Vettel: F1 deve se perguntar se dinheiro vale mais que ética
Tetracampeão falou sobre decisão da F1 de correr em países com registros de direitos humanos questionáveis
A adição dos GPs da Arábia Saudita e do Catar trouxeram novamente à tona preocupações sobre regimes autoritários com registros ruins de direitos humanos usando o esporte como uma cortina de fumaça. E para Sebastian Vettel a Fórmula 1 precisa se juntar a outras modalidades, se perguntando se o aumento de renda se sobrepõe a uma 'bússola moral'.
Os chefes da F1 e a FIA argumentam há anos que o esporte precisa se manter neutro, e que correr em locais como esses pode ter um impacto positivo ou destacar problemas em potencial.
Mas Vettel acha que chega um momento em que o esporte precisa tomar uma decisão em termos morais, e não apenas no aumento da receita.
Falando com veículos de imprensa selecionados, incluindo o Motorsport.com, em uma entrevista ampla sobre direitos humanos, sustentabilidade e tolerância, Vettel disse que os lucros não podem ser o único fator para decidir onde realizar eventos.
"Acho que o problema é que, no final das contas, somos um esporte e, igual a um país, somos governados por indivíduos. Indivíduos têm suas próprias opiniões e trajetórias, então acaba sendo difícil".
"Acho que temos que encontrar as pessoas perfeitas para governar nosso esporte, e aí aplicar o caminho correto adiante. Há mais do que apenas interesse, há também um grande interesse financeiro. Mas acho que chega um ponto em que você precisa se perguntar, e quem comanda também precisa perguntar: você tem ética?".
"Tem algo que te leva a dizer não? Ou você apenas diz sim para qualquer acordo que surgir, mesmo que pelos motivos errados? Acho que essa é a questão maior que o pessoal no comando precisa se perguntar".
Neste ano, Vettel tem sido um importante ativista no esporte em diversos assuntos, incluindo sustentabilidade e direitos LGBTQIA+.
E enquanto a F1 vem reforçando a campanha #WeRaceAsOne (Corremos como um), Vettel acredita que o esporte precisa ir além das palavras, colocando ações também, e não apenas uma cerimônia simples antes de cada corrida.
"Acho que há certos tópicos que são muito grandes para negligenciar. Acho que todos concordamos que, e isso não importa de onde você vem, o justo é tratar as pessoas igualmente. Acho que, obviamente, há países com regras distintas em vigor, governos diferentes, históricos diferentes".
"Agora, não posso falar por todos os países e ser um especialista, porque não sei. Mas, obviamente há certos aspectos em certos países que penso sobre. Vamos para alguns desses lugares, e colocamos um tapete com boas mensagens. Mas acho que são necessárias mais do que apenas palavras. Ações são necessárias".
Sebastian Vettel, Aston Martin
Photo by: Glenn Dunbar / Motorsport Images
Questionado se a F1 deveria ser mais militante, Vettel disse: "Não sei qual é exatamente o melhor modo de comunicar além de uma bandeira que fica na beira da pista por alguns minutos".
"Mas certamente sinto que nosso esporte pode aplicar muito mais pressão, e pode ser de uma ajuda imensa a espalhar a igualdade pelo mundo".
"Porque, no fim, acho que não é correto julgar as pessoas ou aplicar certas leis e diferenciar pessoas porque elas amam outro homem ou uma mulher que ama outra mulher em vez de um homem".
"Acho que qualquer forma de separação é errada. Imagine se todos os carros fossem os mesmos na Fórmula 1. Seria chato, não apenas a mesma cor, mas também peças aerodinâmicas. Agora, indo mais para nossa linguagem, seria muito chato, nunca teríamos progressão".
"E o mesmo vale para nós. Acho que teríamos evoluído muito como seres humanos, porque todos somos diferentes de certo modo, e acho que devemos celebrar as diferenças, em vez de temê-las".
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