Portanto, a icônica marca de veículos possui 100% de aproveitamento em território Russo. São oito triunfos em oito Grandes Prêmios. Red Bull, Ferrari e até a Williams já chegaram ao país cotadas para retirar a coroa dos alemães. Mas se a tradição realmente for algo que pesa na F1, quem vai vencer neste fim de semana, estará guiando uma Mercedes Benz.

Veja todos os vencedores do GP da Rússia na F1:

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