Ricciardo: "Max me levou a outro nível"
Australiano da Red Bull fala sobre carreira, a frustração em Mônaco, a convivência com Max Verstappen e o seu futuro na F1
Em bate-papo exclusivo com o Motorsport.com, Daniel Ricciardo fala sobre a frustração de ter perdido uma vitória certa em Mônaco, como é ser companheiro de equipe de Max Verstappen e por que, às vezes, gostaria de estar envolvido em outro esporte.
O que é mais frustrante para você como esportista, não poder lutar por vitórias ou perder grandes chances como a que aconteceu em Mônaco neste ano?
Provavelmente as oportunidades perdidas, especialmente em um momento em que elas são raras. Se fosse com Lewis, por exemplo, em uma semana ele provavelmente teria outra chance de vencer, então seria mais fácil deixar para lá.
Então é preciso agarrar todas as chances, ainda mais quando são poucas...
Sim, certamente. Acho que Mônaco foi uma grande frustração. Mesmo Barcelona, a oportunidade estava lá. Os pilotos da Mercedes estavam fora, então você pode não ter outra chance, portanto faça o que você tem de fazer. Naquele dia eu senti que fiz tudo o que podia e obviamente não funcionou. Daí viemos para Mônaco. Pensei, 'bem, é sua segunda chance'. De novo fiz tudo o que podia. Coloquei o carro na pole e daí sabemos o que aconteceu. Então aquilo foi frustrante pois foram duas semanas seguidas em que tive chances e não ganhei nada.
Eu tenho guiado bem desde o início da temporada, mas não ganhei nada. E na verdade todos falam sobre Max. Então foi uma combinação de diversas coisas. É frustrante.
Mas ao mesmo tempo é assim que as coisas são. É esporte. É individual, mas com trabalho de equipe. Você precisa depender de outras pessoas e fatores. Você também olha para trás, quando faziam bons pit stops. Enfim, você nunca quer ser como um bebê mimado, mas às vezes é difícil simplesmente deixar para lá.
O público está acostumado a te ver risonho e feliz. O quanto você bate a mão na mesa?
Diria que o suficiente, mas não fico doido. Nunca joguei uma cadeira ou algo assim pois, para mim, isso pode virar um conflito. Eu não acredito que ter uma discussão ou gritar com as pessoas no escritório dos engenheiros vá ajudar em alguma coisa.
Depois de Mônaco, eu estava tipo 'se eu for à sala dos engenheiros será como se alguém morresse. Ou eu perderia a linha ou nada produtivo seria dito, então é melhor não ir. Simplesmente fui embora. Provavelmente prefiro fazer isso do que ir xingar alguém.
Você acha que seu desempenho no Q3 da Espanha foi especial, em outro nível?
É interessante, pois naquele ponto eu sabia que ainda não havia conseguido colocar tudo junto na minha volta. Mas aquela volta me surpreendeu.
Acho que é do corpo humano. Você acha que pode estar em seu limite, mas às vezes não está. É como com Daniil [Kvyat]. Sempre imaginei que eu estivesse dando tudo, mas daí chegou o Max. Naquele Q3 eu realmente senti que consegui algo a mais. Provavelmente desde então nós dois encontramos um outro nível.
Você completou 100 GPs na Alemanha. O tempo passa na carreira. Há alguma impaciência?
Às vezes, há. Depois de Mônaco fiz alguns comentários de que tenho 27 anos e não ganhei nada. Acho que é apenas o competidor e o desejo aparecendo. Ao mesmo tempo olho para outros caras. Alonso ganhou dois (títulos) seguidos e agora não consegue nada em 10 anos. Então não sou o único nessa posição. Mas acho que afeta aquilo que você acredita ou acha que é capaz.
Parte de mim às vezes gostaria que eu fizesse um esporte diferente, algum em que você sempre pudesse mostrar sua verdadeira capacidade. Como tênis. Não há desculpas ali. É você, uma raquete e a bola e é bem simples. Às vezes fico frustrado com o esporte (F1) pois é tão complexo.
Num dia posso terminar em quinto, mas me sentir como se tivesse guiado melhor do que qualquer um. Mas isso não aparece. As coisas são assim. Obviamente escolhi esse esporte. Essa é minha vida e eu amo isso. Me dei conta que terei de lidar com algumas tempestades no caminho. Mas ainda acredito que se mantiver meus olhos no título, conseguirei ganhá-lo.
Na segunda parte da temporada o desafio é superar a Ferrari?
Acho que essa é uma boa meta para nós. Claro, sei que talvez eu não vença nenhuma corrida até o final do ano. Vou tentar, mas não é uma garantia. Se eu puder ser o cara na cola da Mercedes, então trataria isso como uma vitória.
Claro que se estivermos à frente da Ferrari isso seria bom para os construtores. Obviamente que o Mundial de Construtores é importante financeiramente falando. Pode motivar a equipe a investir um pouco mais em alguma coisa.
Está gostando das disputas com Max?
Estou, estou. Como disse, acho que isso me levou para outro nível e Max está fazendo a sua parte. Como tenho dito, quero ser testado na F1. Claro que acredito que posso ser campeão do mundo, esse é meu objetivo. Mas se não conseguir, pelo menos poderei dizer 'OK, não sou o melhor do mundo, há alguém melhor do que eu'. Mas gosto de aprender.
E acho que Max é um ótimo desafio. Claro que ele tem muita boa vontade e carinho por trás. É um pouco como Seb [Vettel]. Se eu puder superar Max, acho que serviria para o meu aprimoramento.
O foco todo em Max às vezes incomoda?
Acho que fico até feliz de não ter de passar por isso. É complicado para alguém tão jovem. Ele é mais maduro do que tudo, tem lidado com isso há um bom tempo. Mas às vezes é bom estar um pouco no radar.
Claro que ele deve ser elogiado quando merece, mas eu também quero ter certeza de elogiado quando eu merecer.
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