MotoGP: Como Quartararo trabalhou em sua saúde mental após um difícil 2023

Campeão de 2021 encontrou certa calma em um complicado 2023 após uma primeira metade de ano bem negativa

Fabio Quartararo, Yamaha Factory Racing

Quando estava próximo do fim da temporada 2023 da MotoGP e foi questionado sobre o stress que havia sentido durante a campanha, um tranquilo Fabio Quartararo admitiu que 2020 e 2021 haviam sido "muito mais estressantes" que o ano que acabava em Valência. O francês inclusive brincou que a falta de expectativas até havia ajudado.

"Nos últimos dois ou três anos, me estressei muito mais por causa dos resultados no campeonato. Quando se é o primeiro ou segundo no geral, o stress é muito maior. Neste momento, não estou disputando nada, só tento fazer o melhor possível e obter os melhores resultados".

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O francês teve, sem dúvidas, um ano muito difícil, mas diz ter saído com uma experiência que merece ser valorizada. De um ponto de vista humano, é consciente do longo caminho que percorreu em termos de gerenciar suas emoções, trabalhar sua saúde mental, após viver uma primeira metade de campeonato bem negativa.

"Antes, quando voltava de uma corrida, ficava em casa quatro, cinco dias, muito deprimido", disse ao Motorsport.com. "Não disfrutava da vida. Me perguntava porque as coisas não funcionavam, porque não conseguia voltar, porque nada melhorava".

"Havia um lado muito negativo. Inclusive, quando não estava competindo, sempre tinha pensamentos negativos. Mas agora, independente do que aconteça no domingo, seja um resultado bom ou ruim, me desconecto na segunda. Quero me divertir com minha família, meus amigos, treinar, ter uma boa saúde. Essa é a principal diferença".

Isso não quer dizer que ele ignora os resultados: "Claro, quando estou em um final de semana estou focado porque quero ser o melhor. Mesmo que seja para subir de oitavo para sétimo, darei meu melhor. Francamente, poderia dizer que não muda nada, mas essa é a minha mentalidade".

Essa paz que encontrou ao longo de 2023 mostra o caminho que Quartararo percorreu no passado. Em seus anos de Moto2, as dificuldades o levaram a buscar um psicólogo desportivo. Da mesma forma, após 2020 na MotoGP, quando viu suas esperanças de conquistar o título desmoronarem, se deu conta que precisava aprender a canalizar suas emoções, e voltou a buscar ajuda de um psicólogo.

Fabio Quartararo, Yamaha Factory Racing

Photo de: Gold and Goose / Motorsport Images

Fabio Quartararo a terminé dixième du championnat en 2023.

Mesmo assim, nem sempre é fácil controlar a frustração que os resultados podem causar. O francês admitiu que se deixou desconcentrar no começo de 2022 quando as coisas não iam como esperava com a Yamaha, e isso se repetiu nesta temporada, enquanto exigia progressos à montadora. Mas soube que era preciso reagir e adotar uma visão mais positiva.

"Meu problema era me irritar muito rapidamente. E por tudo, mas principalmente pelo esporte", disse ao podcast oficial da MotoGP. "Estar mais calmo me ajudou a transmitir melhor minha opinião aos mecânicos e mesmo em minha vida".

"Nunca faltei com respeito e nunca fiz nada feio. Mas gritava, e se você grita por meia hora, o mecânico nunca vai entender nada. É preciso dizer o que não funciona. É preciso pensar na área que você quer melhorar, seja frenagem, aceleração, curvas. É algo que precisei aprender. Aprendi isso com meu treinador mental e, neste ano, sempre tentei me manter positivo em situações negativas".

Quartararo já vivenciou dificuldades no passado, mas a magnitude do baque atual se multiplicou por dez devido ao título da MotoGP.

"Na Moto3 nunca ganhei. Fui segundo, terceiro, quinto, mas nunca saboreei a vitória. Na Moto2 ganhei duas corridas, na minha opinião! [Ele foi desclassificado na segunda]. E na MotoGP sempre lutei por vitórias, pódios e títulos. Saboreei e senti o que é estar na frente. E, de um ano para o outro...".

"2022 foi muito duro. Nunca esperava ficar no top 3 no final, mas neste ano foram três pódios e nenhuma vitória, mesmo com as corridas sprint. Mentalmente foi muito difícil, especialmente a primeira metade. Nunca aceitava a posição que terminava. Me irritei muito".

"Após as provas, ia pra casa e, como estava decepcionado, não curtia a vida. Depois, determinei que daria 100% de mim, curtiria o resultado, independente de qual fosse e, após o final da corrida, desconectaria e curtiria um tempo em casa".

"Como pessoa, sou um vencedor, não quero me render. É algo que nunca farei. Inclusive, quando você está em uma situação na qual sabe que não pode lutar pela vitória, sigo acreditando que tenho que sou capaz. Independente da posição, sempre quero terminar na frente. Não sei quando isso vai acontecer, mas estaremos lá novamente, tenho certeza disso".

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Léna Buffa
MotoGP
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